27 de novembro DIA NACIONAL CONTRA O CÂNCER |
O câncer de pulmão pode ser detectado precocemente? Recomendações da Sociedade Americana de Câncer endossam rastreamento anual para pessoas entre 50 e 80 anos com histórico de tabagismo
O câncer de pulmão continua sendo um desafio de saúde significativo em todo o mundo, ceifando inúmeras vidas anualmente. No entanto, avanços na ciência médica têm proporcionado uma esperança através da possibilidade de detecção precoce, mas é mesmo possível identificar o câncer de pulmão em estágios iniciais? Estratégias de rastreamento, ou seja, o uso de exames de imagem para detectar doenças em pessoas assintomáticas, emergiu como uma estratégia fundamental na identificação do câncer de pulmão em suas fases iniciais. Segundo Carlos Gil Ferreira, oncologista torácico e presidente do Instituto Oncoclínicas, os últimos desenvolvimentos em varreduras de tomografia computadorizada de baixa dose mostraram resultados promissores na identificação de áreas suspeitas nos pulmões. “Apesar de estudos anteriores indicarem eficácia limitada, desenvolvimentos recentes em rastreamentos de tomografia computadorizada de baixa dose (TCBD) têm demonstrado resultados sólidos na avaliação de indivíduos com maior risco, principalmente aqueles com histórico de tabagismo”, afirma. A Sociedade Americana de Câncer defende rastreamentos anuais de TCBD para indivíduos entre 50 e 80 anos com um histórico significativo de tabagismo, enfatizando seu potencial para identificar nódulos suspeitos nos pulmões antes que os sintomas se manifestem. “Essa abordagem proativa aumenta significativamente as chances de tratamento bem-sucedido, uma vez que o câncer de pulmão em estágio inicial é mais passível de intervenção”, diz Carlos Gil. A Lógica por Trás da Triagem Precoce A motivação para a triagem precoce reside nas estatísticas: durante o triênio 2023/2025, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) prevê o diagnóstico de 32.560 novos casos de câncer de pulmão, traqueia e brônquios no Brasil e está entre os mais letais. Detectar o câncer de pulmão em suas fases iniciais aumenta significativamente as taxas de sucesso do tratamento, destacando a necessidade de se estabelecer uma política para rastreamento de câncer de pulmão no Brasil. No entanto, os desafios e nuances da triagem não podem ser ignorados. “Os sintomas do câncer de pulmão muitas vezes permanecem ocultos até que a doença atinja um estágio avançado. Além disso, esses sintomas são frequentemente interpretados como outros problemas de saúde, resultando em diagnóstico tardio. Consequentemente, a triagem precoce torna-se crucial para intervenção oportuna”, alerta. Quem considerar o rastreamento de câncer de pulmão deve participar de discussões abrangentes com profissionais de saúde. “Compreender o propósito, a metodologia, os benefícios e as limitações é muito importante. Além disso, aconselhamento para parar de fumar permanece um aspecto crucial desse processo, enfatizando que a triagem não substitui a cessação do tabagismo”, diz. O acesso a instalações apropriadas com especialistas experientes é crucial para triagem precisa e cuidados de acompanhamento. "A detecção precoce oferece esperança, mas é crucial tomar decisões informadas e colaborar com os profissionais de saúde para enfrentar o câncer de pulmão." A luta contra essa doença letal requer uma abordagem conjunta e proativa para promover a saúde e o bem-estar. Sobre Dr. Carlos Gil Ferreira
Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental - Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Board, Career Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC);Diretor no Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em 2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical Oncology. Presidente Eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o período 2023-2025.
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