Merval Pereira
O Globo
A rapidez com que a Câmara votou a taxação de fundos dos super-ricos, apenas horas depois da nomeação do indicado de Arthur Lira para a Caixa Econômica Federal, foi acintosa, para mostrar quem manda. O poder de Arthur Lira está crescendo muito.
Já tinha crescido com Bolsonaro, que entregou o comando da parte de legislação ao presidente da Câmara e ao centrão; não se metia mais, só queria saber de golpe.
NOVO MENSALÃO – Lula tentou reagir num primeiro momento, e hoje está entregue. É parecido com o que aconteceu no primeiro governo dele, quando rejeitou um acordo com o MDB costurado por José Dirceu e depois teve que chamar o partido e outros, e fez o mensalão.
Desta vez, Lula está entregando áreas estratégicas do governo para o Centrão e para Arthur Lira. É vergonhoso, porque a política brasileira está montada de tal maneira que nenhum presidente consegue governar sem se submeter ao Congresso.
A submissão poderia ser boa, porque é o Congresso que representa o povo brasileiro, mas desde que fosse na base de programas, de projetos para o país. Mas como é feito no Brasil – e não apenas por Lula –, não tem projeto algum, é só toma lá dá cá. É uma vergonha
FILHO DE LIRA – Além do mais, o jovem filho de Arthur Lira tem uma empresa que faz negócios com o governo federal e com a Caixa Econômica Federal, com faturamento equivalente a 15% do valor do contrato, apenas pela intermediação.
Tem que haver limites, ou fica uma coisa absurda, de país de quinto mundo. Perdeu-se o pudor completamente. Precisamos mudar a maneira de fazer política e de encarar os grandes problemas nacionais, ou não vamos sair do lugar.
Do jeito que a política partidária está montada, não tem como melhorar.
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