Gilmar sai em socorro do "Pavão de Tatui", e também é humilhado por Augusto Nunes
02/03/2020 às 17:35JORNAL DA CIDADE ONLINE
Fotomontagem: Augusto Nunes e Gilmar Mendes
Neste
domingo o ministro Gilmar Mendes saiu em defesa do colega Celso de
Mello, que há poucos dias foi literalmente 'humilhado' pelo jornalista
Augusto Nunes.
O texto do renomado jornalista qualifica Celso de Mello como o "Pavão de Tatuí".
Com
requintado sarcasmo, o decano é desbancado de sua soberba. Ele,
justamente ele, que partiu com ferocidade pra cima do presidente Jair
Bolsonaro, em razão do imbróglio envolvendo a jornalista da Folha de
S.Paulo, Patrícia Campos Mello.
A rigor, magistrado do Supremo
Tribunal Federal jamais deveria se manifestar sobre atitudes do
presidente da República, principalmente com o intuito de insultá-lo.
Assim, Nunes reduziu Mello ao que ele será a partir de novembro deste ano, um reles mortal. Nada mais.
Gilmar não gostou e tratou o que foi dito pelo jornalista como "manifestações odiosas". Eis o texto:
“As
manifestações odiosas dirigidas hoje ao decano do STF só revelam a face
oportunista e embusteira de um jornalismo manipulador e descomprometido
com a verdade. [...] Soa irônico: o Ministro Celso foi agraciado pela
Associação Nacional de Jornais com o 'Prêmio Liberdade de Imprensa 2019'
– um dos poucos que aceitou receber nos seus anos de Supremo. Celso é
espelho das mais nobres virtudes que um Juiz Constitucional pode
cultivar”, escreveu Gilmar Mendes.
O ministro ainda afirmou que “curiosamente”, em 2012, Augusto Nunes encabeçou a campanha “Fica, Celso de Mello”.
O jornalista tratou de colocar Gilmar Mendes em seu devido lugar…
“A
agenda de Gilmar Mendes é espaçosa, diversificada e estafante. Além de
liderar a bancada dos ministros da defesa de culpados no Supremo, ele
administra uma fábrica de habeas corpus que funciona até no recesso,
comanda a instituição de ensino anabolizada por lucrativos seminários
internacionais, desdobra-se em operações que livram de processos ou da
cadeia seus bandidos de estimação em apuros, dá entrevistas para
reafirmar que no faroeste à brasileira é o vilão que tenta prender o
xerife, almoça e janta com parceiros de conspiração, planeja
pessoalmente viagens a Portugal e orienta os assessores encarregados de
preparar o voto que lerá na próxima sessão do STF, fora o resto.
É
compreensível que tanta trabalheira invada o fim de semana. Neste
sábado, por exemplo, Gilmar gastou a manhã adulando Celso de Mello no
Twitter. Sem citar o nome do autor, mostrou-se indignado com o artigo
publicado na véspera aqui no R7. 'Cem anos depois de Rui Barbosa, o
Brasil tem de conformar-se com Celso de Mello', resumia a frase que
amparava o título: O Águia de Haia e o Pavão de Tatuí. Já treinando para
virar decano em julho de 2021, esforçou-se para produzir um palavrório à
altura do juridiquês castiço que Celso de Mello tanto aprecia.
'As
manifestações odiosas dirigidas ao decano do STF só revelam a face
oportunista e embusteira de um jornalismo manipulador e descomprometido
com a verdade', caprichou o Juiz dos Juízes. 'Curiosamente, em 2012, o
autor das críticas de hoje encabeçou a campanha 'Fica, Celso de Mello'.
Verdade.
Há oito anos, Celso de Mello teve um belo desempenho no julgamento do
Mensalão — até tropeçar nos capítulos finais. Foi ele, por exemplo, o
primeiro a constatar que a roubalheira obscena arquitetada por Lula e
seus comparsas embutia 'um projeto criminoso de poder'. Confrontado com a
informação de que o ministro pretendia encerrar a longa passagem pelo
STF para cuidar da saúde, pedi que lá permanecesse.
Aquele
Celso de Mello não existe mais. Começou a mostrar a face turva quando
desempatou votações que resultaram na soltura de alguns delinquentes e
no abrandamento das penas aplicadas a outros parteiros do projeto
criminoso de poder. E escancarou a lastimável metamorfose quando se
juntou ao grupo liderado por Gilmar Mendes.
É
divertido ler Gilmar Mendes proibindo alguém de mudar de opinião. O
tuiteiro que hoje sonha com a morte da Lava Jato foi um ardoroso
defensor da maior operação anticorrupção da história [...]. Minha
opinião sobre Celso de Mello mudou por vê-lo mudar para pior. Gilmar
tornou-se inimigo da Lava Jato porque as investigações se aproximaram
perigosamente do Congresso e do Judiciário.
Pelo
que Gilmar escreveu, o decano ficou no Supremo para atender ao pedido
que fiz. Se é assim, faço outro apelo: vai pra casa, Celso de Mello.”
Celso
de Mello já está com os dias contados para deixar o STF - em novembro
de 2020 - e será um grande vitória para o país. O questionamento que
fica é: quando Gilmar Mendes deixará o Supremo?
Fonte: R7.com
Confira as publicações de Gilmar Mendes:
Nenhum comentário:
Postar um comentário