A mensagem que hoje se passa ao jovens em relação ao consumo de drogas é: podem fumar seu baseado, cheirar seu pó e usar suas balas e doces sem culpa, porque vocês não estão financiando o crime organizado, estão apenas exercendo um direito. Luciano Trigo para a Gazeta do Povo:
Um
dos argumentos mais estúpidos para se defender a liberação geral das
drogas é alegar que a repressão e a punição não estão sendo capazes de
resolver o problema, uma vez que as pessoas continuam a se drogar.
Ora,
por analogia a mesma tese poderia ser aplicada à corrupção, ao roubo,
ao estupro, ao sequestro, ao assassinato etc: porque, mesmo com o risco
de repressão e punição, criminosos continuam corrompendo, roubando ,
estuprando, sequestrando e assassinando. A melhor maneira de acabar com
essas práticas seria descriminalizá-las? É evidente que não.
Como
bem explicou Roberto Motta na entrevista “Contra a bandidolatria”, não
há evidência alguma de que a liberação das drogas diminuiria a violência
urbana e outras consequências nefastas do tráfico. Ao contrário, a
recente experiência de descriminalização das drogas no estado do Oregon,
aliás aplaudida pela mídia dita progressista, está se mostrando um desastre completo,
com a explosão da criminalidade e o aumento de 33% nas mortes por
overdose em 2021. É isso que acontece quando narrativas prevalecem sobre
os fatos.
Trata-se,
portanto, de um argumento falacioso, mas incrivelmente capaz de
convencer muita gente, sobretudo em um ambiente no qual se ensina em
sala de aula (e se reproduz na grande mídia) que a polícia está sempre
errada, e que o bandido é sempre uma vítima; que a droga é um problema
de saúde pública, e que o tráfico é uma questão social; e que prender
não adianta: o que dá certo mesmo é iluminar as praças e criar oficinas
gratuitas de artesanato para ressocializar os vulneráveis.
(Vulneráveis sim, porque esta é a palavra que estão usando agora: vejam como um grande jornal noticiou no último dia 20 o assalto a um casal de turistas colombianos em um bairro nobre do Rio de Janeiro:
“Vulneráveis”,
vejam só. A conclusão é que a culpa do assalto foi, na verdade, dos
turistas. Como comentou Roberto Motta, quando a ideologia entra por uma
porta, o jornalismo sai pela outra.)
A
mensagem que hoje se passa ao jovens em relação ao consumo de drogas é:
podem fumar seu baseado, cheirar seu pó e usar suas balas e doces sem
culpa, porque vocês não estão financiando o crime organizado, estão
apenas exercendo um direito. Abaixo a polícia fascista. Seus corpos,
suas regras!
Mas
nada é tão ruim que não possa piorar: hoje o próprio Estado –
responsável pela segurança dos cidadãos e pela coerção ao cumprimento da
lei (inclusive por meio, quando necessário, do uso da prerrogativa do
monopólio legítimo da força, prerrogativa consentida pela sociedade em
troca dessas garantias) – adota o discurso de que devemos nos conformar
com a disseminação do crime e do vício, já que eles são inevitáveis.
Pois
bem, há poucas semanas a Prefeitura de Nova York lançou uma campanha
educativa não para desaconselhar o uso de drogas, mas para estimular o
seu uso “seguro”. “Não sinta vergonha por usar, empodere-se usando de
forma segura”, dizia um dos slogans.
Centenas de cartazes como o reproduzido acima, mostrando uma jovem de aparência altiva, foram espalhados em vagões do metrô, pontos de ônibus e outros pontos de grande circulação da cidade.
Não
estamos falando de drogas leves, de uso “social”. A campanha faz
referência a opioides e drogas pesadas como heroína, cocaína, crack e
metanfetamina, e a prefeitura novaiorquina dá dicas muito úteis aos
usuários, do tipo: “Nunca use sozinho”, “Comece com uma pequena dose e
vá devagar”, “Tenha naloxona à mão, pois naloxona pode reverter uma
overdose” e “Não misture drogas”.
A mesma Prefeitura de Nova York já tinha inovado ao inaugurar, em fevereiro passado os primeiros “ centros de prevenção de overdoses”
no Harlem e em outros bairros pobres, aliás de população
majoritariamente negra, onde as mortes por overdose atingiram níveis
epidêmicos nos últimos anos.
Esses
centros são supostamente destinados ao consumo livre e “seguro” de
drogas, incluindo o crack. Ora, não existe “consumo seguro” de crack e
drogas pesadas, isso é uma balela.
“Este
lugar salva vidas”, diz um cartaz pendurado em uma sala onde os
viciados podem ver televisão enquanto mergulham no vício. Salva mesmo?
Enquanto
isso, a polícia de Nova York perde verbas e outros recursos e é
desencorajada a reprimir o consumo de entorpecentes. O resultado até
aqui: as apreensões de drogas diminuíram, e o número de mortes por
overdose aumentou. Segundo esta reportagem:
“Prisões
e condenações por tráfico e porte de entorpecentes caíram por toda a
Big Apple – uma tendência preocupante que os críticos dizem ser em parte
alimentada pela ideologia progressista que causou estragos na lei e na
ordem em outras grandes cidades dos Estados Unidos”.
Alguma surpresa?
Mas
não é só em Nova York que isso está acontecendo. Há poucos meses, a
Prefeitura da cidade espanhola de Valencia, governada pelo socialista
Ximo Puig, lançou uma campanha educativa para a prática segura de
“chemsex”. Não sabe o que é isso? Eu confesso que também tive que fazer
uma pesquisinha, e encontrei a seguinte explicação:
“O
termo chemsex, palavra que se origina da expressão chemical sex (sexo
químico em inglês), se refere ao sexo sob influência de drogas
psicoativas. Essa prática vem se popularizando nos últimos anos,
especialmente entre os homens gays e bissexuais. Nos grandes centros
urbanos, com a popularização das festas com temática sexual e os famosos
darkrooms (quartos escuros destinados à “pegação” anônima), não é
improvável que você conheça alguém que pratique o chemsex”. (...) Os
praticantes do chemsex relatam que o uso dessas drogas melhora a
qualidade do sexo, diminuindo a inibição, aumentando a excitação sexual e
o prazer. Muitas vezes, usando as drogas de maneira combinada, isso
facilita a realização de sessões de sexo com duração prolongada (por
vezes até dias) e/ou com múltiplos parceiros, além de práticas sexuais
mais desafiadoras, como o fisting e a dupla penetração.”
Pois
é. E o que faz a Prefeitura de Valencia diante da disseminação dessa
prática (e das suas consequências previsíveis – dependência química e
psicológica, problemas de saúde, contágio de DSTs etc)? Ela lança uma
cartilha na qual afirma: “Está tudo bem enquanto você não perder o
controle”. A cartilha, financiada com dinheiro público, também aconselha
o praticante de chemsex a “conhecer bem o fornecedor das drogas”, para
ter alguma segurança de que “são as mais puras possíveis”. Estamos
falando de metanfetaminas e outras drogas pesadas, cabe ressaltar mais
uma vez.
É
a pedagogia do vício se disseminando a olhos vistos, fruto de um
ambicioso projeto de reengenharia social cujas consequências mal começam
a aparecer. Tempos sombrios.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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