A esquerda radical usurpou o Partido Democrata e, em nome do
"liberalismo", prega a total implosão dos pilares que fizeram dos EUA
uma grande nação livre e próspera. Artigo de Rodrigo Constantino, via Gazeta do Povo:
Escuta-se com frequência na mídia a noção de que vivemos tempos muito
polarizados e radicais. Em parte isso é verdade. Mas o viés ideológico
da imprensa impede um diagnóstico mais preciso do fenômeno. E isso
ocorre tanto no Brasil como em outros países, incluindo os Estados
Unidos.
O verdadeiro radicalismo tem vindo muito mais da esquerda que da
direita. Se Trump e Bolsonaro demonstram alguns indícios de populismo ou
ideias mais ousadas, parece inegável que, em geral, pregam medidas
bastante razoáveis e até moderadas. Por outro lado, não podemos dizer o
mesmo dos democratas e dos “progressistas”.
Se o leitor duvida, então que tal imaginar um conservador falando em
abolir o imposto de renda, zerar todas as alíquotas de importação ou
retirar totalmente qualquer rede de proteção social? Parece absurdo,
certo? E, de fato, absolutamente nenhum político republicano prega tais
bandeiras.
Enquanto isso, socialistas democratas, grupo em ascensão dentro do
partido, falam abertamente em instaurar imposto de mais de 70%
(confisco?), criar um planejamento central digno do regime soviético ou
permitir o aborto até o último mês de gravidez. E o pior: tais propostas
não são tratadas como insanas pela mídia. Ao contrário: esses
extremistas são tidos como progressistas, sem aspas, e defensores da
“igualdade social”.
Bernie Sanders talvez seja o melhor exemplo. O sujeito passou a lua
de mel na União Soviética, defendeu a ditadura cubana no passado e fez
vista grossa ao modelo venezuelano de Maduro mais recentemente, prega a
socialização completa do sistema de saúde, quer impostos altamente
progressivos, e mesmo assim não recebe a pecha de extremista nos
jornais. Trump, sim, seria um extremista, segundo esses jornalistas.
O Partido Democrata, aliás, está tomado por esses esquerdistas
radicais. Quase todos os pré-candidatos para 2020 são ou socialistas ou
tribalistas, ou seja, adeptos da política de identidade, que segrega a
população com base em alguma categoria coletivista qualquer, como raça
ou gênero. Tudo se resume a concentrar no Estado todo o poder, dividir o
povo entre opressores e vítimas, e detonar o legado da América. Mas
radical, claro, é Trump...
A nova estrela do partido, Alexandria Ocasio-Cortez, que servia
bebidas num bar até pouco tempo atrás, virou uma “especialista” em
economia, clima e ciência, sendo que já deu inúmeras demonstrações de
profunda ignorância em todos os temas. Não importa: prega com extrema
arrogância medidas ultrarradicais, que beiram ao infantilismo com
pitadas stalinistas, mas segue sendo respeitada pela imprensa, vista
como detentora de uma visão nobre do futuro.
É impossível acompanhar de perto da política americana e discordar de
Barry Rubin, que escreveu um livro sobre a tese de uma “revolução
silenciosa” na América. A esquerda radical usurpou o Partido Democrata, e
em nome do liberalismo, como se fossem progressistas, esses extremistas
pregam uma total implosão dos pilares que fizeram da América uma grande
nação livre e próspera. “Silenciosa” porque esses revolucionários
marxistas ainda são tratados como moderados, enquanto os moderados que
tentam impedi-los acabam tachados de radicais de “extrema-direita”.
No Brasil não foi muito diferente. É verdade que Bolsonaro tem, sim,
uma ala radical ao seu lado, uma turma que não se importa em adotar os
métodos similares de seus inimigos. Mas, em geral, o que se viu até aqui
é bastante razoável, seja a proposta anticrime liderada por Sergio
Moro, seja a inadiável reforma previdenciária apresentada pela equipe do
liberal Paulo Guedes dias atrás. É puro bom senso, redução de
privilégios da casta de servidores públicos, mais igualdade entre homens
e mulheres.
E como reagiu a esquerda? No minuto seguinte à apresentação da
proposta, já estava fazendo protestos. Eles leram o texto? Claro que
não. E nem precisam: sabem que qualquer mudança vai reduzir vantagens
indevidas, e como os reacionários extremistas que são, tomam as ruas
para lutar por seus privilégios. Mas eis que é Bolsonaro o radical,
enquanto aqueles que tentam melar qualquer avanço institucional ou a
necessária interrupção do crescimento descontrolado da dívida pública
posam de “justiceiros sociais” e “progressistas”. É uma piada!
O grau de extremismo desses que falam em nome das minorias e dos
pobres atingiu um nível assustador. Eles querem subverter todo o código
de valores morais vigentes, aniquilar com qualquer tradição que
sobreviveu ao teste do tempo, e mergulhar seus países num experimento
coletivista igualitário, que já se mostrou um retumbante fracasso ao
longo de um século de tentativas em diversos lugares diferentes. Não
obstante, não são Sanders, Ocasio-Cortez e Kamala Harris nos Estados
Unidos, ou então a patota do PSol no Brasil, que acabam expostos pela
imprensa como os radicais que são, e sim os liberais clássicos e
conservadores que pretendem simplesmente preservar o legado da
civilização ocidental e aquilo que efetivamente funcionou para gerar
riqueza e empregos, além de garantir liberdades básicas.
Quando a mídia embarca nessa narrativa, perde mais credibilidade
ainda, pois comprova seu viés ideológico e sua postura torcedora e
partidária. Esses dias, por exemplo, a CNN, uma emissora bem
esquerdista, contratou uma colaboradora republicana para a cobertura das
eleições do ano que vem. Foi o suficiente para despertar a fúria dos
“progressistas”, os mesmos que falam em pluralismo e tolerância. É
preciso manter uma hegemonia absoluta, caso contrário haverá forte
reação.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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