Quadrilha presa nesta sexta facilitava aprovação de candidatos em exames.
Candidatos podiam escolher quais pacotes de exames comprariam.
A corregedora do Detran-MS, Aline Lopes, mostrou
como quadrilha atuava (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)
Até pessoas analfabetas e com problemas de visão conseguiram tirar a Carteira Nacional de Habitação (CNH) em Mato Grosso do Sul, graças a atuação de uma quadrilha, que segundo a Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), facilitava o processo de concessão do documento dentro do órgão.como quadrilha atuava (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)
Segundo a corregedora do Detran, Aline Lopes, sete funcionários do órgão são suspeitos de envolvimento nas fraudes e seis foram presos nesta sexta-feira (13), durante a Operação Sinal Vermelho, que desarticulou a quadrilha.
Além dos servidores foram presos ainda outras 11 pessoas em Campo Grande, Naviraí, Juti, Douradina, Dourados, Caarapó e Itaquiraí. Entre os presos estão examinadores do Detran, médicos, instrutores, proprietários de centros de formação de condutores e aplicadores de provas teóricas.
Aline Lopes diz que a suspeita é que a quadrilha agia há pelo menos dois anos. A investigação que levou a descoberta do esquema, conforme ela, começou há cinco meses, quando o Detran-MS descobriu que alguns condutores que conseguiram a CNH, sequer, tinham passado pelos exames.
A corregedora diz que o esquema era intermediado pelos instrutores das autoescolas que faziam o contato com os funcionários do Detran. O custo da aprovação dependia do 'pacote' de exames que era comprado pelos clientes do esquema.
“Existiam vários valores, de R$ 800 a R$ 3 mil, dependendo do pacote, que é como eles tratavam o conjunto de exames médico, psicológico, teórico e prático”, afirma Aline Lopes, completando que existia até um desconto para o pacote completo, com os quatro exames.
De acordo com a corregedoria, nove pessoas já foram ouvidas. Uma confessou o crime. Os 17 presos estão distribuídos nas celas do Grupo Armado de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras) e da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (Defurv), em Campo Grande. A prisão dos suspeitos é temporária, por cinco dias, podendo, ser prorrogada para 30 dias.
Conforme a polícia, os suspeitos de envolvimento no esquema devem ser indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, falsificação de documentos e corrupção passiva.
Já os condutores que compraram o pacote de facilidades para tirar a CNH vão perder o documento e ainda podem responder por falsificação de documentos e corrupção ativa.
O órgão, segundo Aline Lopes, ainda não tem a quantidade de carteiras de habilitação que foram emitidas de modo fraudulento e nem a estimativa de quanto a quadrilha movimentava.
Festas para comemorar
A divisão dos lucros com a operação da quadrilha era feita, de acordo com a corregedora do Detran, em festas que eram regadas a álcool e com mulheres. No momento da prisão nestasexta, conforme ela, um dos instrutores foi flagrado com uma arma de fogo.
Diretor do Detran-MS, Francisco Libório, e a corregedora do órgão, Aline Lopes (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)
Segundo o coronel Francisco Libório Silveira, diretor executivo do Detran, caso seja comprovada a participação dos funcionários do órgão, eles serão punidos com demissão após ser aberto um processo administrativo.
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