"A mudança nas relações internacionais passa pelo realinhamento da
política externa brasileira com os Estados Unidos, que durante muito
tempo não recebeu a devida atenção de nossa diplomacia. Esta
reaproximação deve ser vista com bons olhos, uma vez que ambos os países
dividem valores ocidentais e democráticos que se entrelaçam em seu
conceito de nação", escreve Márcio Coimbra, colunista da Gazeta do Povo:
O governo que chega possui uma visão muito clara de mundo e do
posicionamento do Brasil no contexto geopolítico internacional. Isto
passa pelo realinhamento da política externa brasileira com os Estados
Unidos, que durante muito tempo não recebeu a devida atenção de nossa
diplomacia. Esta reaproximação deve ser vista com bons olhos, uma vez
que ambos os países dividem valores ocidentais e democráticos que se
entrelaçam em seu conceito de nação.
Ao resgatar a relação com os Estados Unidos, o Brasil volta a
concentrar suas forças nos parceiros tradicionais. Nas últimas décadas,
especialmente em função da guinada ideológica vivenciada por nossa
política externa, o Brasil se afastou de aliados históricos, tentando
desenhar uma nova visão de mundo que, mesmo conseguindo avançar em
alguns pontos, afastou nosso país de suas posições históricas.
Tudo leva a crer que o novo governo chega tentando resgatar posições
tradicionais do Brasil e uma diplomacia pragmática, entretanto, aliada
aos valores comuns divididos com nações parceiras do nosso país. A
reaproximação com Israel, por exemplo, possui este condão, assim como o
alinhamento com países que comungam dos mesmos princípios. Ao mesmo
tempo que este é um movimento positivo, tem encontrado resistência no
status quo.
A política internacional, entretanto, não é um jogo de soma zero. Ao
resgatar valores e parcerias perdidas nos últimos anos, não significa
que o Brasil esteja deixando de lado os países que passaram a negociar e
fazer parte de nossa política exterior. Pelo contrário, na política é
preciso agregar, pois a soma de esforços é sempre necessária para a
formação de concertações internacionais. Este realinhamento precisa
manter isto sempre em mente.
Sendo assim, este pragmatismo não pode vir sozinho, sem levar em
consideração o compromisso com valores que são caros para nossa
sociedade, como democracia e liberdade. Nos anos passados vivemos um
alinhamento ideológico que deixou de considerar estes valores na
condução de nossa política externa, vetores essenciais da formação de
nossa República.
Esta guinada diplomática, portanto, carrega tanto valores, quanto
pragmatismo, mas desta vez em equilíbrio. Ao adotar uma visão pragmática
e ocidental, o Brasil não se preocupa em exportar democracia ou
qualquer um dos seus valores, mas opta por se aliar e desenhar parcerias
com aquelas nações que defendem o mesmo arcabouço de princípios.
Isto explica a aproximação com os Estados Unidos e países que
comungam das mesmas diretrizes. Um realinhamento natural que começa a se
consolidar no mundo, um caminho que, ao abarcar diversas nações, pode
moldar o futuro das relações internacionais pelas próximas décadas.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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