O
racismo, considerado crime no Brasil, é uma das formas mais graves de
preconceito contra pessoas em razão de sua raça, cor, etnia ou origem
cultural. Dentre muitas esferas, ele está presente no mercado de
trabalho. Um levantamento de 2022 da empresa de treinamento e
desenvolvimento, CEGOS, constatou que 75% das empresas brasileiras
apontam o racismo como principal discriminação no ambiente de trabalho.
“Esses
casos demonstram que há uma questão estrutural na sociedade. É urgente
que as organizações aprendam e observem como o racismo pode estar
presente no ambiente de trabalho, seja pela humilhação ou pelo
privilégio de colaboradores de acordo com a cor da pele. Em todas as
formas de discriminação, é necessário o desenvolvimento de ações para
lidar com tais situações”, pontua Cecília Barçante, head de Pessoas e
Cultura da Refuturiza. A profissional acrescenta que, além de educar as
pessoas, é preciso apoiar a vítima de racismo, reavaliando as práticas
internas da empresa com o objetivo de torná-las mais inclusivas, e
tomando as medidas necessárias contra o agressor.
Racismo nas empresas
A
discriminação racial no ambiente de trabalho pode acontecer de muitos
modos, inclusive veladamente, desde o recrutamento, até quando se trata
de promover ou demitir um colaborador. “O racismo na empresa é
encontrado em situações de contratação de candidatos de acordo com sua
cor de pele, na desigualdade salarial, na ausência de valorização de
funcionários pretos ou pardos. Ainda há outro tipo de discriminação
racial que acontece quando a organização proíbe determinadas marcas
culturais ou de etnias específicas, como penteados”, aponta Cecília
Barçante. Além disso, o tratamento humilhante, com insultos, piadas ou
exclusão, também é exemplo de como o racismo pode estar presente.
A
executiva do setor de Pessoas e Cultura da Refuturiza também afirma que
a falta de ações inclusivas e antirracistas nas organizações podem
causar impactos negativos. “Sem ações estratégicas de acolhimento e
educação, os colaboradores vítimas de discriminação podem se sentir
sozinhos e desestimulados, também impactando em sua saúde mental”,
explica.
Alguns
exemplos podem englobar a contratação por meio de vagas afirmativas,
além da organização de grupos para discutir a equidade racial e que
envolva todos os setores da empresa. Entretanto, traçar um plano de
práticas antirracistas também envolve compreender como está a cultura da
empresa e a percepção das pessoas acerca da pauta racial. Assim, o
levantamento de dados e indicadores podem amparar tais ações.
O que pode ser feito
De
acordo com a pesquisa “Mulheres negras no mercado de trabalho”, 86% das
entrevistadas relataram ter sofrido com racismo. Esse cenário reforça a
relevância de se transformar o ambiente de trabalho em sua estrutura.
“No
sentido estratégico, a organização pode adotar ações de capacitação e
contratação voltadas para pessoas pretas e pardas”, indica Cecília. Para
ela, a inclusão dessas pessoas está diretamente ligada à garantia de
oportunidades de cargos, promoções, além de igualdade salarial. “Dessa
forma, pode-se dar um passo a mais na equidade para essas minorias,
valorizando-as”, completa.
Outro
aspecto necessário de se frisar é que as práticas antirracistas devem
englobar todos os funcionários, constantemente, para que sejam sujeitos
ativos contra o racismo e a discriminação. “É importante estender essas
ações a toda a empresa, criando um ambiente de aprendizado, reflexão e
ação. Também é interessante criar um canal de denúncias para averiguação
dos casos de injúria e discriminação”, salienta Cecília.
Ela
explica que o setor de Pessoas e Culturas é fundamental nesse processo
para oportunizar situações nas quais os colaboradores possam compreender
o que é o racismo e a importância de ser antirracista. “Isso é uma
responsabilidade de todos nós, da sociedade em geral. No mercado de
trabalho, não deve ser diferente. Todos ganham quando existe um ambiente
acolhedor e justo em oportunidades”, complementa. “Mais importante do
que não ser racista é ser antirracista, ou seja, combater o racismo e
contribuir com essa luta nos diversos contextos da sociedade”, finaliza.
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