Pedro do Coutto
Ontem escrevi baseado na matéria de Ancelmo Gois a respeito do filme que está sendo feito pela diretora Suzana Lira, focalizando a ascensão e queda do presidente João Goulart. Cito ascensão e queda utilizando o título do historiador e jornalista William Scherer sobre a chegada ao poder e derrocada de Hitler. Mas esta é outra questão.
Após reler a matéria, decidi, como faço hoje, acrescentar alguns aspectos sobre o movimento político militar que em 64 derrubou o presidente da República. Faço isso com base no meu princípio de que a história deve ser escrita no presente, pois isso dá margem àqueles que têm algo a adicionar aos fatos suas impressões pessoais. Deixar correr as décadas pode obscurecer acontecimentos e interpretações.
INÍCIO DA QUEDA – Dito isso, relembro que Jango começou a cair em 1962, quando Tancredo Neves deixou o cargo de primeiro-ministro para concorrer ao Senado por Minas Gerais. E também em reflexo à saída da UDN que devolveu os três postos que maNtinha na equipe ministerial – Virgílio Távora nos Transportes, Gabriel Passos nas Minas e Energia, Afonso Arinos embaixador junto à ONU.
Eu estava ao lado de Virgílio Távora quando recebeu telefonema de Goulart pedindo que ele ficasse na pasta. Távora respondeu que não poderia porque a UDN, seu partido anunciara o rompimento para poder disputar as eleições de 62 para o Congresso Nacional. A UDN, digo eu, levantava sua antiga bandeira política na busca de reencontrar seu eleitorado.
SAÍDA DE TANCREDO – Outro fato de extraordinária importância foi a saída de Tancredo Neves, que explodiu a aliança entre o PSD e o PTB. A respeito de Tancredo conto um episódio que antecedeu sua nomeação como primeiro ministro. O jornalista Plínio de Abreu Ramos e eu o encontramos por acaso na Av. Graça Aranha. Ele nos disse que se encontrava entristecido porque depois da derrota para Magalhães PInto para o governo de Minas Gerais muitos amigos evitavam encontrá-lo. Acrescento eu: não imaginavam que 14 meses depois Tancredo Neves, como primeiro ministro retornaria ao palco central do poder. A vida é assim.
Sem Tancredo e abalado pela derrota de Santiago Dantas para primeiro-ministro, Jango sensibilizou-se negativamente com os ataques de Brizola. Estes ataques, partindo de seu próprio partido político, adicionaram-se aos ataques de Carlos Lacerda que era governador da Guanabara.
RADICALIZAÇÃO – João Goulart, para responder a Brizola, tentou ser mais radical do que seu cunhado. Perdeu-se. Rompeu com setores econômicos fundamentais. Estatizou refinarias, ameaçou uma reforma agrária radical, e envolveu-se no episódio da quebra frontal da hierarquia e disciplina militar.
Tancredo e o próprio Brizola o desaconselharam de comparecer à reunião dos sargentos do Exército e da Marinha no Automóvel Clube, centro do Rio. Era o dia 30 de março. No dia seguinte vieram a deposição e o exílio.
O filme de Suzana Lira baseia-se também nas memórias de Maria Tereza Goulart, viúva de Jango.
Ontem escrevi baseado na matéria de Ancelmo Gois a respeito do filme que está sendo feito pela diretora Suzana Lira, focalizando a ascensão e queda do presidente João Goulart. Cito ascensão e queda utilizando o título do historiador e jornalista William Scherer sobre a chegada ao poder e derrocada de Hitler. Mas esta é outra questão.
Após reler a matéria, decidi, como faço hoje, acrescentar alguns aspectos sobre o movimento político militar que em 64 derrubou o presidente da República. Faço isso com base no meu princípio de que a história deve ser escrita no presente, pois isso dá margem àqueles que têm algo a adicionar aos fatos suas impressões pessoais. Deixar correr as décadas pode obscurecer acontecimentos e interpretações.
INÍCIO DA QUEDA – Dito isso, relembro que Jango começou a cair em 1962, quando Tancredo Neves deixou o cargo de primeiro-ministro para concorrer ao Senado por Minas Gerais. E também em reflexo à saída da UDN que devolveu os três postos que maNtinha na equipe ministerial – Virgílio Távora nos Transportes, Gabriel Passos nas Minas e Energia, Afonso Arinos embaixador junto à ONU.
Eu estava ao lado de Virgílio Távora quando recebeu telefonema de Goulart pedindo que ele ficasse na pasta. Távora respondeu que não poderia porque a UDN, seu partido anunciara o rompimento para poder disputar as eleições de 62 para o Congresso Nacional. A UDN, digo eu, levantava sua antiga bandeira política na busca de reencontrar seu eleitorado.
SAÍDA DE TANCREDO – Outro fato de extraordinária importância foi a saída de Tancredo Neves, que explodiu a aliança entre o PSD e o PTB. A respeito de Tancredo conto um episódio que antecedeu sua nomeação como primeiro ministro. O jornalista Plínio de Abreu Ramos e eu o encontramos por acaso na Av. Graça Aranha. Ele nos disse que se encontrava entristecido porque depois da derrota para Magalhães PInto para o governo de Minas Gerais muitos amigos evitavam encontrá-lo. Acrescento eu: não imaginavam que 14 meses depois Tancredo Neves, como primeiro ministro retornaria ao palco central do poder. A vida é assim.
Sem Tancredo e abalado pela derrota de Santiago Dantas para primeiro-ministro, Jango sensibilizou-se negativamente com os ataques de Brizola. Estes ataques, partindo de seu próprio partido político, adicionaram-se aos ataques de Carlos Lacerda que era governador da Guanabara.
RADICALIZAÇÃO – João Goulart, para responder a Brizola, tentou ser mais radical do que seu cunhado. Perdeu-se. Rompeu com setores econômicos fundamentais. Estatizou refinarias, ameaçou uma reforma agrária radical, e envolveu-se no episódio da quebra frontal da hierarquia e disciplina militar.
Tancredo e o próprio Brizola o desaconselharam de comparecer à reunião dos sargentos do Exército e da Marinha no Automóvel Clube, centro do Rio. Era o dia 30 de março. No dia seguinte vieram a deposição e o exílio.
O filme de Suzana Lira baseia-se também nas memórias de Maria Tereza Goulart, viúva de Jango.
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