BLOG ORLANDO TAMBOSI
Sou diretora de um serviço de urgência onde luto diariamente com falta de recursos humanos e, sobretudo, com falta de solidariedade de um presidente que apenas condecora quem decora. Paula Helena Ferreira da Silva para o Observador:
Caro Prof. MRS, lamento profundamente este ato. Eu que conheci o seu saudoso pai, não o revejo em si.
Como
portuguesa, envergonho-me das condecorações atribuídas; o Grande Colar
da Ordem de Camões a Lula da Silva (Ordem Nacional) e a Grande Cruz da
Ordem do Infante Dom Henrique, a Janja.
Recordo
que ambas se destinam a distinguir quem tiver prestado serviços
relevantes à língua portuguesa e a Portugal, como serviços na expansão
da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e
dos seus valores.
A
Grande Cruz, é concedida pelo Presidente da República a antigos Chefes
de Estado e a pessoas cujos feitos, de natureza extraordinária e
especial relevância para Portugal, os tornem merecedores dessa
distinção.
Lamento, portanto, que haja condecorações por osmose ou partilha de leito.
Dando
como exemplo o meu caso, Sr. Presidente. Sou médica há 34 anos e há 34
anos que sirvo, sirvo o SNS, que tanto me orgulha, de corpo e alma.
Sirvo
o SNS porque sei como foi idealizado e tornado realidade, pela boca do
saudoso Dr. António Arnaud. Esse mesmo SNS que tanto tentam destruir,
mas único no mundo e um bem a preservar para o nosso povo.
Pelo SNS tenho lutado e irei lutar até que o meu corpo arrefeça porque acredito e vivo na esperança.
Esperança
que o senhor tenta destruir ao destruir a credibilidade das
instituições publicas, ao condecorar por partilha de leito.
Ao condecorar quem foi acusado e preso no seu país e quem está do lado do agressor nesta guerra indigna que assola a Europa.
Dei
o corpo às balas durante a pandemia, eu e tantos outros, não faltei um
dia ao meu posto de trabalho e nunca me escondi atrás de um telefone ou
computador para exercer a minha profissão. Voluntariei-me para a área
covid sendo ortopedista, e porque outros não o fizeram, sendo não
vacinada, sem medo, pelos doentes e porque era a minha obrigação, como
médica e como líder de equipas.
Sou
diretora de um serviço de urgência onde luto diariamente com falta de
recursos humanos e, sobretudo, com falta de solidariedade de um
presidente que apenas condecora quem decora.
Sou
uma mulher de direita, porque acredito nos valores da Democracia Cristã
e luto para que os valores fundacionais do meu partido, que afinal são
os valores fundacionais do nosso país, resistam à traição e à
delapidação.
Criei
sozinha quatro filhos, fui mãe, pai, avó, tio, passarinho e gato, lutei
pela única coisa em que sempre acreditei, a honestidade e o trabalho.
O
que o Sr. Presidente fez insultou-me, a mim e ao povo português que
diariamente luta para pagar impostos que o senhor e quem governa esbanja
em comemorações decrepitas e aviltantes para Portugal.
Postado há 3 days ago por Orlando Tambosi

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