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domingo, 17 de novembro de 2024

Sugestão de Pauta: Padrões alimentares prejudiciais à saúde geram custos aos sistemas agroalimentares globais

 

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Sugestão de Pauta: Padrões alimentares prejudiciais à saúde geram custos aos sistemas agroalimentares globais

Olá! 


Envio a matéria abaixo como sugestão de abordagem sobre o tema. O Conselho Federal de Nutrição (CFN) se coloca à disposição para lhe ajudar a entendê-lo com base em orientações técnicas e seguras, validando o posicionamento da categoria. Estamos à disposição! ;) 


O texto abaixo foi escrito pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO):



SOFA 2024: Revelando os custos ocultos e transformando os sistemas agroalimentares globais


Estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), envolvendo 156 países, revela que os custos ocultos nos sistemas agroalimentares globais chegam a aproximadamente US$ 12 trilhões anuais. Desse total, cerca de 70% (US$ 8,1 trilhões) são decorrentes de padrões alimentares prejudiciais à saúde, ligados principalmente a doenças não transmissíveis, como doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e diabetes, ultrapassando os custos relacionados à degradação ambiental e às desigualdades sociais. Esses dados estão presentes no relatório “O Estado da Alimentação e Agricultura (SOFA) 2024” que se aprofunda nos custos ocultos associados à produção, distribuição e consumo de alimentos, aplicando a metodologia de contabilidade de custo real.


O estudo da FAO analisa as consequências dos diferentes padrões alimentares para a saúde e identifica 13 fatores de risco dietéticos, como o baixo consumo de grãos integrais, frutas e vegetais; a ingestão excessiva de sódio; e o consumo elevado de carnes vermelhas e processadas. Em países com sistemas agroalimentares mais industrializados, particularmente aqueles de renda média-alta e alta, os custos ocultos à saúde representam a maior parte dos custos ocultos totais, seguidos pelos custos ambientais.


Além dos fatores de risco alimentares, o relatório destaca o impacto ambiental das práticas agrícolas insustentáveis, que geram custos elevados, especialmente em países com sistemas agroalimentares em fase de diversificação. Nesses países, o crescimento econômico acelerado e os padrões em evolução de consumo e produção resultam em impactos ambientais significativos, como emissões de gases de efeito estufa, escoamento de nitrogênio, mudanças no uso da terra e poluição da água, totalizando aproximadamente US$ 720 bilhões. Sistemas agroalimentares formalizantes e industriais também enfrentam altos custos ambientais, embora o impacto relativo desses custos seja mais expressivo em países em crise prolongada, onde chega a representar 20% do Produto Interno Bruto (PIB).


Os custos sociais, incluindo a pobreza e a subnutrição, são mais prevalentes nos sistemas agroalimentares tradicionais e naqueles em situações de crise prolongada, representando, respectivamente, 8% e 18% do PIB. Esse dado ressalta a urgência de melhorias nas condições de vida e de esforços integrados de ajuda humanitária, desenvolvimento e construção da paz.


O relatório SOFA 2024 propõe uma tipologia que classifica os sistemas agroalimentares em seis categorias: crise prolongada, tradicional, em expansão, diversificação, formalização e industrial. Essa estrutura permite uma compreensão mais específica dos desafios e oportunidades de cada sistema, possibilitando o desenvolvimento de políticas e intervenções direcionadas. Por exemplo, em sistemas em crise prolongada e tradicionais, a baixa ingestão de frutas e vegetais é o principal risco dietético, enquanto o consumo excessivo de sódio se torna um problema maior em sistemas em transição para formalização, diminuindo em sistemas industrializados. Já o consumo de carnes processadas e vermelhas aumenta progressivamente com a industrialização dos sistemas agroalimentares, figurando entre os três principais riscos dietéticos nos sistemas mais avançados.


O SOFA 2024 enfatiza a necessidade de adaptação às realidades locais e de priorização das expectativas dos diversos atores envolvidos nos sistemas agroalimentares. O relatório inclui estudos de caso de países com sistemas agroalimentares diversos, como Austrália, Brasil, Colômbia, Etiópia, Índia e Reino Unido, e destaca a importância de ações conjuntas para alcançar uma transformação orientada por valores. Essa transformação exige que os sistemas agroalimentares se tornem mais sustentáveis, resilientes, inclusivos e eficientes, indo além das métricas econômicas convencionais, como o PIB, por meio do uso da contabilidade de custo real. Esse método permite que os tomadores de decisão compreendam melhor o valor social dos sistemas agroalimentares, reconhecendo seu papel fundamental na segurança alimentar, nutrição, conservação da biodiversidade e preservação da identidade cultural.


Para alcançar a transformação dos sistemas agroalimentares, o relatório recomenda ações que incluam incentivos financeiros e regulatórios para promover práticas sustentáveis ao longo da cadeia de suprimentos de alimentos e reduzir desequilíbrios de poder entre os atores desses sistemas. Políticas que incentivem dietas saudáveis, tornando alimentos nutritivos mais acessíveis e baratos, são fundamentais para reduzir os custos ocultos à saúde. Outros pontos de destaque são os incentivos para reduzir emissões de gases de efeito estufa e o uso de rótulos e certificações para estimular práticas responsáveis em termos de sustentabilidade e saúde.


O relatório também aponta a necessidade de capacitar os consumidores com informações claras e acessíveis sobre os impactos ambientais, sociais e de saúde das escolhas alimentares. Essa abordagem assegura que até mesmo as famílias vulneráveis possam se beneficiar das mudanças. Além disso, destaca o potencial das instituições públicas de compras de alimentos para moldar as cadeias de suprimentos e melhorar os ambientes alimentares, aliado a uma educação abrangente sobre alimentação e nutrição.


Reconhecendo que o enfrentamento dos custos ocultos terá impactos variados entre países e grupos sociais, o relatório sugere políticas de apoio e regulamentações que ajudem a mitigar eventuais efeitos adversos, principalmente para pequenos produtores e empresas de pequeno porte, incentivando a adoção precoce de práticas sustentáveis.



SOBRE O CFN


O Conselho Federal de Nutrição é uma autarquia sem fins lucrativos, de interesse público, com poder delegado pela União para normatizar, orientar, disciplinar e fiscalizar as atividades da profissão em todo o território nacional, em defesa da sociedade. A missão do CFN é contribuir para a garantia do direito humano à alimentação saudável e adequada, regulamentando o exercício profissional do nutricionista e do técnico em nutrição e dietética, a fim de priorizar uma atuação comprometida com a segurança alimentar e nutricional.


*Para outras informações, sugestão de fonte institucional ou caso tenha interesse em desdobrar o assunto:


Rafael Ortega

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