Menos de 24 horas depois de o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, aproveitar uma entrevista coletiva à imprensa para recomendar aos brasileiros que fiquem em casa como forma de conter a propagação do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passeou pelas ruas de Brasília e cogitou a possibilidade de editar um decreto, nesta segunda-feira (30), permitindo que todos os trabalhadores deixem a quarentena.

Numa rede social, o presidente foi claro: "Eu estou com vontade, não sei se vou fazer, mas estou com vontade de baixar um decreto amanhã. Toda e qualquer profissão legalmente existente, ou aquela voltada para a informalidade, mas que for necessária para o sustento dos seus filhos, para levar o leite para os seus filhos, levar arroz e feijão para a sua casa, vai poder trabalhar".

O vídeo foi gravado tão logo Bolsonaro chegou ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. O capitão voltava de um passeio, no domingo pela manhã, pelo comércio de Ceilândia, Taguatinga e Sobradinho, regiões administrativas do Distrito Federal. Esteve num hospital (não informou o motivo), padarias, farmácias, postos de combustíveis.
 
Já no fim da tarde, o Ministério da Saúde divulgou que 136 pessoas morreram no Brasil em razão da pandemia, 22 a mais que no sábado (28), quando Mandetta defendeu o isolamento social como forma de evitar a disseminação do coronavírus. Já são 4.256 casos confirmados, com ocorrências em todos os estados.  A taxa de letalidade está em 3,2% 
 
No sábado, quando o país já havia registrado 114 vítimas fatais, o ministro orientou o seguinte: “Se a gente sair andando todo mundo de uma vez, vai faltar (equipamentos e atendimento de saúde) para o rico, para o pobre, (para) o dono da empresa e (para) o dono do botequim... Precisamos ter racionalidade e não nos mover por impulso. Vamos nos mover pela ciência e parte técnica. Nosso problema não é a letalidade para o indivíduo. A conta é que esse vírus ataca o sistema de saúde e da sociedade como um todo".