Em março de 1974, vimmorar e estudar em Salvador.
Um mêse pouco depois retornei a Jaguaquara para passar a Semana Santa, rever
meus pais, irmãos, parentes, amigos e curtir a cidade que “pegava fogo”!Dois
dias depois, com um amigo-irmão, bati o Corcel II novo do meu pai num poste.
Sobrevivemos, apesar do carro não prestarpra mais nada. Levei 17 pontos na
boca, meu amigo, pontos nos joelhos e sofremos muitas escoriações. Nossas mães
quase morreram naquele dia -de susto, de agonia e medo!...
No dia seguinte, com a boca toda inchada,
minha mãe me levou a um espelho e disse: “Meu filho lindo, tem duas cicatrizes
queficarão pra sempre com você, uma interna e outra externa”. Minha mãe era
“muito chata”, vivia aconselhando os filhos. Fiquei assustado,porque sabia que
viria uma grande lição de vida! Continuou ela: “A primeira cicatriz é a
interna, e nunca mais você vai esquecer, ela será a marca da sua
irresponsabilidade. A segunda cicatriz será a externa, que ficará para sempre nos
seus lábios, e toda vez que você olhar no espelho vai se lembrar da sua mãe.
Ela será a marca da sua desobediência.Silenciei-me e apertei a boca para não
chorar, tamanha era a vergonha!
Uns dez dias depois, minha mãe me trouxe a Salvador.
Passamos o fim de semana juntos, ela conversava eme aconselhavamuito, mas eu sentia
algo estranho, nunca esqueci daqueles dias. Ela retornou a Jaguaquara e uma
semana depois ela partiu, nos deixou, ela retornou a casa do Pai. Sofri como
nunca sofri até hoje!
No último domingo, 4 de novembro, minha primeira
filha que mora em São Paulo, teve o primeiro filhinho – o “carinha” antecipou
sua estreia no palco da vida. Por isso não podemos estar com ela, assistimos ao
parto normal pela net. Nossa, quanta emoção! A mãe daqui extremamente nervosa,
chorosa, impaciente, apenas via, sem poder fazer nada. Do outro lado, a futura
mamãe, lutava bravamente para colocar sua cria no mundo. Quarenta e cinco
minutos depois, virei vovô, e a mãe da mais nova mamãe, vovó. E a família vai
crescendo e amor de mãe (s) mais ainda.
O instinto feminino faz coisas
inacreditáveis, indescritíveis – basta ver os animais! Quando o Luca
“Bellezinha” chorou, minha querida filha, deixou de ser um pouco a minha filha,
para ser maisa mãe do seu querido filho. A ligação umbilical entre mãe e filho (s)
é eterna, jamais se rompe. Obras do Criador são irretocáveis, imutáveis!
Amor de mãe não tem idade, largura, tamanho, cor
ou sabor, porque é igual ao Universo, sem-fim! É tão imenso e intenso que ainda
bem seu filho não nasceu e o amor dela já supera o irracional, o impensável! Não
respeita trovoada, enxurrada, escuridão, chuva, sol,lua; amor de mãe superao medo,não
escuta arazão, a lei, a fome, a piedade;ousa, extermina sem dó e sempiedade
tudo para proteger a sua cria. Mata e morre pelo filho.
Mãe de verdade não faz distinção. Elaé mãe de
rico, famoso, pobre, bandido,assassino ou ladrão; vai à cadeia poramor e compaixão,
porque não aguenta ver o filhosofrendo, mesmo que ele não tenha bom coração. Um
amor que começa dentro de uma mulher é infinito!Mesmo quando o filho
escolhecaminhos escusos, tirando a sua paz, ela silencia, tentando protegê-lo e
dar alento a seusofrido coração.
Bendito foi aquele dia que bati o carro do
meu pai, e fiquei com a lembrança(marca) da minha mãe nos meus lábios, porque,
diariamente, quando me vejo em um espelho, penso na pessoa que mais me amou
nesta vida, minha querida e inesquecível mamãe. Escrevi o livro Caminhando com
Walkyria em sua homenagem para registraro prazer, o orgulho que tenho de ser
seu filho.
Certamente que a minha filha, agora mamãe do
seu filho, saberá saborear, curtir e desfrutar este poder mágico e amor maior
que Deus só permitiu às mulheres - ser mãe! Por isso sempre digo, mãeé anjo de
Deus disfarçada de mulher.
Sérgio Belleza é administrador, empresário, consultor e autor dos livros, Caminhado com Walkyria e Ascensão e Queda de um Império Econômico.
srsbelleza@bol.com.br
/www.sergiobelleza.com.br
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