“As
atividades de pintura na escola, as cores de canetinhas, giz de cera e
lápis de cor em papel, tela, parede... e as reproduções de obras de arte
em folhas sulfites ou cartazes A3, estes últimos cuidadosamente
guardados em tubos de papelão após os minutos de aula.” Essas são
algumas das primeiras lembranças de contato com a arte que Glória Maria
dos Santos, atualmente arte-educadora da Fundação Maria Luisa e Oscar
Americano, guarda na memória.
Suas
lembranças demonstram como as escolas atuam diretamente na aproximação
das pessoas com o universo artístico, incluindo a pintura, a literatura,
a música e outras inúmeras expressões. Nesse sentido, datas como o Dia
Internacional da Educação, celebrado em 24 de janeiro, são uma
oportunidade para refletir sobre o papel da arte na formação dos
estudantes e analisar como visitas escolares a museus podem contribuir
nesse processo.
Quando a escola encontra o museu
De acordo com pesquisa do instituto Oi Futuro,
55% dos entrevistados tiveram o primeiro contato com museus em
excursões da escola. Esse cenário reforça o quanto a realização de
visitas a museus atua positivamente no processo de ensino-aprendizagem.
Vale ressaltar que a própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
prevê habilidades que podem ser desenvolvidas de modo mais eficaz fora
do espaço da sala de aula no contato direto com o acervo de espaços
culturais. Analisar mudanças e permanências dos patrimônios materiais da
humanidade ao longo do tempo, bem como pesquisar, apreciar e analisar
formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, são
algumas dessas habilidades. Quando desenvolvidas, elas permitem que o
estudante amplie “experiência com diferentes contextos e práticas
artístico-visuais” e cultivem “a percepção, o imaginário, a capacidade
de simbolizar e o repertório imagético”, como aponta a BNCC.
Para
Glória, a realização de atividades educativas é papel fundamental de
todo museu que se entende como um espaço de educação. “Apesar de
geralmente lembrada pelas visitas mediadas, a ação educativa tem um
contexto muito maior, envolto em pesquisa, criação de atividades e
materiais pensados essencialmente para estimular e ampliar o diálogo
entre instituição, público e obras”, explica Glória. “Quando ligada à
curadoria, a ação educativa também pode fornecer novos olhares sobre a
acessibilidade física e conceitual de uma exposição, a partir de
propostas de aproximação e de acolhimento entre o aparato cultural e a
comunidade”, acrescenta a arte-educadora.
Ações socioeducativas da Fundação
Localizada
no bairro Morumbi, a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, um dos
mais importantes legados da arquitetura modernista no Brasil, é um dos
poucos espaços na cidade de São Paulo que possui em um mesmo lugar um
acervo rico em obras do período Colonial, Imperial e do século XX, assim
como um parque com vegetação rica em espécies de Mata Atlântica, com
mais de 75 mil metros quadrados.
Em
2023, a Fundação promoveu uma série de visitas guiadas com objetivo
socioeducativo para diversas ONGs e instituições de ensino públicas e
privadas. “A ação educativa da Fundação busca propor diálogos entre o
acervo e espaços da casa a partir da pesquisa, visitas mediadas,
conversas com o público espontâneo e desenvolvimento de atividades”,
afirma Glória.
A
arte-educadora conta que os ambientes do parque e da casa foram estopim
de conversas sobre os mais variados assuntos, como a atual crise
climática e sua relação com a preservação da Mata Atlântica, presente na
área verde do local. A relação entre o ambiente e mobiliário da casa e o
cotidiano dos estudantes também foi tema de muito bate-papo e reflexão.
Serviço: A
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano funciona de terça a domingo, das
10h às 17h30. Para agendar visitas guiadas, conduzidas pelos educadores
da Fundação, basta entrar em contato pelo telefone ou WhatsApp (11)
91433-4685.
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano – Criada
em 1974, dois anos após o falecimento de Maria Luisa, a instituição é
uma contribuição de Oscar Americano à capital do estado. Além da casa em
que viveram com os filhos durante 20 anos, a coleção de obras de arte e
o extenso parque também foram disponibilizados para a cultura e o lazer
dos moradores da cidade de São Paulo. Hoje, essa fundação
artístico-cultural oferece ao público visitas guiadas, concertos,
exposições e várias atividades culturais, focadas na literatura, na
história do nosso país e nas diversas fases que constituem o Brasil – o
objetivo cultural e socioeducativo da Fundação Maria Luisa e Oscar
Americano é o seu legado. Mais informações: https://www.fundacaooscaramericano.org.br/
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