Para Joviniano Neto, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), é prematura a ideia de adiar eleições
Foto: Reprodução / Google Imagens
Por: Henrique Brinco
A ameaça do novo coronavírus (COVID-19) deverá impactar nos rumos das eleições municipais de 2020. Os marqueteiros estão diante de um cenário que não estava no roteiro dos candidatos e muito menos dos atuais gestores. As mudanças irão além do evitar contatos mais próximos, como por exemplo, abraços e apertos de mão. Em Salvador, os pré-candidatos suspenderam as campanhas corpo a corpo. Entretanto, os prejuízos da pandemia ainda são incalculáveis.
"Está tudo imprevisível. O vírus não tem ideologia e não é o momento de pensar em política. Primeiro temos que ver o que vai acontecer no país. Ninguém sabe o que vai acontecer na Previdência, na bolsa, no sistema educacional... Isso se for mantido o calendário eleitoral. Quando a poeira baixar, vamos avaliar", declarou um importante marqueteiro da cidade, em condição de anonimato, à Tribuna.
O pré-candidato do DEM, Bruno Reis, também afirma que a prioridade do momento é pensar na vida das pessoas. "Isso está à margem de qualquer energia e atenção nesse momento. Tenho dedicado a energia junto ao prefeito [ACM Neto para combater a doença]. Tenho participado de reuniões, dando opiniões, colaborando nas decisões a respeito dos serviços que foram suspensos, sejam público e privados. Esse é o foco. Sempre nos momentos de crise, a gente estava ajudando o prefeito para dar a resposta que a cidade espera", declara à reportagem. A principal pré-candidata do PT, Major Denice Santiago, não foi encontrada para comentar o tema. O partido, aliás, suspendeu por tempo indeterminado o encontro que definiria a ex-comandante da Ronda Maria da Penha como representante oficial da agremiação nas urnas.
Ir para as ruas e manter velhos hábitos, costumes típicos de campanhas eleitorais, certamente terão que ser repensados, pois ainda que o candidato não se “importe” com a eventual contaminação com o COVID-19, o eleitor pode facilmente dar uma negativa na tentativa de contato, principalmente se até o período da campanha a “novela coronavírus” ainda não ter chegado ao último capítulo. O marketing digital pode ser uma alternativa para amenizar certas ações que, talvez, não sejam recomendadas ou efetivas. “O marketing digital é um caminho viável, especialmente por podemos mensurar as ações. Além disso, é zero possibilidade de contagio com o COVID-19”, comenta o jornalista e diretor executivo da Agência YellowFant, Paulo Maneira.
As redes sociais também estão tendo um papel fundamental na divulgação educativa sobre detalhes da doença, especialmente na prevenção. No período das campanhas, essa atuação tende a continuar com protagonismo, pois as pessoas passarão a optar ficar em suas casas e utilizarem mais os meios digitais como caminhos mais seguros para evitar contaminação.
Na avaliação do cientista político Joviniano Neto, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), é prematura a ideia de adiar eleições. Para o baiano, em função do pleito ser ainda em outubro, há tempo hábil para que as autoridades planejem um esquema especial para o período. "Acho um absurdo. Você pode tomar medidas especiais de segurança, nem que seja distribuir pilhas de máscara ou determinar o afastamento das pessoas. Você pode dividir também as sessões eleitorais, que hoje têm em média 300 pessoas. Pode fazer sessões de até 100 pessoas", avalia.
Ontem, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), diz que as eleições municipais no Brasil, marcadas para outubro, não devem ser adiadas. O ministro, que assumirá a presidência do tribunal em maio, diz esperar que a crise do coronavírus já tenha passado até o pleito. Nos bastidores, juristas falam que uma emenda constitucional aprovada no Congresso Nacional poderia adiar a eleição em caso de necessidade.
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