Alexandre Arbex (@alexarberxv)
nasceu em 1980, em Resende, mas cresceu no Rio de Janeiro, onde morou
até 2009. Desde então, vive em Brasília. Publicou o livro infantil "O
livro" (Casa da Palavra, 2001) e o livro de contos "Da utilidade das
coisas" (7letras, 2016), finalista no gênero no Prêmio Jabuti. Além
disso, foi finalista do Prêmio Off Flip duas vezes e levou o terceiro
lugar no Prêmio Rubem Braga de Crônicas, do Sesc, em 2015. Possui contos
publicados na Revista Gueto e no projeto Máquina de Contos.
Sua nova obra, “Pessoas desaparecidas, lugares desabitados”
(7Letras, 136 páginas), reúne trinta contos curtos que mesclam uma
aparente normalidade narrativa com situações insólitas que se inspiram
na tradição da literatura latino-americana. Publicado pela editora
7Letras, o livro conta com a orelha assinada pelo escritor e jornalista
Sérgio Tavares.
Confira abaixo a entrevista completa com Alexandre Arbex:
O que motivou a escrita do livro? Como foi o processo de escrita?
Comecei
a escrever o livro nos intervalos da escrita de um romance (eternamente
em preparação). Depois de alguns contos (que descartei), imaginei ter
encontrado uma fórmula para o estilo e a estrutura dos textos, então
passei a trabalhar os temas que foram aparecendo circunstancialmente.
Desde quando você começou a escrever?
Para
valer, comecei a escrever ficção depois dos 30. Fiz algumas tentativas
nada promissoras por volta dos 20 e poucos, mas os anos seguintes foram
absorvidos pela escrita acadêmica e técnica.
Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?
Acho que os contos
do último livro transitam justamente por uma linha entre o maravilhoso e
o absurdo, mas sob uma simulação de normalidade. Um dos métodos que
empreguei na construção das histórias foi partir de ações relativamente
simples ou de premissas prosaicas e torcê-las
até desfigurá-las completamente, sem que esse artifício parecesse
monstruoso ou proposital.
Por que escolher esses temas?
Os
temas, em grande medida, se impõem. O que um escritor pode fazer é se
desarmar diante deles e se pôr à escuta. Tudo é ficcionalizável. A
diferença literária específica está na abordagem e no processo de
escrita.
Quais são as suas principais influências literárias? Que escritores influenciaram diretamente a obra?
Certamente
a literatura latino-americana, desde o realismo mágico até os
contemporâneos. Meus escritores prediletos são Borges, García Marquez,
Silvina Ocampo, Alejo Carpentier e, mais recentemente, Roberto Bolaño e
Mariana Enriquez. Em língua portuguesa, Machado de Assis, gênio
absoluto, Eça de Queiroz, Guimarães Rosa, Saramago e Agustina
Bessa-Luís, cuja prosa é insuperável. Entre os clássicos, Cervantes,
Swift, Dickens, Tolstói, Kafka e Proust. E tudo de Primo Levi.
Você é carioca mas vive há 13 anos em Brasília. De que forma a cidade influencia sua escrita?
Comecei
a escrever ficção, para valer, aqui em Brasília. Acho que o ambiente
burocrático, a geometria despovoada da cidade e a aridez do cerrado têm
influído tanto sobre o estilo quanto sobre os temas dos meus contos.
Como é o seu processo de escrita? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Tento
escrever todos os dias, um pouco pela manhã e um pouco à noite, antes e
depois do trabalho e dos afazeres domésticos e familiares. Em geral,
leio alguma coisa antes de começar a escrever, um(a) autor(a) cuja obra
me ajude a resolver ou desatar problemas específicos da escrita.
Como foi a sua aproximação com a editora? Como foi o processo de edição?
Trabalhei
para uma editora, a Casa da Palavra, que por alguns anos funcionou no
mesmo prédio onde a 7Letras estava instalada. Depois, prestei, como
revisor, alguns serviços para a 7Letras. Essa proximidade me ajudou a
entrar na editora como escritor. O processo de edição foi exasperante,
por culpa exclusivamente minha: fico até a última hora fazendo ajustes e
retificações no PDF.
Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?
Uma
novela, um romance e outro livro de contos, já razoavelmente
adiantados, com versões preliminares completas, mas ainda
desanimadoras.
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