Ampère 2024 destacou caminhos para a descarbonização e soluções de mobilidade sustentável no Estado
Evento que reuniu nos dias 30 e 31 de outubro no Expominas, em Belo Horizonte, mais de 4 mil visitações reforçou a necessidade de inovação e políticas públicas para reduzir emissões de carbono e avançar em soluções de mobilidade sustentável.
Minas Gerais, um estado cuja riqueza mineral se estende a mais de 144 tipos de minérios, com pelo menos 70 deles aplicáveis a novas tecnologias de energia sustentável, foi o centro das discussões sobre mobilidade sustentável no evento Ampère 2024. Em sua terceira edição, o Ampère Ecossistema da Mobilidade Sustentável contou com mais de 4 mil visitações e reuniu especialistas e autoridades do setor de mobilidade para debater os desafios e soluções para a redução de emissões de carbono e a adoção de tecnologias de baixo impacto ambiental, fundamentais para um futuro verde no Estado e no país.
Na abertura do evento, no dia 30 de outubro, o foco foi a necessidade de reduzir as emissões de carbono para alcançar um futuro de mobilidade limpa. Em sua apresentação, Janayna Bhering, gerente de projetos da FUNDEP e coordenadora do Programa Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), destacou como políticas progressivas podem transformar a mobilidade urbana, reduzir a pegada de carbono e trazer qualidade de vida. “Minas Gerais possui as condições e recursos necessários para construir um modelo de mobilidade sustentável, mas é preciso um esforço coordenado entre governo, empresas e sociedade civil para adotar tecnologias que reduzam as emissões e promovam eficiência energética,” afirmou.
A secretária adjunta de estado de desenvolvimento econômico de Minas Gerais, Kathleen Nascimento, pontuou os esforços do Estado com a pauta, e lembrou que o estado foi o primeiro da América Latina a aderir ao programa global Race to Zero, cujo objetivo é eliminar as emissões líquidas de carbono até 2050. "Além dos esforços com o biogás, Minas Gerais está liderando com programas que incentivam o uso de etanol e biocombustíveis, visando o aumento de uma frota de veículos sustentáveis, estimada em 900 mil até 2026," disse. Segundo ela, o trabalho do estado é criar uma estrutura sólida para a comercialização e distribuição de biocombustíveis, de modo que o aumento da demanda e da produção influencie positivamente os preços, facilitando o acesso da população a essas tecnologias.
O embaixador e piloto de Fórmula E, Sérgio Sette Câmara, foi um dos convidados a discutir a interseção entre o automobilismo e a mobilidade sustentável. Ele enfatizou que, apesar dos avanços, ainda existem barreiras significativas para tornar os veículos elétricos acessíveis ao público em geral, especialmente devido à cultura e à paixão por carros convencionais. "Romper com essa tradição é desafiador, pois os veículos elétricos apresentam particularidades, como o silêncio na condução e o atual limite das baterias em longas distâncias," comentou o piloto. Sette Câmara ressaltou que, no automobilismo, o veículo elétrico oferece agilidade e economia impressionantes, mas tornar essas alternativas viáveis para a população demanda uma adaptação cultural e uma infraestrutura robusta.
Para ele, a chave para democratizar o acesso a essa tecnologia está no fortalecimento do transporte público sustentável. "É fundamental que se invista em transporte público com baixas emissões e que esse seja acessível a todos," acrescentou Sette Câmara. A criação de um sistema de transporte público elétrico não apenas reduziria o impacto ambiental, mas também possibilitaria que a população experimentasse os benefícios da mobilidade sustentável em larga escala, contribuindo para a aceitação e adoção desses modelos.
O ponto alto do Ampère no dia 31 foi a apresentação do 3º Anuário da Mobilidade Elétrica, realizada por Lucas Dornelas, membro da Fundep e da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME). Em sua apresentação, Dornelas destacou o cenário de expansão do mercado de veículos eletrificados no Brasil, impulsionado pela crescente demanda por mobilidade sustentável e pelo aumento da infraestrutura de recarga. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o país superou as 150 mil unidades de veículos eletrificados vendidas já em outubro de 2024, atingindo uma meta projetada apenas para o fim do ano. Apesar do avanço, o Brasil ainda enfrenta desafios para alcançar outros países da América Latina, ocupando atualmente a 4ª posição em eletromobilidade, atrás de Chile e Colômbia, que contam com políticas públicas e incentivos fiscais mais agressivos, resultando em taxas de eletrificação de 21,38% e 11,36%, respectivamente.
Test-drives inspiram público a experimentar mobilidade do futuro
Outro ponto alto da terceira edição do Ampère 2024 foi a área de test-drives, onde alunos da rede pública e privada, estudantes de cursos de engenharia, tecnologia e inovação, além do público em geral, puderam vivenciar a mobilidade sustentável de maneira prática. Veículos elétricos de ponta, como um Mustang 100% elétrico e um modelo BYD, além de motos elétricas, estiveram disponíveis para testes. Os test-drives trouxeram para a prática as discussões sobre o futuro da mobilidade, oferecendo ao público jovem uma experiência imersiva nas tecnologias que já estão transformando o setor e evidenciando o potencial de inovação para o desenvolvimento de uma mobilidade mais verde.
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