Incêndio na boate Kiss causou 241
mortes Crédito: Mauro Schaefer / CP Memória
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Três meses após a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria,
um ato deve mobilizar boa parte da população da cidade neste sábado. Às 3h 20min
– horário que teria começa o incêndio na casa noturna – ocorrerá um minuto de
palmas e buzinaços na Praça Saldanha Marinho. O ato se repetirá às 8h.
À
tarde, uma caminhada será realizada a partir das 18h30min até a Basílica da
Medianeira, na Avenida Nossa Senhora da Medianeira. Ao longo do trajeto, serão
colocadas fita pretas e brancas nos postes, com o objetivo de simbolizar o luto
e a paz de amigos e familiares das vítimas. A missa está prevista para começar
às 20h.
De acordo com o presidente da Associação de Familiares de Vítimas
do Incêndio na Boate Kiss, Adherbal Alves Ferreira, o ato deverá ser repetido
todo o dia 27, para que a tragédia não caia no esquecimento. “Com a programação
queremos mostrar que ninguém esquece a tragédia do dia 27 de janeiro que matou
nossos filhos”.
A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público (MP)
que responsabilizou oito pessoas pelo incêndio. Os dois sócios da casa noturna,
Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann; o produtor musical da banda Gurizada
Fandangueira Luciano Augusto Leão; e o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos
serão julgados por homicídio doloso. Os quatro, que estão presos na
Penitenciária Estadual de Santa Maria, irão a júri popular.
O titular da
1ª Vara Criminal do município, juiz Ulysses Louzada, também aceitou a denúncia
contra o major do Corpo de Bombeiros Gerson da Rosa Pereira e o sargento da
corporação Renan Severo Berleze por fraude processual – ambos foram acusados de
incluir documentos na pasta referente ao alvará da boate Kiss após a tragédia.
Serão julgados por falso testemunho o ex-sócio da casa noturna Élton Cristiano
Uroda e Volmir Aston Panzer – este era contador da GP Pneus, empresa de
propriedade do pai de Kiko Spohr.
A Polícia Civil responsabilizou 28
pessoas, direta ou indiretamente, pelo incêndio. Dessas, 16 foram indiciadas
criminalmente. O inquérito também relacionou outras 12 pessoas, como outros
bombeiros, secretários municipais e o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer
(PMDB), por indícios de prática de crimes ou irregularidades. Eventuais
processos contra elas, no entanto, correrão em foro específico.
A
tragédia
O incêndio na boate Kiss – que fica na Rua dos Andradas,
Centro de Santa Maria – começou entre 2h30min e 3h da madrugada de 27 de
janeiro. O público participava de uma festa organizada por estudantes da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Segundo testemunhas, o fogo
teria começado quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que
acabara de subir ao palco, lançou um sinalizador. O objeto teria encostado na
forração da casa noturna. As pessoas não teriam percebido o fogo de imediato,
mas assim que o incêndio se espalhou, a correria teve início. Conforme relatos,
os extintores posicionados na frente do palco não funcionaram.
Em pânico,
muitos não conseguiram encontrar a única porta de saída do local e correram para
os banheiros. Aqueles que conseguiram fugir em direção à saída, ficaram presos
nos corrimãos usados para organizar as filas. A boate foi tomada por uma fumaça
preta e as pessoas não conseguiam enxergar nada. Exames do Instituto Geral de
Perícia (IGP) confirmaram que as 241 mortes ocorreram por asfixia, em função da
inalação de dióxido de carbono com
cianeto.
Fonte: Renato Oliveira
/ Correio do Povo
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