"Além de se tornar Responsável Técnico de um espaço, como determina a Lei, a graduação possibilita ao profissional a oportunidade de se tornar professor e ajudar na formação de novos profissionais", informa coordenadora do curso de Estética e Cosmética das Faculdades Promove (Maurício Vieira / Hoje em Dia)
As projeções são bastante animadoras para um mercado já turbinado e que há anos colhe os frutos de um crescimento constante. Até 2028, o ramo de cosmética e estética deve movimentar US$ 124,7 bilhões em nível mundial e expandir em média 9,8% ao ano, de acordo com o Grand View Research, empresa de consultoria e pesquisa de mercado sediada nos Estados Unidos.
Investir nesse mercado pode ser uma oportunidade e tanto de negócio. E investir em formação, para garantir conhecimentos adequados na área, abre inúmeras possibilidades de trabalho e ganhos, atraindo a clientela cada vez mais exigente e que busca expertise, como destaca Lilian dos Santos Oliveira, professora e coordenadora do curso de Estética e Cosmética das Faculdades Promove.
Especialista
em metodologias da educação e mestranda na área, Lilian destaca que um
dos papéis de bons profissionais é impor limites aos excessos na busca
por peles e corpos cada vez mais jovens.
O crescimento
turbinado até mesmo durante a pandemia abriu também mais e mais
possibilidades de trabalho e de ganhos para os profissionais da área?
Em isolamento, as pessoas começaram a perceber mais o que as incomodava. O trabalho em home office trouxe também a possibilidade de tirar um tempinho do dia para se cuidar e com auxílio de um profissional, o que ajudou a expandir o mercado. Muitas pessoas ganharam peso com a pandemia, o que trouxe um aumento pela busca de procedimentos para garantir saúde e bem-estar, de maneira geral.
Afinal, a estética abrange quais ramos de cuidados?
As áreas são diversas, vão desde a maquiagem profissional, ao design de sobrancelhas, aos procedimentos injetáveis, nos tratamentos pré e pós operatórios, além de áreas de treinamento, docência e supervisão e elaboração de pareceres científicos.
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Quem
se forma na área pode atuar em todos os ramos ou o mercado e a
clientela valorizam cada vez mais o especialista em determinada área?
Pode,
sim. Vale enfatizar que a formação dá a base para todas as áreas, porém
há sempre a necessidade de se especializar naquilo que deseja e assim
se tornar um expert nos serviços onde deseja atuar.
Que formação ou nível de conhecimento não podem faltar a quem já atua ou deseja atuar como profissional de estética?
As áreas como anatomia, fisiologia e cosmetologia são essenciais, pois são a base do curso.
"Em isolamento, as pessoas começaram a perceber mais o que as incomodava", lembra Lílian (Maurício Vieira / Hoje em Dia)
O quanto um curso superior agrega ao currículo?
Além de se tornar Responsável Técnico de um espaço, como determina a Lei, a graduação possibilita ao profissional a oportunidade de se tornar professor e ajudar na formação de novos profissionais, além de poder atuar junto às empresas que fornecem equipamentos, produtos e insumos voltados aos serviços estéticos.
Mulheres são maioria, tanto como clientes quanto como profissionais da área?
Atualmente essa realidade está mudando, pois há um crescente número de homens que buscam cuidados com a pele, corpo e cabelos. E dentro dos cursos de formação há essa crescente busca também, mesmo que ainda a área seja dominada pelas mulheres.
Qual o maior desafio para quem escolhe empreender na área aqui no Brasil?
A
quantidade de impostos, que acaba por aumentar muito os valores dos
procedimentos, o que muitas vezes impede o crescimento e o sucesso
desses profissionais. Quem atua nessa área sem a menor formação,
atrapalha muito, acaba sucateando, impedindo a valorização dos
profissionais que investem em conhecimento e que resolvem empreender,
montando espaço adequado para oferecer seus serviços. Devido à falta de
um conselho federal, a estética, assim como os demais estabelecimentos
de serviços de saúde, responde à Vigilância Sanitária. Então, ao se
decidir pela abertura de uma clínica ou consultório é necessário
obedecer todas as normativas, como equipamentos devidamente registrados,
alvará sanitário e de funcionamento, além de um espaço físico
adequado.
Qual a idade ideal para começar a cuidar da pele?
O ideal é começar ainda na infância, com produtos adequados para a idade e fotoproteção. Na fase das mudanças hormonais que ocorrem com a chegada da adolescência é mais importante ainda. Essas mudanças se juntam à rotina muitas vezes inadequada de alimentação e outras práticas que alteram significativamente a pele, podendo trazer acne, ressecamento ou oleosidade excessiva.
"A busca pela beleza prolongada ou jovialidade é maior que a busca por prevenção desses efeitos do tempo", destaca a professora (Maurício Vieira/Hoje em Dia)
Mas e se a ficha só caiu após os 50, por exemplo, dá pra recuperar o tempo perdido?
Em
parte, sim. Hoje conseguimos recuperar a hidratação, estimular a
produção de colágeno e até devolver a firmeza da pele e um aumento da
massa muscular. Claro que há um limite, visto que aos 50 a quantidade de
colágeno já não é a mesma dos 20 anos. Alguns procedimentos, como
microagulhamento, conhecido como IPC (Indução Percutânea de Colágeno),
fototerapia, bioestumuladores de colágeno e preenchimentos com ácido
hialurônico, por exemplo, dão excelentes resultados.
Existe uma rotina mais básica possível e necessária para um autocuidado diário com pele e cabelos, por exemplo?
Sim, mas a primeira etapa é saber seu biotipo de pele, o grau de envelhecimento, as necessidades próprias. Assim é possível ter produtos adequados para a limpeza, hidratação e proteção da pele e cabelos.
Muitas pessoas consideram esse chamado skin care muito caro, pela quantidade e diversidade de produtos a serem usados. Esse pensamento procede: skin care bom é skin care caro?
Depende! Produtos de alta performance (bases e formulações biocompatíveis a pele) possuem sempre valores diferenciados, porém passam por estudos que comprovam sua eficácia. Então se pensarmos no custo-benefício, não são caros, lembrando que marcas famosas não são necessariamente as mais eficazes.
Quais os principais erros que as pessoas cometem nesses cuidados, muitas vezes feitos por conta própria ou orientação inadequada de influencers nas redes sociais?
O pior é usar produtos que, ao invés de ajudar a pele, podem piorar a condição, como o aumento da oleosidade, piora de manchas –conhecido como efeito rebote. Mas há casos piores, como queimaduras e até cicatrizes pela utilização de produtos à base de ácidos ou equipamentos portáteis que vão retirar a camada protetora da pele (manto hidrolipídico) podendo deixar a pele suscetível a doenças como dermatites e micoses, por exemplo.
Homens e mulheres estão se cuidando cada vez mais, porém existe diferença nos procedimentos, na rotina básica para ele e para ela?
Basicamente não: seguem sempre limpeza, equilíbrio, hidratação e proteção. Porém na mulher as alterações hormonais ou uso de anticoncepcional requer produtos mais hidratantes, enquanto que nos homens produtos, menos cremosos, uma vez que a maioria não gosta do aspecto “melado” da pele. Então, basicamente hidratantes em mousse para as mulheres e para os homens, em gel.
A harmonização facial é o que dá mais dinheiro na área da estética atualmente?
Na verdade, é um equivoco isso, pois o valor dos produtos e insumos, como cânulas e seringas adequadas, têm valor mais elevado. Ou seja, o gasto do profissional também é alto. Em um consultório serviços básicos muitas vezes rentabilizam muito mais, pois são mais frequentes. Por exemplo, a limpeza de pele geralmente feita 2 vezes no mês, e um preenchimento a cada 6/8 meses.
Atualmente, a atenção está cada vez mais voltada ao cuidado e à prevenção ao envelhecimento, além da possibilidade de “corrigir imperfeições”, aquelas insatisfações em alguma parte do corpo?
Sim..culturalmente, a busca pela beleza prolongada ou jovialidade é maior que a busca por prevenção desses efeitos do tempo.
Como profissional experiente, você considera que há exageros ou abusos em certos procedimentos, fazendo parecer que a estética ganha mais peso, muitas vezes, do que a saúde?
Sim, vejo com certa preocupação, pois há sempre uma busca incessante por se manter jovem e belo, porém é papel do profissional impor esses limites, pois esses excessos colocam em risco a saúde das pessoas, com casos de reações alérgicas, por exemplo, necroses e até mesmo mortes que poderiam ter sido evitadas se houvesse cautela do profissional em orientar e esclarecer ao cliente sobre os riscos desses excessos.
Neste ano estão em alta os chamados cosméticos antifadiga. O que são exatamente?
São conhecidos por reduzir efeitos dos chamados radicais livres, cujo aumento prejudica a funcionalidade das células e com isso interferem em vários aspectos da pele, como na produção de colágeno e desestabilidade na produção de hipercromias (manchas). Esses cosméticos auxiliam buscando reverter esses efeitos de degradação celular, protegendo essas células.
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