MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 3 de março de 2019

Para evitar ser preso, presidente da Vale se afasta do comando da mineradora


O presidente da Vale, , durante entrevista coletiva Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/29-01-2019
Fabio Schvartsman diz ter a consciência tranquila. Será mesmo?
Danielle Nogueira e Rennan Setti
O Globo
Em meio à pressão de promotores, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, decidiu se afastar temporariamente do cargo. O pedido foi feito em carta, enviada ao Conselho de Administração neste sábado, um dia após integrantes da força-tarefa que apura as responsabilidades pela tragédia de Brumadinho recomendarem que Schvartsman e outros 13 funcionários de alto escalão da empresa fossem afastados de seus cargos. Outros três diretores da companhia também pediram afastamento.
Os membros do Conselho de Administração se reuniram por teleconferência neste sábado e aprovaram o pedido. O diretor executivo de metais básicos, Eduardo Bartolomeo, assumirá a empresa interinamente.
FATO RELEVANTE – Em fato relevante divulgado a investidores na noite deste sábado, a Vale informou que os pedidos de afastamento dos executivos “foram imediatamente aceitos” pelo Conselho de Administração, que se reuniu na noite de sexta-feira e na manhã deste sábado.
“Por absoluta convicção da retidão de minha conduta e do dever cumprido até aqui, e certo de que a percepção dos fatos que levou à recomendação de afastamento não corresponde absolutamente à sua realidade, tomei a decisão, nesta hora, em benefício da continuidade das operações da companhia e do apoio às vítimas e a suas famílias, de solicitar a esse Conselho, respeitosamente, que aceite o pedido de meu afastamento temporário das funções de diretor presidente da Vale”, diz  Schvartsman na carta. 
Os outros três diretores que tomaram a mesma decisão são Gerd Peter Poppinga, diretor-executivo de Ferrosos e Carvão; Lucio Cavalli, diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão; e Silmar Silva, diretor de operações do Corredor Sudeste. A notícia foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim no site do Globo.
INTERINO – O fato relevante da Vale acrescentou que Claudio de Oliveira Alves (atual diretor de Pelotização e Manganes) ocupará interinamente a função de diretor-executivo de Ferrosos e Carvão e que Mark Travers (atual diretor jurídico) ocupará interinamente a função de diretor-executivo de Metais Básicos.
Segundo uma fonte, além da pressão dos promotores, havia um conflito de interesses na diretoria, pois os executivos estariam mais preocupados em fazer sua defesa do que gerenciar a mineradora.
Schvartsman assumira a Vale em maio de 2017, depois da saída de Murilo Ferreira, que fora alvo de artilharia da bancada mineira do PMDB e do PSDB, insatisfeita com a menor atenção dada a Minas Gerais, berço da Vale, em sua gestão. O executivo havia sido reconduzido ao cargo por mais 2 anos no fim de 2018, cinco meses antes do término do seu contrato.
SEM ACESSO – Os investigadores também querem impedir que os citados tenham acesso a prédios onde funcionam atividades da mineradora. A tragédia deixou 186 mortos e 122 desaparecidos, segundo balanço divulgado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas na quinta-feira.
Além do presidente e dos três diretores que decidiram deixar a mineradora, a recomendação do Ministério Público atinge também Alexandre de Paula Campanha (gerente executivo de Governança da Geotecnia Corporativa); Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araujo (gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas); Joaquim Pedro de Toledo (gerente executivo de Planejamento e Programação do Corredor Sudeste); Cesar Augusto Paulino Grandchamp (geólogo vinculado à Gerência Executiva de Planejamento e Programação do Corredor Sudeste); e Rodrigo Artur Gomes de Melo (gerente Executivo do Complexo Paraopeba).
MAIS CINCO – A força-tarefa ainda recomendou o afastamento das funções de cinco outros funcionários, sem impedimento de que tenham acesso às instalações da empresa. A recomendação foi entregue na sexta-feira aos advogados do Conselho de Administração da Vale. A mineradora tem dez dias para decidir se aceita ou não adotar as medidas.
A força-tarefa de Brumadinho é composta pelo Ministério Público de Minas (MP-MG), pelo Ministério Público Federal (MPF), Polícia Civil de Minas e Polícia Federal (PF).

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