O número de mortes pela Covid-19 quadruplicou em apenas um mês em Feira
de Santana, a segunda maior cidade da Bahia e que fica distante 100 km
de Salvador. Os dados foram levantados após comparação dos boletins
epidemiológicos de junho e julho. Até o dia 9 de junho, a cidade havia
registrado 20 mortes pelo novo coronavírus. Um mês depois, em 9 de
julho, o total das mortes pela doença era 81. Conforme os dados mais
recentes, divulgados na segunda-feira (13), o número já chegou a 84.
Apesar do crescimento, o Comitê de Combate ao novo coronavírus da cidade afirma que a taxa de mortalidade é considerada baixa.
“É uma taxa de mortalidade de cerca de 0,6%, que é uma taxa de
mortalidade bem baixa. Isso também se a gente for pensar nos casos
subnotificados. Nos casos que têm sintomas leves, que são assintomáticos
e que não chegamos a notificar, a mortalidade é muito menor. Em alguns
estados do país, tem até 5% de moralidade. Nossa taxa em Feira de
Santana é 0,6%. Então é uma taxa considerada boa", disse Melissa Falcão,
coordenadora do Comitê.
Ainda de acordo com o boletim, 22% das pessoas que morreram com a doença
não tinham outras doenças associadas. O enfermeiro Eduardo Nunes da
Silva, de 38 anos, que morreu no dia 6 deste mês, se enquadra nesse
perfil.
O irmão dele, Leonardo, conta que o enfermeiro ficou sem medicamentos e que enfrentou problemas para internamento.
“Quando foi no dia 7, ele pernoitou em um ambulatório particular. E o
mesmo negou atendimento por falta de carência. Alegando que ele não
tinha carência para poder ser internado na rede privada. Aguardou uma
vaga no hospital de campanha, que tinha quatro dias de inaugurado, e lá
ele entrou no hospital andando, inclusive. No primeiro dia, ele estava
com o celular, conseguiu entrar, talvez não foi fiscalizado, mas isso
valeu porque nós ficamos atentos. Ele mesmo pedia para eu pedisse a
assistente social o medicamento. Ele dizia: ‘Leonardo, fale com a
assistente social que eu ainda não fui medicado", disse.
A operadora de saúde União Médica, que atendeu Eduardo no primeiro
momento, disse que não houve negativa de atendimento e que ele recebeu
toda assistência necessária enquanto esteve aos cuidados da empresa. A
assessoria do hospital de campanha informou que, diariamente, o médico
de plantão realiza chamada de vídeo com a família dos pacientes, mas não
respondeu à queixa da família sobre os medicamentos.
Sobre o uso do celular, a unidade disse que todos os pacientes que dão
entrada passam por triagem, onde são recolhidos adereços e acessórios
pessoais que possam acumular bactérias, e que Eduardo também passou por
essa triagem e que, ainda durante troca de roupa, a equipe identificou e
guardou o aparelho de celular, além de outros objetos.
Para a irmã de Eduardo, ficou a saudade. Ela pede para que as pessoas sejam cuidadosas.
“A casa está muito vazia. Cada canto lembra ele. É inacreditável [...]
Sejam conscientes. Essa doença é séria e não mede quem pega. É preciso
se conscientizar", pontuou Caroline Nunes, irmã de Eduardo.
Por causa do novo coronavírus, a prefeitura de Feira de Santana prorrogou o fechamento do comércio.
Outro anúncio de fechamento do comércio já havia sido feito pelo
prefeito no começo do mês. Feira de Santana registrou 100% de ocupação
dos leitos de UTI, depois que a prefeitura afrouxou as medidas de
isolamento e reabriu o comércio em junho.
Conforme dados divulgados na semana passada, Sim, Tomba e Mangabeira
lideravam o número de casos da Covid-19 por bairros em Feira de Santana.
No presídio da cidade, mais de 50 detentos estão com Covid-19. Além
disso, 22 servidores também foram infectados: 12 são agentes e 10 são
profissionais da saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário