Novembro
de 2023 será marcado pela celebração da primeira Semana Nacional do
Empreendedorismo Feminino no Brasil, criada pela Lei 14.667. País
registrou marca histórica do protagonismo da mulher à frente dos
negócios no último ano.
O governo federal, em publicação da Lei 14.667 no Diário Oficial da União,
instituiu a Semana Nacional do Empreendedorismo Feminino, evento a ser
realizado todos os anos durante o mês de novembro para celebração da
participação da mulher à frente dos negócios.
Além
de conscientizar a população brasileira sobre a participação feminina
no empreendedorismo, destacando os efeitos desta liderança perante
empresas, a publicação da lei acontece em um momento de crescimento do
papel da mulher na economia.
A
ONU (Organização das Nações Unidas), da mesma maneira, determinou,
desde 2014, o dia 19 de novembro como o Dia do Empreendedorismo
Feminino, onde mais de 150 países adotaram a data aos seus calendários
oficiais. Este marco reforça o quinto Objetivo de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da organização, para promoção da igualdade de gênero e
empoderamento de todas as mulheres e meninas no mundo.
Um
estudo realizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas), baseado em dados do PNADC (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua) no terceiro trimestre do ano passado,
apontou a existência de 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no país, o que representa 34,4% dos empreendedores no Brasil.
Empresárias de diferentes setores contam suas motivações, análises e os desafios do empreendedorismo feminino.
O que a inspirou a se tornar empreendedora e iniciar seu próprio negócio?
“A
maior inspiração que tive para me tornar empreendedora foram os meus
filhos. Este foi o primeiro empurrão que tive para conciliar carreira
com maternidade, porque senti que o mercado não me aceitava como mãe,
para poder levar meu filho ao médico, ou estar presente na vida deles.
Sempre gostei muito de trabalhar, de ter minha liberdade financeira e
minha profissão, mas sempre gostei de maternar, então entendi que para
conciliar as duas coisas, a forma encontrada para isso era empreender e
ser dona do meu próprio negócio.” (Amanda Chatah, criadora da Muskinha,
especializada em mobiliário infantil).
Qual foi seu principal exemplo para começar a empreender?
“Quando
eu era jovem cheguei a ouvir resquícios de discursos estimulando as
jovens brasileiras a casarem cedo, sem darem importância à autonomia
feminina. Um curso superior, por exemplo, não era tão exigido para as
mulheres. Mas acabei me inspirando e seguindo o exemplo da minha mãe,
que trabalhou muito e trabalha até hoje, aos 75 anos. Ela me ensinou a
me aprofundar no que estivesse fazendo, mesmo que o assunto não fosse do
meu gosto. Assim, aos 30 anos, reconheci que eu era capaz e resolvi ser
dona da minha própria vida. Bato muito nessa tecla com a minha filha de
20 anos, estimulando-a a ser independente financeiramente.” (Gisele
Sapiro Levi, diretora da Theva).
Qual é a sua motivação para continuar empreendendo?
“Hoje,
com negócios próprios e investimentos, sigo empreendendo porque
acredito que empreender liberta. O empreendedorismo nos dá a liberdade
de fazer nossas próprias escolhas e tomar nossas próprias decisões.”
(Cristiana Arcangeli, empreendedora serial, palestrante e comunicadora).
Como você enxerga o cenário para o empreendedorismo feminino?
“No
cenário atual, as mulheres estão cada vez mais ganhando relevância.
Vejo que, hoje, existem algumas iniciativas específicas focadas em
trazer mais mulheres para o empreendedorismo. Acho que, cada vez mais,
isso vai se tornar relevante, conforme outros paradigmas forem caindo.”
(Isabella Maluf Vasconcelos, criadora da Hestia).
Qual é o papel das mulheres no cenário empreendedor atual?
“Num
país onde a maioria da população é feminina, é muito importante que
mais mulheres se disponham a empreender. O desafio é árduo, pois no
processo de independência feminina, a mulher foi acumulando tarefas.
Essa jornada não é fácil e tira a disposição de muitas mulheres em
empreender. Por outro lado, todas essas facetas femininas nos permitiram
desenvolver habilidades que são muito desejáveis no mundo do
empreendedorismo, como, por exemplo, a habilidade em negociar, gerenciar
o tempo, discernir prioridades e tratar o outro com empatia. Tudo isso
nos torna profissionais muito capazes e completas.” (Luane Lohn, CEO da
Ciclo Cosméticos).
Quais são os impactos do empreendedorismo feminino no mercado?
“Nós
somos sensíveis à dor e necessidade do outro e acho que isso está
mudando o cenário de grandes empresas, tornando o ambiente entre equipes
mais produtivo. A mulher escuta, é intuitiva, se solidariza, é flexível
a mudanças e a ideias novas, e acredito que isso faz com que qualquer
empresa possa acompanhar melhor o mercado, facilitando a comunicação com
cliente final, fornecedores e investidores.” (Juliana Calheiros,
fundadora da The Woman Gym).
Qual é a importância de celebrar o empreendedorismo feminino?
“A
importância de celebrar é mostrar que podemos ser o que quisermos. Pode
ser difícil, mas faz parte da jornada. O mais importante é não desistir
e tirar do papel nossos desejos e sonhos, aquela vontade de fazer
diferença pelo mundo ou por uma realidade nossa. E sabemos como mudar
isso.” (Natali Gutierrez, CEO da Dona Coelha).
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