Ninguém estava dançando em Muçum, ou em Roca Sales, cidades gaúchas que foram dizimadas pela água e pelo lodaçal. Guilherme Macalossi para a Gazeta do Povo:
O
cônjuge de um presidente da República não desempenha qualquer função
oficial. Não recebe para isso. Homem ou mulher, a nomenclatura que
adquire é advinda de seu parentesco. Ainda assim, pela proximidade com
quem exerce o poder, tem status e benefícios, bem como certas
responsabilidades institucionais inatas. Sua posição lhe exige decoro,
prudência e discrição. É tudo o que falta para a atual primeira-dama. Janja da Silva, que se casou com Lula em 2022, esbanja inadequação e deslumbramento, inclusive para prejuízo do atual governo.
Na
última semana, enquanto voluntários e equipes da Defesa Civil e do
Corpo de Bombeiros se desdobravam no esforço de encontrar desaparecidos e
salvar pessoas em situação de risco nas áreas inundadas no Rio Grande
do Sul, Janja voava para a Índia acompanhando o marido. Antes de
embarcar, escreveu nas redes sociais que teria 20 horas para tuitar. A
postagem contrastou com a agenda anterior do casal presidencial, que não
teve um único minuto para visitar as vítimas de uma das maiores
tragédias naturais da história do Sul do país.
Não
sendo o bastante, já em Nova Dheli, Janja publicou um vídeo comemorando
a chegada. Sorridente, apareceu fazendo “Namastê” e dizendo “Olá,
Índia! Boa noite. Me segura que eu já vou sair dançando”. Ninguém estava
dançando em Muçum, ou em Roca Sales, cidades gaúchas que foram
dizimadas pela água e pelo lodaçal. Ciente do prejuízo político, a
assessoria do Palácio do Planalto removeu o vídeo, mas não a tempo de evitar que circulasse pela web, gerando incontáveis memes.
Essa
postura indiferente, quase que como a de uma blogueira sem noção da
realidade, não é inédita. No início de 2023, quando chuvas castigaram o
litoral norte de São Paulo, a primeira-dama não interrompeu sua
participação do carnaval. Continuou sambando em Salvador. Naquela
oportunidade, Lula foi até a região, mas a imagem dela fazendo festa em
Salvador não foi bem recebida.
A
alegação de que Janja não governa ignora o fato de que, por ser a
esposa do presidente, não pode ficar à margem de situações dramáticas. É
preciso decoro nessas horas, e saber que sua imagem está indelevelmente
ligada a do presidente.
A
primeira-dama vem sendo fanaticamente protegida e paparicada pela
militância lulopetista. Críticas à sua conduta são respondias como
expressões de “misoginia” e “machismo”, aquelas palavrinhas mágicas do
dicionário ideológico identitarista que servem de escudo para qualquer
coisa. Por sua formação como socióloga com especialização em história,
alguns imaginam que Janja possa ser a Ruth Cardoso de Lula. Até aqui ela
não conseguiu nem mesmo ser Dona Marisa, que não era intelectual, mas
ao menos tinha senso de ridículo.
Postado há 3 weeks ago por Orlando Tambosi
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