As eleições deste ano deixaram no rastro uma série de parâmetros e
tendências novas. O principal é que o PT foi rejeitado e encolhido pelos
brasileiros, se tornando um partido restrito ao Nordeste, onde o
assistencialismo, a esmola oficial, conta mais que a razão.
Ficou claro que o partido se reduzia a Lula, único nome forte do PT
que, sem ele, é apenas um partido secundário, pequeno. Nas eleições de
2020, terá que apoiar outros e aceitar a vice de quem tiver interesse.
Se tiver interesse.
O PT vai encolher ainda mais com a demissão em massa de militantes em
cargos comissionados e diretorias em estatais, que dão 20% do salário
para o partido. Essa verba não virá mais. Nem as propinas usadas como
caixa 2 de campanha. Vão ter que ralar.
Os 4 governadores eleitos pelo PT receberão uma carga injusta. Eles vão
ser obrigados a abrigar petistas graúdos que perderão os cargos em
outros estados, estatais e no governo federal, onde ainda estão. Baianos
que elegeram Rui Costa, por ironia, vão perder empregos para petistas
do resto do Brasil.
As campanhas milionárias foram desmoralizadas e Bolsonaro provou que
não são precisos milhões de reais para fazer politica, nem obrigar a
população a assistir um horário obrigatório em rádio e tv. A necessidade
do fundo eleitoral e do horário terá que ser repensada.
Pela primeira vez na história, um candidato chega a presidente sem
dinheiro do fundo partidário, sem nenhum tempo no horário eleitoral de
rádio e tv, sem coligação com partidos fortes, sem diretório em cada
cidade. Contou com uma inédita militância avulsa, sem comando único,
interligada pela internet.
Atos impressionantes foram combinados pelo WhatsApp, Facebook, Twitter,
SMS. Mensagens da campanha foram enviadas em minutos usando a
internet, assim como a resposta às inúmeras fake news espalhadas pelo PT
e blogueiros pagos para fazer a campanha suja.
Pela segunda vez um presidente chega ao poder vindo de um partido
fraco, como Fernando Collor. A diferença é que Bolsonaro pegou seu
partido fraco e, em seu tsunami, o fez a segunda maior bancada da Câmara
Federal, com 52 eleitos, mais 3 senadores e 3 governadores.
Mas a bancada deve crescer muito em 2019, com adesões vindas de
perdedores e dos partidos que não atingiram o coeficiente eleitoral.
Eles perderam o direito a gabinetes, fundo partidário e horário de rádio
e tv. Terão que se fundir ou fechar.
O PSDB se mantém forte, com São Paulo, o maior estado do país, além do
Rio Grande do Sul (maior do sul) e Mato Grosso do Sul. Junto com o
parceiro de sempre DEM, comandam todo o Centro Oeste. Não devem fazer
oposição a Bolsonaro. O DEM é certo que será aliado.
A comunicação oficial nunca mais será a mesma. Pela primeira vez o
presidente eleito não fez seu discurso em coletiva para as emissoras de
tevê, nem deu exclusiva para a Globo. Bonner foi surpreendido com uma
"live" direto da casa de Bolsonaro, que as tevês tiveram que captar
online.
Dá para prever que a comunicação da Presidência vai priorizar a
internet. TV Globo, O Globo e a Folha de São Paulo, que fizeram milhões
todo mês com Lula e Dilma, não terão mamata com Bolsonaro. Terão
tratamento normal e não privilegiado, como tinham com o PT.
Não é a toa que a torcida e o viés do noticiário foi favorável a Haddad
e contrário a Bolsonaro. Não acho crime nem errado eles terem lado,
desde que não inventem o que não existe. Desde que não entortem dados
nem divulguem informações não checadas. E eles fizeram isso.
Outra constatação é que o mundo "não acabou" com a eleição de
Bolsonaro, como não acabaria se o eleito fosse Haddad. A bravata de MST,
MTST, CUT, sindicatos e outros bandos, de que iam parar o Brasil e
tocar o terror, é só isso, bravata. Foi bravata em relação a Temer, a
Lula preso e é bravata em relação a Bolsonaro.
De triste o discurso de Haddad: mal educado (não cumprimentou
Bolsonaro), autista (deu a impressão de que ganhou), arrogante (dizendo
que vai "resgatar a democracia" daqui a 4 anos), desrespeitoso (dizendo
que seus eleitores não precisam ter medo porque "nós estaremos aqui").
A eleição acabou e não se espera nada além da oposição sistemática e
irracional que o PT sempre mostrou fora do poder, só que dessa vez como
anão. De Bolsonaro esperamos que cumpra o que defendeu ao longo da
campanha. Foi por defender estas ideias que o brasileiro o elegeu.
Muita gente da imprensa "esquerda" vai ficar cobrando Bolsonaro desde
agora, mesmo ele só assumindo em janeiro. A intenção é que ele já assuma
o cargo desgastado para o PT passar a pedir seu impeachment uma semana
depois, como fez com Sarney, Collor, Itamar, FHC e Temer. É patológico.
De nossa parte e da imprensa que leva a sério o compromisso com os
leitores, vamos analisar, comentar, criticar ou elogiar tendo como
parâmetro que ele ainda não assumiu, que tudo pode mudar quando isso
acontecer. Só depois de 6 meses será possível ter uma noção correta
sobre como será o governo.
Antes disso não é jornalismo, é política.
# O editorial de A Região, por Marcel Leal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário