Chico Otavio
Janaína Figueiredo
O Globo
Representantes do Ministério Público paraguaio virão ao Brasil, nos próximos dias, para pedir à força-tarefa da Lava-Jato o compartilhamento das investigações que envolvem o chefe de Gabinete da Presidência da República do país vizinho, Juan Ernesto Villamayor, em suposto esquema de acobertamento para livrar o doleiro Dario Messer da prisão no Brasil. Villamayor nega qualquer acerto com o doleiro.
Trocas de mensagens entre Messer e a advogada paraguaia Letícia Bobeda, que o representa no país vizinho, apreendidas pela Polícia Federal brasileira, atestam que ele pretendia ficar no Paraguai em condições privilegiadas, mesmo sendo procurado no Brasil. O doleiro estaria disposto a pagar US$ 2 milhões por isso.
ELO – Uma outra mulher, identificada como Lorena, seria o elo entre Bobeda e o chefe de gabinete do governo paraguaio. Villamayor diz que conhece Lorena, mas afirma que não tem contato com ela há muito tempo. As informações, relacionadas a chamada Operação Patrón estão em relatório confidencial da Polícia Federal ao qual O Globo teve acesso.
O caso Messer voltou a provocar escândalo no Paraguai na última semana, com a confirmação de que a Justiça brasileira ordenara a prisão do ex-presidente do país Horacio Cartes (2013-2018), entre outros envolvidos na rede de lavagem de dinheiro comandada pelo doleiro.
O pedido de extradição de Cartes está sendo traduzido para ser enviado às autoridades paraguaias. O ex-presidente é hoje senador do Partido Colorado, o mais importante do Paraguai, o que dificulta um eventual processo de extradição dada a imunidade parlamentar e seu enorme poder político no país.
LONGA AMIZADE – Cartes e Messer são amigos de longa data e é sabido que o doleiro sempre se referiu ao ex-presidente como “patrón” . Esta amizade permitiu a Messer permanecer uma temporada escondido no Paraguai, quando Cartes estava à frente do Executivo. Fontes paraguaias informaram que, desde que a ordem de prisão foi divulgada, o ex-chefe de Estado não foi visto nem fez declarações.
Embora a negociação do doleiro com Villamayor não tenha avançado, já que Messer foi preso em São Paulo em julho, após 14 meses de fuga, nas conversas obtidas pela PF, Bobeda tenta convencer seu cliente mencionando como antecedente o caso do contrabandista brasileiro Luiz Henrique Boscatto, condenado a 36 anos de prisão no Paraná.
ACORDO – A advogada diz ao doleiro que Boscatto teria pago US$ 600 mil ao chefe de gabinete (na época ministro do Interior) para ficar detido no Paraguai e não ser extraditado. Bobeda sugere a Messer um acordo que o faria ficar apenas cinco meses em regime de prisão domiciliar, para depois gozar a liberdade sem ser extraditado.
Receoso, o doleiro responde à advogada que “quando a esmola é muita, o santo desconfia” e pergunta a Bobeda se Villamayor teria como garantir, além da prisão domiciliar, a devolução de suas propriedades confiscadas no Paraguai e o fim da comissão parlamentar que estava investigando sua rede de lavagem de dinheiro no Congresso do país.
RELATÓRIO – Como não houve acordo, a comissão, formada por membros da Câmara e do Senado, finalizou seu trabalho e em abril passado publicou um relatório final sobre “lavagem de dinheiro e delitos conexos atribuídos ao senhor Dario Messer e seus sócios”.
Na descrição do esquema das operações aparece o ex-governador do Rio, Sergio Cabral, como peça chave no Brasil, Messer no Paraguai e Vinicius Claret (Juca Bala) e Claudio Barboza (Tony) no Uruguai. “Dario Messer foi o responsável por dar cobertura às operações de Vinicius Claret e Claudio Barboza e recebia 60% dos lucros. Em declaração ao MP do Brasil, Claret e Barboza delataram Messer e revelaram como funcionava o esquema que moveu cerca de US$ 1,6 bilhão em 52 países”, diz o relatório.
OPERAÇÃO PADRÓN – Villamayor foi ministro do Interior do governo de Cartes e desde meados do ano passado é chefe de gabinete de Abdo Benítez. No Partido Colorado, hoje é adversário de Cartes e conta com total respaldo do presidente.
Na última sexta-feira, Villamayor apresentou uma denúncia penal nos tribunais de Assunção pedindo que sua menção no relatório do Ministério Público do Brasil sobre o caso Messer seja esclarecida, assim como declarações da advogada do doleiro.
Na semana passada, a força-tarefa da Lava-Jato no Rio cumpriu 20 mandados de prisão na Operação Patrón, entre os quais contra Cartes e contra os doleiros Messer e Najun Turner (já condenado, considerado foragido).
Janaína Figueiredo
O Globo
Representantes do Ministério Público paraguaio virão ao Brasil, nos próximos dias, para pedir à força-tarefa da Lava-Jato o compartilhamento das investigações que envolvem o chefe de Gabinete da Presidência da República do país vizinho, Juan Ernesto Villamayor, em suposto esquema de acobertamento para livrar o doleiro Dario Messer da prisão no Brasil. Villamayor nega qualquer acerto com o doleiro.
Trocas de mensagens entre Messer e a advogada paraguaia Letícia Bobeda, que o representa no país vizinho, apreendidas pela Polícia Federal brasileira, atestam que ele pretendia ficar no Paraguai em condições privilegiadas, mesmo sendo procurado no Brasil. O doleiro estaria disposto a pagar US$ 2 milhões por isso.
ELO – Uma outra mulher, identificada como Lorena, seria o elo entre Bobeda e o chefe de gabinete do governo paraguaio. Villamayor diz que conhece Lorena, mas afirma que não tem contato com ela há muito tempo. As informações, relacionadas a chamada Operação Patrón estão em relatório confidencial da Polícia Federal ao qual O Globo teve acesso.
O caso Messer voltou a provocar escândalo no Paraguai na última semana, com a confirmação de que a Justiça brasileira ordenara a prisão do ex-presidente do país Horacio Cartes (2013-2018), entre outros envolvidos na rede de lavagem de dinheiro comandada pelo doleiro.
O pedido de extradição de Cartes está sendo traduzido para ser enviado às autoridades paraguaias. O ex-presidente é hoje senador do Partido Colorado, o mais importante do Paraguai, o que dificulta um eventual processo de extradição dada a imunidade parlamentar e seu enorme poder político no país.
LONGA AMIZADE – Cartes e Messer são amigos de longa data e é sabido que o doleiro sempre se referiu ao ex-presidente como “patrón” . Esta amizade permitiu a Messer permanecer uma temporada escondido no Paraguai, quando Cartes estava à frente do Executivo. Fontes paraguaias informaram que, desde que a ordem de prisão foi divulgada, o ex-chefe de Estado não foi visto nem fez declarações.
Embora a negociação do doleiro com Villamayor não tenha avançado, já que Messer foi preso em São Paulo em julho, após 14 meses de fuga, nas conversas obtidas pela PF, Bobeda tenta convencer seu cliente mencionando como antecedente o caso do contrabandista brasileiro Luiz Henrique Boscatto, condenado a 36 anos de prisão no Paraná.
ACORDO – A advogada diz ao doleiro que Boscatto teria pago US$ 600 mil ao chefe de gabinete (na época ministro do Interior) para ficar detido no Paraguai e não ser extraditado. Bobeda sugere a Messer um acordo que o faria ficar apenas cinco meses em regime de prisão domiciliar, para depois gozar a liberdade sem ser extraditado.
Receoso, o doleiro responde à advogada que “quando a esmola é muita, o santo desconfia” e pergunta a Bobeda se Villamayor teria como garantir, além da prisão domiciliar, a devolução de suas propriedades confiscadas no Paraguai e o fim da comissão parlamentar que estava investigando sua rede de lavagem de dinheiro no Congresso do país.
RELATÓRIO – Como não houve acordo, a comissão, formada por membros da Câmara e do Senado, finalizou seu trabalho e em abril passado publicou um relatório final sobre “lavagem de dinheiro e delitos conexos atribuídos ao senhor Dario Messer e seus sócios”.
Na descrição do esquema das operações aparece o ex-governador do Rio, Sergio Cabral, como peça chave no Brasil, Messer no Paraguai e Vinicius Claret (Juca Bala) e Claudio Barboza (Tony) no Uruguai. “Dario Messer foi o responsável por dar cobertura às operações de Vinicius Claret e Claudio Barboza e recebia 60% dos lucros. Em declaração ao MP do Brasil, Claret e Barboza delataram Messer e revelaram como funcionava o esquema que moveu cerca de US$ 1,6 bilhão em 52 países”, diz o relatório.
OPERAÇÃO PADRÓN – Villamayor foi ministro do Interior do governo de Cartes e desde meados do ano passado é chefe de gabinete de Abdo Benítez. No Partido Colorado, hoje é adversário de Cartes e conta com total respaldo do presidente.
Na última sexta-feira, Villamayor apresentou uma denúncia penal nos tribunais de Assunção pedindo que sua menção no relatório do Ministério Público do Brasil sobre o caso Messer seja esclarecida, assim como declarações da advogada do doleiro.
Na semana passada, a força-tarefa da Lava-Jato no Rio cumpriu 20 mandados de prisão na Operação Patrón, entre os quais contra Cartes e contra os doleiros Messer e Najun Turner (já condenado, considerado foragido).
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