BLOG ORLANDO TAMBOSI
Coluna de Carlos Brickmann, a ser publicada nos jornais de domingo, 23 de janeiro:
A
Primeira Lei da Política é a sobrevivência. Candidatos a qualquer posto
adoram estar num partido forte (daqueles cujo apoio vale cargos), onde
haja acesso a quem manda chover na sua horta, em que todos ajudem sua
eleição. Nem é preciso gastar dinheiro com pesquisas: um partido com
chances e bom dinheiro atrai políticos. O contrário também vale: o
partido até pode parecer forte, mas se o pessoal quer sair é porque há
algum buraco no casco. Rato é ótimo para perceber que esses furos
existem. Percebe e cai fora.
Que
é que dizem as pesquisas sobre a eventual reeleição de Bolsonaro? A
menos que o caro leitor seja especialista em campanhas, não perca tempo.
A ministra Damares quer o cargo ambicionado por Janaína Pascoal.
Bolsonaro quer Tarcísio disputando o Governo paulista (o que ele fará
assim que souber onde fica São Paulo), mas o ex-ministro da Educação,
Abraham Weintraub, quer também disputar o cargo.
Weintraub&Irmão
já brigaram com Carluxo e com Eduardo Bolsonaro, até há pouco seus
ídolos. Olavo de Carvalho fala mal de Bolsonaro (e, suprema grosseria,
mandou-o enfiar uma condecoração justo na porta de entrada do
Aristides). Allan dos Santos, foragido nos EUA, esteve com Fábio Farias,
ministro da Comunicação, e em seguida ambos se dedicaram a trocar
insultos. Weintraub&Irmão desceram a lenha no Centrão, logo depois
de Bolsonaro lembrar que é Centrão desde que começou a fazer política.
Mas Justiça seja feita: nenhum está mentindo.
Todos eles têm razão.
Rachou mas não foi ele
Bolsonaro
briga com facilidade com seus amigos, mas alguns mantêm a amizade há
muitos e muitos anos. Waldir “Jacaré” Ferraz, por exemplo, não apenas é
amigo de Bolsonaro como de seus filhos, os zeros à esquerda. Que é que
diz Jacaré? Que o esquema da rachadinha existia, sim, nos gabinetes
parlamentares de Bolsonaro, de Flávio e de Carlos.
Mas
o esquema não era deles, que aliás nem sabiam do que se passava, nem
notavam o dinheiro extra na conta: o esquema, segundo Jacaré, era
montado por Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro. Mas, a seu ver,
Bolsonaro pode ser preso por causa disso: “Quem assinava era ele. Ele
vai dizer que não sabe? É batom na cueca. Como é que você vai explicar?
Ele está administrando. Não tem muito o que fazer (…) Acho que ele vai
ter problema se não for reeleito. Vai tudo cair, vai perder o foro
privilegiado e tal”. Mais? “Ele, quando soube, ficou desesperado, era
uma fria. O cara foi traído. Ela que começou tudo. Bolsonaro nunca
esteve ligado em nada dessas coisas. O cara não tinha visão do que
estava acontecendo por trás no gabinete”. O apartamento nem era dele,
era de um amigo (opa!!! Esqueça essa frase, é de outro caso estranho).
Escreveu, não leu
Eduardo
Bananinha, filho 03 de Bolsonaro, disse que Jacaré não tinha dito nada.
A revista Veja, que fez a entrevista, colocou as gravações no ar. Ana
Cristina dá sua versão: “Não sou mentora da rachadinha. Ele (Bolsonaro)
me chamava de sargentona, mas quem mandava no gabinete era ele. Quem
assina as nomeações e exonerações é o parlamentar. Não faz sentido
assinar sem ler porque todos eles são bem instruídos”.
Desmarrecando...
Quando
decidiu se candidatar, Sergio Moro tomou algumas providências: escolheu
um partido que lhe conviesse, acusou Bolsonaro e Lula de quererem o
poder pelo poder, já que não têm projeto de país, e procurou dar um
jeito naquela voz estridente, que o levou a ganhar o ótimo apelido de
Marreco de Maringá. O partido talvez dure pouco: o Podemos é pequeno,
com pouca verba de campanha. Moro negocia com um novo partido, o União
Brasil, fusão do DEM com o PSL, que tem muito dinheiro e, flexível, se
adapta bem a cada Estado (Luciano Bivar, cacique do União Brasil, quer
ser seu vice).
...e se adaptando
Projeto
de país, Moro também não tem: parece que é a favor do que é bom e
contra o que é ruim. Quer pagar mais aos professores, melhorar a
Educação, reforçar a segurança – tudo o que todos querem, mas como
fazer? Em compensação, a voz parece estar melhorando. Já é possível
escutá-lo sem dor nos ouvidos. Mas é pouco para quem imaginava chegar
chegando, como candidato para ganhar. Quer mudar de partido porque no
atual não se vê decolando. E acredita (é novo no ramo) que trocar de
partido lhe dará força.
Número quente
Dos
jornais: “Salário médio pago por estatais sob controle da União chega a
R$ 34,1 mil”. Lembra do Imposto Ipiranga, que prometia não só reduzir
drasticamente o número de estatais sob controle da União como, no
primeiro ano, arrecadar R$ 1 trilhão com privatizações? E esqueçam a
pandemia: no primeiro ano do Governo Bolsonaro ninguém tinha ouvido
falar de Covid.
Elza, para sempre
Frase
do colunista Ruy Castro resume com perfeição a vida artística de Elza
Soares: “Cantava como uma deusa, dançava como um demônio”.
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