Sim,
isso é possível porque os pigmentos orgânicos como o azo e
quinacridonas estão geralmente relacionados aos casos de
hipersensibilidade, particularmente em tatuagens de cor vermelha. “Esses
pigmentos podem induzir reações de hipersensibilidade tardia, conforme
observado em estudos que analisam reações cutâneas a pigmentos vermelhos
de tatuagem. Pigmentos azo, como Pigmento Vermelho 22, 170 e 210, são
frequentemente identificados em casos de reações alérgicas”, alerta o
especialista em alergia e imunologista Dr. Octavio Grecco, que
ministrará aula sobre o tema no 51º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, evento organizado pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI),
que acontecerá em Salvador de 14 a 17 de novembro. Abaixo, ele responde
a outras dúvidas sobre alergias à tatuagem permanente.
Quais são os sintomas mais comuns de hipersensibilidade à tatuagem?
Dr. Octavio Grecco
- Geralmente apresentam sintomas como prurido, eritema, pápulas e
infiltração. Essas reações podem se manifestar de várias formas,
incluindo padrões eczematosos, liquenoides e granulomatosos. As reações
eczematosas são caracterizadas por coceira e vermelhidão, enquanto as
reações liquenoides envolvem pápulas de topo plano. As reações
granulomatosas podem se apresentar como nódulos ou placas devido a uma
resposta inflamatória crônica. Esses sintomas geralmente são localizados
na área da tatuagem e podem variar em gravidade.
Como diferenciar uma hipersensibilidade de uma infecção ou outra complicação comum após a tatuagem?
Dr. Octavio Grecco
- A diferenciação envolve uma avaliação cuidadosa dos sintomas. As
reações de hipersensibilidade geralmente se apresentam com prurido
localizado, eritema e padrões específicos, como reações eczematosas,
liquenoides ou granulomatosas. Em contraste, as infecções geralmente se
apresentam com secreção purulenta, febre e sintomas sistêmicos. A
avaliação histológica também pode ser utilizada para auxiliar a
diferenciação. As reações de hipersensibilidade podem mostrar dermatite
perivascular e espongiótica, inflamação granulomatosa ou alterações
liquenoides, enquanto as infecções podem revelar infiltrados
inflamatórios agudos com neutrófilos e possível presença bacteriana. As
biópsias podem ajudar a identificar os padrões inflamatórios específicos
e descartar infecções ou outras condições, como sarcoidose ou
malignidades. Além disso, o momento do início dos sintomas pode fornecer
pistas. As reações de hipersensibilidade podem ocorrer semanas a meses
após a tatuagem, enquanto as infecções geralmente se apresentam mais
cedo.
Existem tintas de tatuagem mais propensas a causar hipersensibilidade?
Dr. Octavio Grecco
- Tintas vermelhas são frequentemente implicadas em reações alérgicas.
Esses pigmentos podem se degradar em compostos sensibilizantes,
potencialmente desencadeando hipersensibilidade. Metais como níquel e
cromo, frequentemente encontrados como impurezas em tintas de tatuagem,
também são sensibilizadores conhecidos e podem contribuir para reações
alérgicas. O níquel é frequentemente detectado em várias cores de tinta,
incluindo verde, azul e, às vezes, marrom e violeta, e está associado à
dermatite alérgica de contato. Tintas pretas, embora menos comumente
associadas à hipersensibilidade, também podem provocar reações devido à
presença de negro de fumo e metais alergênicos potenciais como níquel e
cromo. A presença desses metais pode ser devido à contaminação por
agulhas de tatuagem ou pelo processo de fabricação da tinta.
Como é feito o diagnóstico de uma hipersensibilidade a tatuagens?
Dr. Octavio Grecco
- O diagnóstico de hipersensibilidade a tatuagens envolve uma
combinação de avaliação clínica, exame histopatológico e, às vezes,
teste de contato, embora este último tenha limitações.
1. Avaliação clínica:
inclui um histórico detalhado e exame físico. Os médicos procuram
padrões específicos, como reações eczematosas, liquenoides ou
granulomatosas, que podem sugerir hipersensibilidade.
2. Exame histopatológico:
uma biópsia de pele é frequentemente realizada para identificar o tipo
de resposta inflamatória. Os achados comuns incluem dermatite
perivascular, dermatite espongiótica e inflamação granulomatosa. A
histopatologia pode ajudar a diferenciar a hipersensibilidade de outras
condições, como infecções ou sarcoidose.
3. Teste de contato: embora o teste de contato possa ser realizado, neste caso ele
geralmente produz resultados decepcionantes devido à natureza complexa
das tintas de tatuagem e ao processo de haptenização, onde os alérgenos
são gerados na pele ao longo do tempo.
4. Métodos avançados de diagnóstico:
técnicas como ultrassom de alta frequência e análise química de
amostras de biópsia podem fornecer insights adicionais sobre a natureza e
a gravidade da reação, embora não sejam rotineiramente usadas na
prática clínica.
Como tratar o paciente que tem uma tatuagem permanente e desenvolve hipersensibilidade à tatuagem?
Dr. Octavio Grecco
- O tratamento de reações de hipersensibilidade a tatuagens envolve
várias abordagens, dependendo da gravidade e do tipo de reação.
Corticosteroides tópicos e intralesionais geralmente são a primeira
linha de tratamento para reações alérgicas localizadas. Eles podem
ajudar a reduzir a inflamação e aliviar sintomas como coceira e inchaço.
Terapia a laser ablativa, o resurfacing fracionado ablativo e a ablação
a laser de CO2 têm sido usados efetivamente para remover a tinta
ofensiva e aliviar os sintomas. Esses métodos podem ser particularmente
úteis quando os tratamentos conservadores falham. Nos
casos em que a terapia a laser não seja eficaz, a remoção cirúrgica da
área afetada pode ser considerada. Essa abordagem é mais invasiva e
normalmente reservada para reações graves ou persistentes. Temos ainda
os tratamentos sistêmicos para os casos de reações graves,
corticosteroides sistêmicos e anti-histamínicos podem ser necessários
para controlar os sintomas.
É possível que a hipersensibilidade se torne mais grave?
Dr. Octavio Grecco
- Reações de hipersensibilidade a tatuagens podem de fato se tornar
mais graves, potencialmente levando a sintomas sistêmicos. Essas reações
são frequentemente associadas a certos pigmentos, particularmente tinta
vermelha, que podem causar reações granulomatosas ou
pseudolinfomatosas. Quando os sintomas sistêmicos se desenvolvem, como
eritrodermia generalizada ou linfadenopatia sistêmica, um tratamento
mais agressivo pode ser necessário. Nesta situação, o tratamento inicial
normalmente envolve corticosteroides sistêmicos para controlar a
inflamação. Se estes forem ineficazes, a excisão cirúrgica da área
tatuada afetada pode ser necessária, como demonstrado em casos em que os
sintomas sistêmicos persistiram apesar da terapia médica. A terapia a
laser pode ser uma alternativa à excisão cirúrgica, especialmente se o
objetivo for remover o pigmento ofensivo, minimizando a cicatrização.
51º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia
Data: 14 a 17 de novembro de 2024
Local: Centro de Convenções Salvador (Bahia)
Inscrições: https://www.congressoalergiaasbai.com.br/site/alergia2024/inscricoes
Credenciamento de Jornalistas: imprensa@gengibrecomunicacao.com.br
Sobre o Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia: Realizado há 51
anos, o evento anual reúne especialistas de todo o mundo para discutir
os avanços na pesquisa e prática clínica em Alergia e Imunologia. Com
uma programação abrangente e inovadora, o congresso é uma plataforma
essencial para a troca de conhecimento e experiências entre
especialistas de diversas áreas que fazem interseção com a Alergia e
Imunologia, tais como anestesiologia, dermatologia, gastroenterologia,
geriatria, oftalmologia, otorrinolaringologia, pediatria e pneumologia.
Sobre a ASBAI: A
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma
associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é
promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na
área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com
excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e
privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e
tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI
tem representações regionais em 23 estados brasileiros.
Serviço
Site: www.asbai.org.br
Spotify: https://bit.ly/ASBAI_Podcast
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