Além
de fomentar a cultura e beneficiar artistas, LPG demonstra a
importância da economia criativa na preservação das tradições locais
A
rica relação cultural e histórica de uma planta com a região de Tangará
da Serra, no Mato Grosso, vai virar um documentário: Poaia: A História
Esquecida. O filme busca dar visibilidade à erva - também conhecida como
Quina-do-Cerrado - que tem sido utilizada por gerações para o
tratamento de doenças e enfermidades.
“Infelizmente, essa importante história vem se perdendo com o tempo e com o rápido desenvolvimento da cidade. A cultura da poaia e seu valor histórico estão cada vez mais esquecidos e negligenciados pelas gerações mais jovens. É essencial, portanto, capturar a relação entre ela e a história de Tangará da Serra por meio deste documentário, antes que esse conhecimento valioso seja perdido para sempre”, explicou, Alexandre Rolim, produtor do documentário.
Com
R$ 80 mil de recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), por meio do edital
municipal Luz, Câmera e Ação, a película vai resgatar os saberes dos
povos indígenas das etnias Haliti-Paresi e Umutina, que já viviam na
região. O documentário está em fase de finalização e será lançado em
junho deste ano.
“O
filme destaca a importância de valorizar e preservar a cultura e o
conhecimento local, reconhecendo a identidade e da história da região de
Tangará da Serra. A Lei Paulo Gustavo e seus editais são de extrema
importância para o setor cultural, pois possibilitam o desenvolvimento
de diversos projetos e beneficiando não apenas os produtores culturais e
fazedores de cultura; mas também a comunidade em geral, com a produção e
difusão de produtos que resgatam histórias, que mostram e valorizam o
fazer cultural de comunidades”, declarou Alexandre Rolim.
No
Centro-Oeste do Brasil, a Lei Paulo Gustavo tem sido um importante
instrumento para impulsionar a cultura e valorizar os artistas locais.
Com um total de R$ 298,3 milhões destinados aos 466 municípios da região
e aos governos estaduais de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
além do Distrito Federal, a Lei vem sendo utilizada de forma
significativa em alguns estados.
Conforme o Painel de Dados da LPG,
o Mato Grosso recebeu R$ 36 milhões de recursos, com execução de 0,9%.
Já os estados e municípios receberam um total de R$ 66 milhões. Os
municípios utilizaram 31,7% do recurso.
Para
Andrea Guimarães, diretora de desenvolvimento econômico da cultura da
Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), a LPG é
fundamental para incentivar o resgate de tradições locais.
“A
LPG, ao contribuir para a recuperação de estados e municípios e ao
incentivar os setores econômicos vinculados aos setores criativos,
demonstra a importância da economia criativa e da preservação da cultura
popular e das tradições locais para o crescimento do país. Além de
gerar pertencimento, a cultura também gera emprego, renda e
desenvolvimento socioeconômico”, disse.
Execução no Goiás
Goiás
recebeu R$ 68,5 milhões e utilizou 91,4% do investimento. Esses
recursos têm sido fundamentais para artistas como Luiz Claudio Irineu
Rezende, diretor, ator e cineasta de Goiânia (GO) e protagonista do
curta-metragem Jeremias em busca de si, produzido com o apoio da Lei
Paulo Gustavo.
“A
Lei Paulo Gustavo para os artistas é fundamental, pois mostra
reconhecimento. A monetização é fundamental para que o artista crie uma
estrutura e um planejamento para seguir fazendo cultura”.
O
curta-metragem fala da vida de um vaqueiro que perdeu a esposa e entra
numa crise existencial. O projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo
com R$ 25,6 mil. Ainda conforme Luiz Claudio Irineu Rezende, a lei de
fomento engloba inúmeros artistas contribuindo para uma cadeia
produtiva.
“No
caso do audiovisual, a Lei Paulo Gustavo permite que vários artistas
atuem em diferentes editais culturais, como é o caso do curta-metragem
‘Jeremias em busca de si’. São atores, preparadores e atrizes que têm a
oportunidade de mostrar o seu trabalho, com incentivo”, disse.
Milton
José Gonçalves, coordenador do Escritório Estadual do Ministério da
Cultura (MinC) em Goiás, diz que a LPG está sendo um divisor de águas
para a cultura local.
“Temos,
neste momento, 230 municípios do estado executando a LPG. Isso nos dá a
oportunidade de obter projetos de excelência nas diversas modalidades
culturais, contribuindo diretamente para geração de emprego, aumentando a
renda de artistas e população em geral. Além de garantir alegria e
diversão a população goiana por meio de belos espetáculos, filmes,
documentários, shows, entre outras ações culturais”, explicou.
Contos e arte indígenas no Mato Grosso do Sul
O
Mato Grosso do Sul (MS) recebeu R$ 27 milhões. O estado utilizou 1,7%
do recurso, enquanto os municípios aproveitaram 57,2%. Estados e
municípios receberam um total de R$ 52,2 milhões.
Esses
investimentos têm sido cruciais para produtores culturais e artesãos
como Micheli Alves Machado, organizadora do Concurso Miss e Mister da
Reserva Indígena de Dourados (MS). Em sua 12ª edição, o evento já se
tornou referência nacional de inovação, pois as vestimentas tradicionais
são produzidas pelos próprios candidatos, promovendo assim o
desenvolvimento cultural e artístico deles, além de fortalecer a
identidade comunitária, como explica Micheli.
“Além
da confecção de roupas tradicionais feitas pelos finalistas, achamos
importante a escuta com anciões indígenas, visto que poucas pessoas em
nossa comunidade, ainda pode transmitir esse tipo de conhecimento.
Assim, nossa cultura e ensinamento de cada povo, pode ressurgir e estar
garantida sua manutenção por essa nova geração”, explicou.
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Ainda
segundo Micheli, o conhecimento adquirido também impulsiona a economia
criativa e contribui para a preservação dos saberes ancestrais de cada
povo.
"Ao
destacarmos esse tipo de projeto artístico e cultural, a comunidade
indígena local passa a valorizar ainda mais sua história, tradições e
herança cultural, aumentando o orgulho e o senso de pertencimento. E a
Lei Paulo Gustavo desempenha um papel importante no apoio e incentivo à
cultura e às artes. O diferencial está sendo o apoio a projetos
elaborados por artistas indígenas, pois são projetos de comunidade para
comunidade”, declarou.
O
projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo, no edital municipal,
com um valor de R$ 12 mil. Para Carolina Garcia, coordenadora do
Escritório Estadual do MinC no Mato Grosso do Sul, a LPG trouxe um novo
ânimo para a produção do Mato Grosso do Sul.
“A
LPG trouxe a possibilidade de ter uma previsibilidade e continuidade da
produção cultural. Então, tem sido animador, mesmo com municípios no
início da sua execução. A gente já começa a ver um novo despertar
cultural, com mais espaço pelas ações afirmativas, por exemplo”, disse.
Também
em Dourados, no Mato Grosso do Sul, a multiartista Maria Câmara Vieira
conseguiu alavancar um projeto que valoriza a cultura indígena.
O
Festival de Contos, Histórias e Poesias nas Línguas Kaiowá, Guarani e
Terena, aprovado com recurso de R$ 12 mil pela LPG, consiste no concurso
com premiação de contos, histórias e poesias escritas em uma das três
línguas indígenas faladas nas comunidades indígenas Kaiowá, Guarani e
Terena do município de Dourados.
“Existem
muitos artistas indígenas talentosos no nosso estado e o projeto tem o
objetivo de dar visibilidade a eles. O concurso vai fazer com que a
língua indígena e a arte sejam reconhecidas e isso é um ganho para toda a
sociedade. Os poemas talvez sejam uma forma de, com oralidade, com a
escrita, levar a dinâmica de vida desses povos para o Brasil”, afirma.
Fechando
a distribuição por região, o Distrito Federal recebeu R$ 26 milhões e a
utilização dos recursos foi de 1,5% pelo estado e 3,4% pelos
municípios. Os estados e municípios receberam um total de R$ 48 milhões.
Clique aqui e acompanhe a Execução da LPG no seu estado ou município pelo Painel de Dados do Ministério da Cultura.
Outras informações
Nathália Neves
Assessoria de Imprensa MinC
(61) 98354-4841
imprensa.minc@cultura.gov.br
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