Santo André, no ABC Paulista, tornou-se a segunda cidade brasileira a estabelecer um prazo para a eliminação do diesel no transporte municipal. A queima deste combustível fóssil é uma das causas do aquecimento global e provoca inúmeras doenças fatais, entre cardíacas e pulmonares.
No edital de licitação lançado esta semana, a Prefeitura exigiu das empresas concorrentes que a frota de ônibus apresente uma redução de 20% das emissões de poluentes já no primeiro ano e que ao final de 20 anos a emissão de CO2 seja zero.
O edital é para Vila Luzita, a principal área com serviço de ônibus na cidade e também a que apresenta maior demanda. Atualmente toda a frota em operação nessa região conta apenas com ônibus a diesel. O novo edital deve estabelecer o modelo para os editais das demais regiões da cidade.
“A incorporação de cronogramas de eliminação do diesel no transporte público é uma tendência inexorável”, explica Flavio Siqueira, representante da Cidade dos Sonhos. “Atualmente os ônibus elétricos já são mais econômicos, quando se considera todo seu ciclo de vida, enquanto que os problemas causados pela poluição do diesel que oneram os cofres públicos são cada vez mais evidentes. Só existe uma saída para resolver essa equação: investir em combustíveis limpos”, detalha.
A questão dos poluentes levou o Ministério Público a barrar o edital em junho, para que a Prefeitura incluísse um cronograma de redução. Na ocasião, organizações da sociedade civil que contribuíram com a revisão do PL da Poluição na capital paulista, como Rede Nossa São Paulo, Greenpeace e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, apresentaram estudos que comprovam a viabilidade técnica e econômica da transição para uma frota limpa, bem como os impactos sobre a saúde pública e o clima da poluição gerada pelo transporte público.
Embora focados na capital paulista, os estudos dão a dimensão do problema. A poluição do ar atualmente já mata mais que o dobro dos acidentes de trânsito, cinco vezes mais que câncer de mama e quase 6,5 vezes mais que AIDS. Ficar duas horas no meio do trânsito de São Paulo equivale a fumar um cigarro.
Na cidade de São Paulo, os ônibus representam menos de 4% da frota de veículos, porém emitem quase metade (cerca de 47%) da fumaça preta que encobre a cidade. Estudo do Greenpeace mostra que em dez anos, uma redução de 20% na queima do diesel convencional poderia evitar mais de 7 mil mortes e os cofres públicos economizariam R$ 53 milhões em gastos de saúde decorrentes de problemas cardiorrespiratórios.
O Greenpeace também constatou que o custo de manutenção de ônibus elétricos puros pode ser 25% menor e a economia com combustível pode chegar a 64,7% em comparação com os convencionais a diesel. A questão do custo de aquisição, geralmente apresentada como obstáculo à transição para veículos limpos, pode ser contornada com o leasing de baterias, que reduz drasticamente o custo dos ônibus elétricos, aproximando-o do valor do veículo diesel. Por meio da tecnologia V2G (Vehicle to Grid), os ônibus não são apenas consumidores de energia, mas parte do sistema elétrico: eles podem incorporar as fontes eólica e solar, servir de backup e fornecer energia à rede, tornando todo o sistema mais eficiente.
Aviv Comunicação
Rita Silva e Silva Dias
Rita Silva e Silva Dias
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