MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 5 de julho de 2020

Por que a beleza importa?


A capacidade de admirar o belo, talvez, seja a maior diferenciação entre os humanos e os outros animais. Uma declaração explicita da nossa racionalidade. Somos a única espécie capaz de analisar e apreciar a estética.
E a arte é a expressão do belo. De Bach a Da Vinci; de Michelangelo a Shakespeare, só foram imortalizados aqueles que criaram legados de beleza e harmonia.
Não é artista, portanto, aquele que nega a estética. Pode ser um ator, cantor, escritor, escultor, pintor, mas não artista. A arte é beleza.
Relativizar o belo abre espaço para que muitas outras coisas sejam relativizadas. Se conseguem fazer-nos duvidar dos nossos próprios olhos, conseguem que duvidemos inclusive da verdade. Se a estética é relativa, todo o resto também é.
Assim, a moral, com a sua subjetividade inerente, fica absolutamente vulnerável. Assim, num mundo de artistas que não fazem arte, abre-se espaço para filósofos que não filosofam. Afinal, a beleza está para arte como a verdade está para a filosofia.
Na própria etimologia, aliás, o objetivo já se define: PHILOS (Amor, amizade) SOPHIA (sabedoria). Não por acaso, nas faculdades de filosofia são estudadas as obras de físicos, matemáticos, astrônomos, cientistas, inventores ou artistas. Ser filósofo é uma característica, não um título acadêmico. É definido pelo profundo amor pelo saber, não por um diploma na parede.
Sendo assim, um ideólogo jamais será um filósofo. Quando se coloca a ideologia à frente da sabedoria, inevitavelmente, corrompe-se a verdade, manipula-se o saber; algo inadmissível para quem ama o conhecimento.
Dizer que palestrantes midiáticos ou militantes são filósofos é uma ofensa a Platão, Aristóteles, Marco Aurélio ou Voltaire.
A relativização da verdade, então, que carece do pensamento crítico para ser compreendida, depende da relativização da beleza, que só carece dos sentidos naturais.
Quem viu a Escultura Velada de Corradini encantaria-se pelo Abaporu de Tarsila? Quem ouviu Pachelbel toleraria Anitta? Quem conheceu Hamlet assistiria Macaquinhos?
Quando norteados pelo belo, sem que o grotesco seja exaltado pela mídia ou que o óbvio seja contestado pelos "intelectuais", conseguiremos -enfim- enxergar as verdades com maior clareza, despidas de todo relativismo.
"A Beleza salvará o mundo." (DOSTOIÉVSKI, Fiódor)

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

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