BLOG ORLANDO TAMBOSI
Para pagar a dívida de Bolsonaro a amigos, Lula manda doar R$ 9 bilhões em emendas do relator. José Nêumanne Pinto para a Crusoé:
Na
política brasileira, promessa nunca foi, não é nem nunca será sinônimo
de dívida. O governo Lula, em marcha batida para repetir o antecessor
pela necessidade da precisão e da clareza de acrescentar o prefixo des,
que sinaliza negação, ou seja, desgoverno, confirma tal constatação como
era esperada, mas com uma acelerada pressa de decepcionar. Confirma-o
notícia, dada pelo Estadão, de que sua excelência insolentíssima, na
chefia do Executivo, mandou ao ministro das Relações Institucionais,
Alexandre Padilha (vulgo “vai pra casa”), descumprir sua ordem anterior
de congelar o pagamento das emendas do relator do infame orçamento
secreto. Para não haver dúvida determinou que o próprio e o chefe da
pasta das Cidades tirassem do congelador R$ 9 bilhões de infâmias
herdadas do desgoverno anterior. A desordem atropela determinação do
Supremo Tribunal Federal (STF), para cujos membros na República (coisa
pública) só se desembolsa erário com transparência de origem e destino.
Orçamento secreto nega, conforme quaisquer lógica e vergonha, o
princípio mais fundamental para todos quantos administrem os cofres da
viúva.
No
caso, como diria o ex-sindicalista do alto de seu vernáculo de
vocábulos exatos e com pudor (sqn), o buraco é bem mais embaixo, no
subsolo. Para vencer a disputa nas urnas eletrônicas contra o mau
militar que se habilitou ao cargo Luiz Inácio prometeu pôr fim à
desordem institucional e à violência brutal do regime negacionista.
Nesse, vacinas matam em vez de salvar e orçamentos devem ser públicos
para esconder e proteger os desgovernantes que se habilitam a
embolsá-lo. Contra a tirania do ódio foi prometida a democracia do amor.
E essa está violando o princípio fundamental da igualdade, que é o de
garantir ao pagador a entrega do produto prometido em troca do
dispêndio. Com o perdão da imagem desaforada, o orçamento secreto agrava
o estupro da transparência orçamentária com o cinismo de que nem todo
ditador abusa. E tudo foi praticado na base do cochicho, do fuxico
fiscal. A ordem de congelar foi secreta e a de honrar a dívida com o
contribuinte, ou melhor, pagante, não foi publicada no Diário Oficial,
mas em mais um furo da imprensa alerta.
Pública
mesmo foi a ameaça que levou o chefinho do PT a jogar no lixo o
vitupério lançado (e merecido) para a prática. O chefão da câmara dos
líderes de bancadas partidárias, às quais o pobre cidadão não tem
acesso, avisou que o desgoverno não teria como se livrar do sufixo se
não rezasse na cartilha do Centrão dos cambalachos. Esse se deslocou
para o sertão das Alagoas. Arthur Lira, o profeta dos fatos previsíveis,
avisou que o congelamento secreto derreteria as pretensões governistas
em votações de plenário, nos quais o desgoverno tem minoria de votos
parlamentares: a tentativa de desfazer o pacote sanitário e se desviar
as intenções desgovernistas para o combate ao lorotário das fake news. O
desmanche da vontade de el Rey e seus súditos foi acachapante. E, mesmo
sem superar os bilhões do petrolão, por ele próprio dito “o maior caso
de corrupção da História”, recebeu, ora, vejam, a unção papal.
De
super, o desgoverno da falsa democracia do desamor só tem mesmo a
ocupação da Esplanada dos Ministérios com suas 32 pastas (ou seja, 64
patas dos bípedes na chefia). E a gula desmesurada de teúdos e manteúdos
dos saldos da derrama fiscal, que faz parecer os quintos que
despertaram a indignação dos mineradores das Gerais abaixo de “ouro de
tolo” e virar “mina de tolo”. A presença displicente do general com nome
de poeta e barriga de chope na invasão dos golpistas fracassados da
direita estúpida em 8 de janeiro último (que assim seja) está à espera
de boas explicações a serem dadas pela plena divulgação dos vídeos da
desordem. Que, grazie Dio, não caiu no sigilo (olhe-o aí de novo, gente
boa) tentado pelas pretensas vítimas, mas felizmente não obtido, de
cinco anos.
Num
cenário de horror desses, aliás, somente uma mentalidade colonizada e
desinformada poderia atender ao convite de coroação de um monarca,
deixando desempregados à matroca do lado de cá do grande mar. O cafona e
apagado coroado (Carlos Terceiro, para quem não chama Henrique Oitavo
de Henry the Eighth). Isso aconteceu, quem sabe, por cobiçar o cargo do
coroado no silêncio compartilhado com Janja. Sem se tocar que o Reino de
fato desunido não passa de um império decadente. Mas ainda assim
conhecido como a “pérfida Albion”, denominação clássica de Grã Bretanha
desde os tempos da hoje pequena Grécia. Poucos comensais das visitas,
pagas pela massa iludida ou não às ditaduras fascistas e escravocrata da
China e dos Emirados Árabes Unidos, não terão sequer um dicionário à
mão para explicar ao cara que subiu a rampa que “pérfida”, apesar de ser
proparoxítona, não abriga nenhum elogio. O capitão-terrorista diria que
o casal real, coitadinho, é feinho. Mas feio mesmo é cruzar o Atlântico
para ver um diamante, do qual a África do Sul reclama a posse, na
cabeça de um desgovernante incapaz até de esclarecer que não pode dar as
esmolas pedidas de mão estendida.
Postado há 1 week ago por Orlando Tambosi

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