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Volta às aulas: os novos desafios da educação após dois anos de pandemia |
Na maioria das redes de ensino do Brasil, o ano letivo inicia neste mês de fevereiro, com aulas 100% presenciais. Apesar do aumento de casos de Covid-19, especialistas recomendam que as escolas se mantenham abertas, considerando todo o impacto da pandemia na educação, sobretudo entre os estudantes de famílias em situação de vulnerabilidade. O Brasil é o país que por mais tempo funcionou apenas com o ensino remoto – 13 meses. De acordo com levantamento do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em parceria com Cenpec Educação, estima-se que cinco milhões de crianças ficaram sem aulas em 2020. “Para enfrentar um cenário em que as desigualdades foram aprofundadas, estratégias de busca ativa, recuperação de aprendizagens, avaliações diagnósticas, protocolos sanitários/vacinação e um bom relacionamento entre família e escola são fundamentais”, explica a superintendente do Itaú Social, Angela Dannemann. Confira alguns pontos relevantes a serem observados pelas redes nesta retomada: Busca ativa A pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, realizada pelo Datafolha, a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), apontou em setembro que 37% dos estudantes poderiam desistir dos estudos, conforme percepção dos responsáveis. Destes, 13% poderiam não retornar por não se sentirem acolhidos pela escola. “Além do distanciamento da escola durante a pandemia, vivenciamos um momento de desemprego e insegurança alimentar, fatores que impactam diretamente na presença dos estudantes. Identificar quem está em risco de abandono, por meio da busca ativa escolar, estratégia já conhecida pelos gestores municipais, é de extrema importância para que ninguém fique fora da escola”, analisa. Avaliações diagnósticas Para identificar lacunas de aprendizagem dos estudantes no retorno, as avaliações diagnósticas vão reger o planejamento pedagógico das escolas. O Ministério da Educação, em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd) da Universidade Federal de Juiz de Fora, disponibilizou a plataforma Avaliações Diagnósticas e Formativas, onde é possível baixar avaliações para a aplicação nas salas de aula, além de oferecer a análise dos resultados dos exames e do desempenho dos estudantes. Ferramentas como os Mapas de Foco da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) apoiam a necessária flexibilização curricular. Recuperação de aprendizagem De acordo com estudo do Instituto Unibanco e Insper, os alunos do 3º ano do Ensino Médio tiveram uma perda de aprendizagem estimada em 74%. Este atraso poderá ser sentido ao longo das décadas e levar uma perda de renda futura dos jovens de até R$ 40 mil por indivíduo. “A tecnologia e o ensino híbrido podem ser aliadas para a recuperação de aprendizagem. Mas, para isso, uma escola deve fornecer uma estrutura adequada, com computadores e conexão com velocidade acima de 20 Mbps (velocidade razoável para aprendizagem) para receber crianças e adolescentes no contra-turno escolar”, sugere. Protocolos e vacinação Os protocolos sanitários como distanciamento, uso correto das máscaras de proteção e orientação sobre práticas de higiene como a lavagem das mãos e uso do álcool em gel devem ser mantidos pelas escolas. Sobre a vacinação, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgou posicionamento apoiando que todas as crianças sejam vacinadas, porém, que esse não seja um pré-requisito para o ensino presencial. “Ao se condicionar o acesso à educação presencial à vacinação contra a covid-19, corre-se o risco de negar às crianças o acesso à educação e aumentar as desigualdades”, diz a nota. Relação família-escola Um dos legados da pandemia na educação é a maior aproximação da família com a escola. De acordo com a sétima edição da pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, 50% dos pais e responsáveis por estudantes afirmaram que a escola está mais aberta para conversar sobre o processo de aprendizagem do aluno. Cresceu também o reconhecimento das famílias pelo trabalho do professor. O fortalecimento desse vínculo precisa ser mantido. Por isso, investir no acolhimento, na escuta e na inserção das famílias no ambiente escolar contribui para melhores resultados de aprendizagem. Confira mais pesquisas sobre educação na pandemia realizadas pelo Itaú Social e parceiros. |
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