Para
garantir uma vida longeva de qualidade, é essencial que sociedade,
empresas e governo se unam em prol de políticas públicas e boas práticas
que favoreçam essa condição. Há sete edições, a Câmara Municipal de São
Paulo realiza o Congresso de Envelhecimento Ativo, um encontro que visa
conectar a sociedade ao debate sobre como envelhecer bem. Em 2019, a
Longevidade Expo+Fórum passou a incluir o congresso municipal em sua
programação, dando ainda mais corpo e conteúdo ao evento.
Neste
ano, o encontro teve como tema ‘A pessoa idosa e o planeta’. idealizado
pelo secretário municipal de Mudanças Climáticas da Prefeitura de São
Paulo, Gilberto Natalini e comandado pelo vereador Eliseu Gabriel, o
objetivo do congresso é destacar o papel e o engajamento dos prateados
na busca por um planeta mais sustentável, além de convidar as demais
gerações para a reflexão: se não houver sustentabilidade, haverá
longevidade?
Em
seu discurso durante a abertura, Natalini reforçou que é necessário
preparar a metrópole paulistana para receber essas pessoas que estão
atingindo a longevidade, e isso inclui cuidar do clima. “Decidimos
trazer o assunto do momento: o clima. Esse é um tema urgente que tem que
ser tratado por todas as gerações a fim de garantir o futuro da
longevidade em nosso planeta”, destacou.
O
vereador Eliseu Gabriel, atual coordenador do Congresso Municipal de
Envelhecimento Ativo, alertou para os efeitos que a mudança climática
tem causado em diferentes partes do mundo, como as inundações que
atingiram Nova York nos últimos dias, além do impacto que as intempéries
causam na saúde da população sênior. “É um tema sério e urgente, uma
vez que sabemos que os idosos sofrem tanto ou mais que outras
faixas-etárias com as consequências dessa situação”. O vereador destacou
ainda a importância do longevo nessa e em outras causas sociais. “A
humanidade depende do idoso, ele é o fio da história, a ligação entre o
que foi e o que continua. Precisamos destacar seu papel como agente
participativo e promover uma cidade inclusiva e preparada para
recebê-lo”, enfatizou.
A
secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Soninha Francine,
reforçou a necessidade de políticas públicas que enxerguem o indivíduo
de forma singular. “Em São Paulo tudo é grande, por isso, acredito que o
maior desafio seja pensar em políticas públicas que respeitem as
singularidades de cada um. As pessoas são diferentes umas das outras,
então devemos ter cuidado para não substituir estereótipos. Você não
precisa ser o idoso radical”.
Representando
o secretário municipal de Esportes e Lazer, Cacá Vianna, Dinéia Cardoso
celebrou as conquistas que elevam São Paulo como a capital da
Longevidade. Ela também enfatizou a importância do combate ao
sedentarismo e ao preconceito para uma longevidade de qualidade. Já a
secretária municipal da Pessoa com Deficiência, Silvia Grecco, reforçou a
necessidade de políticas que cuidem de longevos com deficiências. “Uma
pessoa com síndrome de Down hoje tem uma expectativa de vida de quase 70
anos. Precisamos estar prontos para tratar das pessoas PCDs na
longevidade, e também daquelas que adquirem deficiências em decorrência
da idade. Enquanto poder público, temos que pensar o que foi e o que
pode ser feito”.
O
presidente da longevidade Expo+Fórum, Walter Feldman, destacou o papel
do empreendedor, presidente da São Paulo Feiras e idealizador do evento,
Francisco dos Santos, em pleitear que o Congresso Municipal de
Envelhecimento Ativo fosse anual e ocorresse sempre dentro da feira de
longevidade. “O Francisco teve um papel fundamental na implementação
deste congresso, uma vez que foi ele quem sugeriu que o evento não fosse
realizado a cada dois anos, mas sim anualmente e sempre dentro da
Longevidade Expo. Isso fez toda diferença para o crescimento e
capilaridade desse encontro, que já virou uma tradição na cidade de São
Paulo”, destacou.
Também
participaram da cerimônia de abertura do congresso o Dr Alexandre
Kalache; médico, gerontólogo e presidente do Centro Internacional de
Longevidade Brasil; Renato Cintra, diretor de políticas para a Pessoa
Idosa da Prefeitura de São Paulo; Cida Portela, representante do
Conselho Municipal do Idoso e Sérgio Gomes, representando Samir Salman,
do Instituto Premier.
A
programação do VII Congresso Municipal de Envelhecimento Ativo se
estendeu ao longo da tarde deste sábado (30/09) e contou com auditório
lotado em quase todas as atrações. Os congressistas puderam acompanhar
palestras sobre ambientalismo, sustentabilidade, economia verde,
cuidados ao envelhecer e muito mais.
Longevidade Expo+Fórum recebe 2º CONACARE
Como
sabemos, a longevidade não é homogênea, ela é diversa e composta por
diferentes fases ao longo da vida. Com o intuito de abordar e debater os
cuidados com a pessoa longeva, seja por familiares, cuidadores formais
ou informais, a Longevidade Expo+Fórum recebeu também a segunda edição
do Congresso Nacional de Cuidadores, Cuidados e Longevidade, o CONACARE.
O
evento, que tem curadoria da MasterCare, já é consolidado como um dos
principais encontros de discussão e troca de conhecimento da área no
Brasil.
Logo
na abertura, o congresso abordou como estão sendo cuidadas as pessoas
prateadas no Brasil e quais os desafios das políticas públicas pensadas
para esse grupo. A diretora nacional dos Direitos da Pessoa Idosa,
Symone Bonfim, apresentou aos congressistas a palestra: ‘Envelhecer no
Brasil: direito ou privilégio?’.
A
representante do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania reforçou a
necessidade de inserção do tema na agenda pública nacional. "Precisamos
expandir a temática na agenda pública do Brasil, fato que só é possível a
partir de mobilização social e conscientização, que é o que estamos
fazendo aqui, dando visibilidade ao assunto", disse ela.
A
especialista lembra que até pouco tempo o cuidado era uma questão de
matriz familiar, mas, o envelhecimento da população e o aumento da
longevidade trouxe obrigatoriamente uma reorganização social com
participação pública, que, segundo a palestrante, deve ser cada vez mais
ampliada e refinada. "Talvez um dos grandes desafios do século 21 seja
posicionar o cuidado no sistema de seguridade social ou colocá-lo de
forma transversal em outros pilares, como educação, saúde, cultura e
afins. Temos a possibilidade de decidir qual desses caminhos seguir, mas
uma coisa é fato: precisa ser feito", afirmou.
Symone
destacou que embora existam programas eficientes, a demanda por mais
serviços não para de crescer. "Esses atendimentos geralmente estão
centralizados nas pastas de saúde e assistência social e tendem a estar
localizados em centros urbanos maiores. É preciso pensar no cuidado
centrado na pessoa e não na rede de serviços, além de respeitar a
autonomia e a escolha de cada um".
A
representante do governo federal falou ainda sobre o decreto
11.460/2023, que estabelece uma política nacional de cuidados com foco
em minorias e na intersetorialidade. "É preciso definir parâmetros para a
provisão de cuidados entre poder público, família e sociedade para
garantir o cuidado e assistência aos nossos idosos", salientou.
A
CEO da Mastercare Brasil - empresa responsável pela curadoria do
Congresso - Márcia Vieira, reforçou a importância da multisetorialidade
para o avanço da pauta. "Sabemos que não existe solução pronta, mas essa
palestra nos traz esperança. Seja na iniciativa pública ou privada,
vemos que esse assunto aos poucos ganha mais espaço nos debates. Só
conseguiremos êxito nessa pauta com alianças setoriais estratégicas",
disse Márcia.
O
presidente da Longevidade Expo+Fórum, Walter Feldman, também compôs a
mesa de abertura do 2° CONACARE e enalteceu a participação de
municípios, estados e governo federal no evento. "É muito bom ver que os
governos estão dispostos a dialogar e desenhar projetos que atendam de
fato o longevo no Brasil. É preciso criar condições para a inserção da
população prateada na sociedade e também de combate ao idadismo, um
preconceito que precisa passar a integrar as políticas de diversidade",
comentou Feldman.
Outros
temas como o Programa Municipal de Atendimento ao Idoso (PAI), os
impactos econômicos e sociais da longevidade, o perfil dos cuidadores no
país e uma palestra com informações sobre Alzheimer também compuseram a
programação do evento.
Marcelo Rubens Paiva resgata a memória da mãe para contar sobre a história do Brasil
“O
Brasil é um país sem memória porque não temos o incentivo para a
construção de museus, bibliotecas e o sistema educacional público é
fraco”, afirmou o escritor, dramaturgo e jornalista, Marcelo Rubens
Paiva, durante participação no no Longevidade Expo+Fórum 2023. Ele falou
no evento sobre o processo que passou para escrever o aclamado livro
“Ainda Estou Aqui”, que relata as memórias de sua mãe, Eunice Paiva, que
lutou contra a ditadura e testemunhou momentos políticos marcantes do
país.
Paiva
explicou que a ideia para escrever o livro surgiu após as manifestações
de junho de 2013 que aconteceram no Brasil. “As manifestações que
iniciaram como o movimento ‘passe livre’ foram sequestradas pela
extrema-direita e transformaram-se em um movimento de contestação contra
o regime democrático e pedidos de intervenção militar. Foi um susto
muito grande para aqueles que lutaram pela redemocratização é que tinham
consciência do que foi o período da ditadura militar”, disse o
escritor.
Ele
explicou que sentiu a obrigação de relatar como foi a ditadura militar
no Brasil e o que aconteceu com a sua família na época sob a ótica da
sua mãe. O pai de Paiva, o ex-deputado Rubens Paiva, foi preso,
torturado e morto nas instalações do DOI-CODI. Toda a verdade sobre o
que aconteceu com o ex-deputado só foi conhecida durante a Comissão
Nacional da Verdade, que investigou as graves violações que aconteceram
no período da ditadura. “Minha mãe estava no início da doença de
Alzheimer. Era um arquivo vivo que estava perdendo memória, por isso
tive que correr para resgatar os últimos lampejos de memória que ela
tinha deste período”, afirmou Paiva.
O
escritor disse também o quão doloroso foi revisitar as memórias para o
livro e que teve que recorrer à sua ‘frieza profissional’. “Tive que
afastar as emoções por ser testemunha daquela história e me transformar
em um narrador com a aplicação de técnicas literárias, o que me ajudou a
escrever, por exemplo, sobre a tortura do meu pai”. Ele ainda comentou
que com a doença da mãe aconteceu uma inversão de papéis, onde ele
passou a cuidar de quem cuidava dele. É difícil estar preparado para
passar a cuidar dos pais”, finalizou.
Orgulho Gray - o poder da escolha sexual na longevidade
Um
dos painéis de maior sucesso na edição anterior retornou para a 5ª
Longevidade Expo+Fórum: o 'Orgulho Gray'. Nesta edição, um dos pontos
focais do debate foi a inserção do grupo de longevos da comunidade
LGBTQIAPN+ em políticas públicas e sociais.
A
secretária de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo,
Soninha Francine, recorda os avanços que acompanhou desde os anos 90 e
destacou os desafios que ainda permeiam o tema. “A vulnerabilidade não
está ligada apenas à questão financeira, depende também do contexto do
qual a pessoa está inserida, por exemplo, a média de vida de pessoas
travestis hoje é de 30 anos. Precisamos construir a longevidade dessas
pessoas, garantindo que elas tenham acesso a programas sociais e
atendimento em todas as secretarias". Soninha reforçou também que a
Prefeitura conta hoje com cinco centros de atendimento a pessoas
LGBTQIAPN+ espalhados pela cidade, onde é possível esclarecer dúvidas e
receber encaminhamento para demais serviços.
O
médico, gerontólogo e presidente do Centro Internacional de Longevidade
Brasil, Dr Alexandre Kalache, contou um pouco de sua história pessoal.
Kalache se reconheceu e se assumiu como homem gay já na fase madura. "Eu
fui moldado por uma sociedade machista. Casei, tive família, filhos e
não me arrependo. Agora, eu vivo um outro momento, do qual me recuso
também a retroceder. Eu não vou envelhecer no armário", disse aos
presentes.
Alexandre
celebra os avanços sociais da pauta, mas adverte: as conquistas não são
eternas. "O copo está meio cheio porque estamos aqui hoje em um palco
falando sobre isso, o que talvez não fosse possível há cinco anos. Mas,
ao mesmo tempo, vivemos uma onda conservadora que ameaça diariamente
nossas conquistas. Não podemos acreditar que tudo está ganho. A luta é
diária".
O
painel contou ainda com a participação do jornalista Adriano Nunes, que
trouxe aos congressistas dados sobre o impacto econômico do turismo
LGBTQIAPN+, os anseios desse grupo e as percepções sociais que os afetam
quando viajam.
Perfil da economia prateada não é conhecida pelo mercado
Qual
é o tamanho da economia prateada? Ninguém sabe ao certo porque nunca
foi mapeada corretamente. Essa é a conclusão do CEO do Instituto
Observatório da Longevidade, Fábio Nogueira, que participou da
Longevidade Expo+Fórum. Ele explicou que é possível fazer a conta sobre a
renda aproximada do público 50+ ao multiplicar o número de pessoas
nessa faixa etária x renda média mensal, mas não existem dados sobre o
perfil deste consumidor.
“Os
maduros precisam ser vistos como um segmento de mercado”, afirmou
Nogueira. No painel sobre a atuação de empresas no mercado prateado, o
CEO do Instituto Observatório da Longevidade apontou algumas dicas para
atingir o sucesso. Um dos apontamentos foi a necessidade de definir e
conhecer quem é o seu cliente, uma vez que existem duas ou três gerações
diferentes dentro do universo dos maduros. “Há inúmeros clusters
dentro do universo de 57 milhões de brasileiros 50+. Por exemplo, os
afrodescendentes 50+ são 33 milhões de pessoas que somam uma renda de R$
911 bilhões e os LGBT 50+ são cerca de 5 ou 6 milhões, com renda de R$
159 milhões. Alguém conhece esse consumidor?”, ressaltou.
Nogueira
também abordou criação ou adaptação de produtos que atendem as demandas
do público longevo em áreas como moda, turismo, gastronomia, cuidados
pessoais, serviços bancários, entre outros. Nogueira destacou alguns
padrões de consumo do público mais maduro que são aperfeiçoados pelo
tempo, como: a maior exigência por qualidade, o valor da experimentação e
a baixa influência causada pela propaganda.
Outra
dica é a necessidade das empresas em desenvolver os seus canais
comerciais para fidelizar o seu cliente. Segundo ele, uma grande queixa
do público 50+ é a baixa qualidade do atendimento no varejo e
prestadores de serviço, de acordo com pesquisas. Entre as principais
reclamações estão a exposição inadequada de produtos, falta de paciência
de vendedores, etiquetas ilegíveis, dificuldades de acesso a
prateleiras, pisos escorregadios e corredores estreitos.
“O
melhor meio de multiplicar as suas vendas é a atenção no atendimento.
Se bem atendido o cliente maduro é fiel às marcas e pontos comerciais. O
melhor propagandista de uma marca, produto, serviço ou ponto comercial é
o próprio cliente. Os consumidores maduros costumam se referir a outros
consumidores quando se sentem adequadamente atendidos”, apontou
Nogueira.
Por
último, o executivo falou sobre a contratação de colaboradores sênior
com o objetivo de balancear as equipes de marketing e inovação.
“Lembre-se que o consumidor maduro e o profissional maduro é a mesma
pessoa. Eles entendem melhor as necessidades do público alvo e ajudarão a
aperfeiçoar a oferta da empresa ao consumidor. Se quer entender quem
está comprando é só colocar trabalhando na sua empresa”, finalizou.
O Instituto Observatório da Longevidade é um think tank
que tem o propósito de aumentar o respeito aos cidadãos acima de 50
anos, com destaque para os socialmente excluídos, ao integrar esse
público ao mercado de consumo e, assim, melhorar o seu bem-estar.
A
Longevidade Expo+Fórum termina domingo (1º/10). O evento acontece no
Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte, em São Paulo, e a visitação é
gratuita.
Serviço:
Evento: Longevidade Expo+Fórum 2023.
Quando: 29 de setembro a 1° de outubro de 2023.
Onde: Expo Center Norte - São Paulo / SP
Fotos: Clique aqui
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