BLOG ORLANDO TAMBOSI
Sem Lênin e a Revolução Russa de 1917, Karl Marx manteria apenas um pequeno lugar na história das ideias. A fama de Marx não resulta da qualidade de sua obra, mas sim do papel que suas ideias desempenharam como guia para os revolucionários que empurraram a Rússia para o abismo da destruição. Antony Mueller para o Instituto Mises:
A
triste aceitação dos pensamentos de Marx nunca para, o que faz da sua
refutação um imperativo. Uma lista completa dos erros do marxismo seria
longa. Aqui, abordaremos apenas alguns deles: o papel do capitalista e
da desigualdade em uma economia de mercado, a função do lucro, do
prejuízo e do empresário, a teoria da exploração e o prognóstico de Marx
sobre o colapso capitalista.
Primeiro erro: O papel do capitalista
Karl
Marx (1818-1883) ignora o papel desempenhado pelo capitalista na
economia de mercado. Ele identifica o capitalista como alguém que, como
foi o caso do colaborador de Marx, Friedrich Engels (1820-1895), possui
uma fortuna e recebe dividendos e pagamentos de juros sem uma realização
própria. Biógrafos do líder do movimento operário comunista afirmam que
Marx nunca viu
uma fábrica por dentro. Friedrich Engels, o patrocinador financeiro do
projeto marxista de conquista do mundo, era herdeiro de uma fortuna que
seu pai havia acumulado, e que o filho gastaria não apenas como apoiador
de Karl Marx e do movimento socialista, mas também como playboy.
Friedrich Engels não era nem capitalista nem empresário, mas herdeiro de
uma fortuna e um parasita, como Marx. Engels manteve Karl Marx
financeiramente assegurado, particularmente no período após o autor
socialista ter desperdiçado a herança de seu pai e, em seguida, de sua
esposa.
Marx
e seus sucessores ignoram que os capitalistas pré-financiam e preservam
a estrutura de capital da economia. A formação de capital exige, antes
de tudo, a abstenção de utilizar o potencial de consumo no presente. Os
capitalistas são aqueles que financiam os processos de produção em toda
sua longitude temporal até que a mercadoria chegue ao consumidor como o
produto finalizado e pronto para uso.
Para entender o papel dos capitalistas
na economia de mercado, é preciso considerar que cada produto passa por
um longo processo de produção até chegar aos consumidores. Este
processo de produção estende-se desde o planeamento, passando pelas
diferentes fases de processamento, até as mercadorias chegarem aos
armazéns e às salas de exposição e vendas, incluindo a comercialização
das mercadorias. A receita vem apenas com a venda do produto.
Até
o momento em que o capitalista recebe pela venda, muito tempo já
decorreu, enquanto todo o processo esteve sujeito a riscos e incertezas.
Os capitalistas recebem sua recompensa por causa da espera e de
suportar riscos e incertezas, enquanto os assalariados recebem sua
remuneração regularmente, muito antes de o produto chegar ao consumidor
final.
Segundo erro: Desigualdade
Sob
a concorrência de mercado, apenas os empreendedores de sucesso, aqueles
que dominam os desafios de satisfazer os desejos dos clientes,
permanecerão no negócio. Os empreendedores falidos desaparecem do
mercado junto com seus projetos e suas empresas. Os socialistas veem
somente aqueles que acumularam alguma fortuna. Lamentam a desigualdade e
ignoram o fato de que o processo capitalista é um processo de
eliminação que erradica os perdedores do jogo. Numa economia de mercado
competitiva, a expressão "empresário de sucesso" representa um
pleonasmo, porque os empresários que não têm sucesso são forçados a sair
e têm de abrir espaço para os empresários que melhor servem os seus
clientes.
Marx
entendeu mal a essência da desigualdade em uma economia de mercado e
colocou a propriedade capitalista na mesma categoria que a riqueza
detinha sob o feudalismo. Marx não reconheceu que o processo de mercado
cria desigualdade porque os projetos fracassados desaparecem. A
desigualdade no capitalismo é resultado de um processo de eliminação. A
competição de mercado funciona como um processo contínuo de correção de
erros. As empresas falidas tendem a desaparecer. As falências tornam o
capitalismo produtivo e são um sinal de que os mercados funcionam. Na
realidade da economia de mercado, a construção marxista de uma "classe
capitalista" não existe, porque cada membro deve lutar por seu status
todos os dias e, sob o capitalismo livre, tanto as portas de entrada
quanto as de saída estão escancaradas.
Terceiro erro: Lucros e perdas
Karl
Marx acusou a economia de mercado da anarquia da produção, mas é, de
fato, o sistema econômico socialista que sofre com o caos. A escassez
requer comportamento econômico. Os preços indicam a disponibilidade
relativa de um bem. Os lucros e prejuízos, que surgem da diferença entre
vendas e custos, informam o empresário sobre a rentabilidade da
empresa. Se o lucro e a perda desaparecem sob o socialismo, o indicador
de quão bem a produção serve aos consumidores também desaparece. Sem
esses sinais, a produção ocorre por acaso e pode custar mais do que os
bens valem para o usuário final.
A
economia socialista absorve mais recursos materiais e humanos do que a
produção gera em utilidade. A lamentada "exploração" do trabalho humano,
que os socialistas acusam existir no capitalismo, é a realidade
sistemática sob o socialismo. Nos esforços soviéticos
para industrializar a Rússia, essa economia de soma negativa do
socialismo custou um preço colossal em vidas humanas e trabalho. Na
segunda década do novo milênio, essa exploração das massas ainda
continua em Cuba, Coreia do Norte e Venezuela.
Quarto erro: Planejamento econômico
Os
planejadores socialistas podem fornecer esquemas para produzir bens de
consumo com base em pesquisas das condições entre a população. Por
exemplo, os burocratas na agência central socialista tentam determinar
quantos pares de sapatos a população precisa. No entanto, os
planejadores não podem atingir esses objetivos porque não têm
conhecimento confiável e detalhado sobre o que os consumidores querem.
Tampouco têm as diretrizes sobre os custos que a produção dos sapatos
absorveria em relação a satisfazer os desejos urgentes dos consumidores,
como roupas, moradia e alimentos.
Numa
economia de mercado, a solução para este problema não está nas mãos de
uma autoridade central de planejamento. Ao contrário, todos os
participantes no mercado cooperam no processo de avaliação e delegam a
produção dos bens em diferentes unidades empresariais, de acordo com as
capacidades específicas dessas empresas individuais que a concorrência
de mercado revela. Cada consumidor individual expressa sua valorização
subjetiva no ato da compra. Os preços e as quantidades vendidas são
sinais e incentivos. Em uma economia de mercado capitalista, os
proprietários dos meios de produção são envolvidos em cada etapa do
processo produtivo para resolver o problema da valorização. No final, a
valorização dos consumidores determina o valor do capital empregado no
processo produtivo.
Quinto erro: Empreendedorismo
No
socialismo, acredita-se que os técnicos possam continuar a trabalhar
sem empreendedorismo, na ausência dos capitalistas e dos gestores
capitalistas. Os socialistas querem tornar supérfluos os empresários e
colocar o aparelho de produção nas mãos dos trabalhadores e dos seus
dirigentes. Os socialistas acreditam que podem alcançar um melhor
desempenho econômico através da socialização das empresas. Os
anticapitalistas chegam a essa falsa ideia porque não entendem a função
do empresário nem a do capitalista.
Ao
contrário do administrador, o empreendedor representa a força criativa
do negócio. A tarefa do empreendedor — que pode ou não ser o dono de uma
empresa — é realizar ideias de negócio. O empreendedor é quem procura a
melhor forma de satisfazer os desejos dos clientes, a melhor forma de
produzir com os equipamentos de produção e a melhor forma de organizar a
fábrica. Um empreendedor é alguém que realiza essas ideias.
Diferente
do empreendedor, a função do capitalista é manter a estrutura de
capital. Os capitalistas financiam o processo de produção. Eles recebem
sua remuneração apenas com a venda do bem final, enquanto os
trabalhadores recebem seus salários já durante o período do processo de
produção. Quando os capitalistas e os empresários desaparecem, e os
socialistas tomam o poder, a estrutura de capital desintegra-se porque
não resta ninguém com interesse pessoal em financiar e gerir essa
estrutura tendo em mente o consumidor final.
Sexto erro: Exploração
De
acordo com a doutrina marxista, a característica do capitalismo é que o
uso do dinheiro serve para produzir bens para ganhar mais dinheiro.
Marx colocou essa ideia em sua fórmula de D-M-D', que significa que o dinheiro (D) serve para produzir mercadorias (M) para ganhar mais dinheiro (D').
No
modelo marxista, os lucros empresariais resultam da exploração dos
trabalhadores porque os capitalistas ganham a mais-valia que os
trabalhadores criam. A mais-valia depende da chamada “composição
orgânica do capital”, que inclui o “capital constante” das máquinas e da
propriedade e o “capital variável”, que representa a força de trabalho
no processo produtivo.
Segundo
Marx, a competição capitalista obriga as empresas a aumentar o capital
constante. Isso reduz a participação relativa do capital variável, e a
rentabilidade da firma capitalista cai desde a extração da mais-valia,
pois a taxa de exploração depende do tamanho relativo do trabalho em
relação ao capital constante.
O
ponto central do modelo marxista é a tese de que o lucro empresarial
resulta da exploração da força de trabalho e que, na medida em que a
concentração do capital reduz a extração da mais-valia, os lucros
encolherão e o capitalismo entrará em colapso.
Para
Marx, a solução é o socialismo como um sistema sob o qual os
trabalhadores retêm a parte do trabalho que o capitalista extrai como
mais-valia do proletariado trabalhador.
O
problema central do modelo marxista é o pressuposto de que o valor de
um produto é igual ao esforço de trabalho necessário para sua produção.
Marx tomou esse erro dos economistas clássicos, que não haviam notado
suas implicações paradoxais e o choque da teoria do valor-trabalho com a
realidade.
Sétimo erro: Colapso do capitalismo
De
acordo com a doutrina marxista, o capitalismo sofre de crises que se
tornam mais severas e destrutivas ao longo do tempo e, finalmente,
trazem seu colapso completo. A competição capitalista leva a um exército
de desempregados, ao empobrecimento da classe trabalhadora e a uma
crescente concentração de capital. De acordo com essa teoria, a massa
dos proletários crescerá, enquanto o número dos capitalistas diminuirá.
A
teoria marxista conclui que, na medida em que o volume da força de
trabalho ativa cai no processo de produção, os lucros diminuem e, assim,
o capitalismo provoca sua própria queda.
No
entanto, durante os 150 anos decorridos desde que 'O Capital' (1867)
apareceu na imprensa, ocorreu o desenvolvimento oposto: em vez do
empobrecimento em massa, uma nova classe média emergiu, e a pobreza
extrema diminuiu em todo o mundo à medida que mais países se voltaram
para o capitalismo. Hoje, há mais empresas no mundo do que nunca. Nessas
empresas, os lucros servem para expandir a produção, introduzir o
progresso técnico e elevar a produtividade e, com isso, os salários.
Conclusão
Sem
Lênin e a Revolução Russa de 1917, Karl Marx manteria apenas um pequeno
lugar na história das ideias. A fama de Marx não resulta da qualidade
de sua obra, mas sim do papel que suas ideias desempenharam como guia
para os revolucionários que empurraram a Rússia para o abismo da
destruição. Como economista político, Marx errou em todos os principais
temas que apresentou em sua obra e a prática de seus seguidores traz a
prova desta tese.
Postado há 1 week ago por Orlando Tambosi
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