O Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
estimou que o número de habitantes com mais de 60 anos é de 32,1
milhões, representando o percentual de 15,8% da população. Com essa
quantidade expressiva de pessoas que fazem parte da chamada Terceira
Idade, pensar nas possibilidades de recolocação profissional é
fundamental.
Cecília
Barçante, head de Pessoas e Cultura da Refuturiza, destaca que umas das
principais motivações é a geração de recursos financeiros. “A volta ao
mercado de trabalho pode estar atrelada à necessidade de contribuição
financeira em casa, mas não só isso. Também está em jogo a realização
profissional, a questão da autoestima, de estar ativo, se aperfeiçoando e
contribuindo para o ambiente”, afirma.
A
fala da profissional corrobora com outro dado recente, pertencente à
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de
2023. No quarto trimestre daquele ano havia 24% dessas pessoas
trabalhando ou procurando uma oportunidade profissional, denominada taxa
de participação.
Recolocação profissional
Uma
das principais dúvidas que podem surgir é como as pessoas com mais de
60 anos podem se preparar para voltar ao mercado de trabalho. “O
primeiro passo é atualizar as informações do currículo, descrevendo,
além das experiências, as suas habilidades. Após isso, é importante
buscar as opções no qual os objetivos e condições da vaga possam se
encaixar com o candidato”, indica Barçante.
Além
disso, a preparação e o desenvolvimento também são pontos importantes,
mas engana-se aquele que considera a população sênior no ostracismo.
“Hoje em dia, temos muitas pessoas mais velhas que estão antenadas, se
atualizando em relação às demandas do mercado de trabalho”, aponta.
Etarismo nas empresas
Apesar
do que consta no artigo 26, contido no capítulo 6, do Estatuto do
Idoso, declarando seu “direito ao exercício de atividade profissional,
respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas”, um dos
maiores desafios quando se trata da contratação da Terceira Idade é o
etarismo. O conceito designa a discriminação contra pessoas acima de 60
anos, em razão de uma falsa ideia de que são improdutivas, o que pode
impedi-las de participar ativamente da sociedade.
Para
combater esse tipo de preconceito, as empresas devem sempre atentar à
forma e às exigências na contratação dos candidatos. Mapear se existe um
padrão de contratação e promoção que privilegia somente uma determinada
faixa etária é um dos primeiros passos para combater a discriminação e
promover um ambiente corporativo mais plural e justo em oportunidades.
Nesse sentido pode-se fomentar em programas de contratação para a
diversidade, que inclua também a Terceira Idade, como ação de combate ao
etarismo.
Além
disso, a educação é fundamental. “É possível investir em iniciativas
internas de capacitação para a diversidade das equipes e gestores. A
empresa pode trazer exemplos de outros lugares, promovendo um ambiente
de reflexão, mas também de ação contra a discriminação naquela
organização”, sugere a head de Pessoas e Cultura da Refuturiza.
Benefícios
De
acordo com Barçante, colaboradores mais velhos representam um ganho
para a empresa, especialmente por conta de sua experiência prévia.
“Existe nesse funcionário um amadurecimento profissional para lidar com
vários tipos de problemas, ponderação nas decisões, comprometimento e
responsabilidade com a rotina de afazeres, fatores benéficos para o
ambiente”, destaca.
Outro
benefício está relacionado às habilidades socioemocionais.
Especialmente em decorrência da bagagem de vida já adquirida, a
inteligência emocional para lidar com determinadas situações do dia a
dia é algo positivo para todos, pois pode ser compartilhada e ensinada
aos demais colaboradores.
A
especialista reitera a necessidade de ambientes mais plurais e
inclusivos em relação a essa faixa etária. “Precisamos observar a
dificuldade que esses profissionais têm de conquistar novas
oportunidades. Além de serem muito importantes para o crescimento da
equipe, pois é no encontro das gerações e na troca de experiências que
crescemos e aprendemos, a presença desse segmento no quadro de uma
organização também é fundamental para garantir a diversidade. A gente
esquece, mas o grupo sênior também é uma minoria social e precisa ser
assistido como tal”, explica e ainda acrescenta: “todas as pessoas devem
ser bem-vindas na empresa, independentemente de sua idade”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário