Numa entrevista à GloboNews no final da tarde de quinta-feira, o Ministro Henrique Meirelles, além de focalizar o adiamento do projeto de reforma da Previdência, acentuou que o governo Michel Temer pode apresentar diversos resultados positivos: recuperação da confiança na economia, aumento da renda, ampliação do consumo. A entrevista do titular da Fazenda foi destacada também na reportagem de Geralda Doca, Manoel Ventura, Cristiane Jungblut e Bárbara Nascimento, O Globo desta sexta-feira. Vamos por partes.
Em primeiro lugar, a meu ver, em vez de confiança aumentou a desconfiança. A reação à reforma da Previdência é um fato incontestável. O consumo pode ter realmente subido, porém acompanhado de maior endividamento da população.
ALEGAÇÃO FALSA – A renda do trabalho não pode ter aumentado, ao contrário do que sustenta Henrique Meirelles. Para isso, Meirelles sabe muito bem era imprescindível a evolução dos salários. Não aconteceu.
A começar pelo fato de o governo ter adiado, não apenas o aumento de salário, mas a correção inflacionária de 2018 para os funcionários públicos para 2019. A inflação do IBGE em 2016 foi calculada em 4,5%. A taxa inflacionária fixada pelo mesmo IBGE para 2017 é de 3% . Temos assim, em dois anos uma correção de 7,5%. Quem recebeu de acréscimo menos que isso foi reduzido em seus vencimentos.
Como a quase totalidade dos 100 milhões de homens e mulheres que formam a mão de obra ativa do país não se enquadra nessa escala, em consequência a renda não pode ter subido. O ano de 2017 ainda não acabou é verdade. Mas deve ter acabado a esperança dos que trabalham de receber pelo menos a reposição inflacionária.
CRUCIFICADOS – O título deste artigo está inspirado na obra de Carlos Heitor Cony, “Informação ao Crucificado”. Hoje 2000 anos depois, crucificados estão sendo os assalariados brasileiros.
O governo resolveu rever pontos amargos para os funcionários da projetada reforma da Previdência. Um desses pontos é o de restabelecer a regra de transição para os admitidos até 2003. Outro ponto, este incrível, é o de fixar o teto de apenas dois salários mínimos para que servidores possam acumular aposentadoria com pensão. Uma coisa nada tem a ver com outra. Portanto claramente o projeto de Henrique Meirelles de Previdência foi marcado pela imprevidência.
UM OUTRO ASSUNTO – A revista Veja, na edição 2.560, coluna Radar assinada por Maurício Lima, informa que Luciano Huck, embora tenha publicado artigo na Folha de São Paulo dizendo que não será candidato à Presidência da República, continua desenvolvendo articulações políticas nesse sentido. Maurício Lima acrescenta que Huck pediu a Armínio Fraga uma relação de nomes de economistas aos quais deseja fazer consultas.
Luciano Huck talvez se baseie na disposição do eleitorado em rejeitar políticos tradicionais. No Brasil há os exemplos de João Dória e Romário, vitoriosos nas urnas. Nos EUA o reality show de Donald Trump levou-o à Casa Branca.
Sem Lula a sucessão presidencial brasileira transforma-se num enigma. Isso de um lado. De outro, a rejeição aos políticos constitui fato notório causando uma sensação geral.
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