Engana-se quem pensa que os debates eleitorais são algo recente em nossa sociedade, pois as pessoas discutem sobre ideias políticas e suas visões do mundo há séculos.
Por exemplo na Grécia Antiga, no contexto da Ágora, que eram reuniões onde as pessoas se reuniam para compartilhar suas ideias e discutir diversas questões em praças públicas.
Ou como na França, quando ocorreu a Revolução Francesa, onde jacobinos e girondinos disputavam o rumo do país e um dos eventos mais importantes que mudaria a história dos franceses.
Que foi inclusive onde se popularizou a ideia de direita e esquerda que é usada no mundo todo até os dias atuais.
Isso surgiu quando os membros da Assembleia Nacional da França se dividiam em partidários do rei Napoleão Bonaparte à direita do presidente, e os simpatizantes da revolução ficavam à esquerda, deixando bem claro seus ideais.
Aqui no Brasil os debates, ou sabatinas como também são chamados, já são populares e acontecem em diferentes emissoras no mês que antecede as eleições.
Nelas os candidatos expõem seus pensamentos, além das propagandas partidárias ou dos seus comícios em praças, sem contar as aparições públicas em feiras ou obras de construção reforma engenharia civil.
Ao contrário desses eventos, na sabatina ele é confrontado por seus adversários, tendo que pensar rápido nas respostas e soluções dos problemas.
Nos debates, o principal objetivo é conquistar os eleitores em dúvida, e para aqueles que já têm certo candidato como opção, consolidar esse voto, com isso apresentando suas propostas e ideias, tentando de fato convencer aqueles que assistem.
Esses candidatos têm que apresentar suas ideias de uma forma que todos entendam, desde o trabalhador de assistência técnica perícia trabalhista até o professor universitário, pois todos precisam compreender essas ideias.
Além de apresentar suas propostas, o candidato precisa explicar como serão feitas, afinal não adianta nada uma grande proposta sem um bom plano de execução que faça sentido.
Sem contar no ápice e talvez o mais desejado pelos telespectadores, o enfrentamento de visões sobre diversos temas como saúde, educação, moradia.
Entre tantos outros que impactam na vida de todos, seja um funcionário de uma empresa de projeto de drenagem ou até um museólogo, a política afeta a sociedade como um todo.
O debate é um dos recursos mais emblemáticos quando se trata da conquista do voto, afinal é uma marca registrada dos países democráticos.
Essa troca de ideias, pensamentos e propostas entre diferentes lados, seja direita ou esquerda, é fundamental para a manutenção da democracia, pois se deve ouvir todos os lados e conhecer todas as opções, para assim fazer uma escolha mais segura.
A televisão não é o único meio de comunicação que transmite esses debates, já que é comum ver esses encontros entre os candidatos em rádios, jornais e até em algumas universidades.
Mas é inegável que o alcance da TV é muito maior, chegando a todo o país, onde esses outros meios não conseguem, atingindo desde o funcionário de montagem de painel comando elétrico que mora lá no nordeste, até o empresário que mora no sul.
A história dos debates eleitorais
A história dos debates como conhecemos hoje em dia, midiáticos e que todos conseguem acompanhar e suas escolhas são impactadas diretamente, começou lá nos Estados Unidos, então eles são os pioneiros dos debates televisivos.
Graças ao famoso e icônico encontro entre John Kennedy, do Partido Democrata, e Richard Nixon, do Partido Republicano, no ano de 1960, transmitido para 70 milhões de telespectadores, sendo o primeiro debate presidencial televisionado da história dos EUA.
É importante analisar que esse debate, ainda mais transmitido pela TV, conseguiu consolidar a visão dos eleitores sobre os candidatos.
Nixon tinha passado duas semanas no hospital por causa de uma lesão na perna, estava barbudo, não usava maquiagem e passou um ar que não estava se sentindo confortável com toda aquela situação, dado ao seu estado de saúde.
Já Kennedy apareceu em frente às câmeras mais relaxado, passando ao público que o acompanhou na TV, como se tivesse vencido o debate. Após o confronto, a campanha de JFK ganhou impulso e ele conseguiu superar Nixon nas pesquisas.
Com isso acabou derrotando Richard Nixon em uma das eleições presidenciais mais apertadas do século XX.
No Brasil, a TV Tupi tentou fazer seu próprio debate também no ano de 1960 com os candidatos à presidência do Brasil no programa Pinga-Fogo, porém a emissora não obteve muito sucesso.
Foi só nos anos 1980 que esse formato se consolidou entre os confrontos televisionados dos candidatos. Sendo mais exato, em 1982, usando muito com base os debates vistos na Europa e nos Estados Unidos.
Aliás, nos meses próximos à eleição é normal encontrar grupos de pessoas que falem sobre seus candidatos se baseando nesses debates, seja no horário de almoço das empresas fabricantes de painéis elétricos ou nos bares e festas.
O ano de 1989 foi um ano memorável para o nosso país, pois com o fim da ditadura militar e a reconquista da democracia no Brasil, as pessoas podiam enfim exercer o seu voto e escolher quem iria governar.
O marco aconteceu justamente nesse retorno do voto direto aos candidatos à presidência, algo que não acontecia desde 1964, quando a ditadura foi instaurada. Foi um grande ano, mais de 20 candidatos de vários espectros partidários se apresentaram para o governo.
O primeiro debate foi transmitido pela Bandeirantes, e ganhou notoriedade pela discussão entre Paulo Maluf e Leonel Brizola, onde era quase impossível acalmar os ânimos.
Como era o começo desse formato, não existiam muitas regras, então os candidatos não tinham muitos limites e trocaram muitas farpas, em muitos momentos se perdendo o respeito.
Esse debate foi muito importante, pois graças a essas discussões o candidato superou Brizola com uma pequena margem de erro.
Traduzindo a ideia de como esses debates são fundamentais na decisão dos eleitores, por exemplo, uma pessoa que trabalha com projeto rede de distribuição e não entende muito de política, ao ver como esses candidatos se comportam, é influenciado na hora de votar.
Nessa eleição de 1989, no segundo turno que foi entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, apresentou uma caraterística que nunca mais foi usada em debates aqui no Brasil.
Um conjunto de emissoras se juntou para promover e transmitir os debates eram elas:
Rede Globo;
SBT;
TV Manchete;
Bandeirantes.
Funcionava com cada bloco sendo mediado por um representante de cada canal.
Essa disputa entre Lula e o Collor foi marcada pela possível influência direta nos resultados da eleição, que a Rede Globo teve após o debate, pois antes desse emblemático acontecimento os candidatos estavam em empate técnico.
Eles reprisaram os melhores momentos no Jornal Nacional no dia seguinte à sabatina, onde o candidato Collor teve mais tempo e destaque na edição, já que Lula era apresentado nervoso e suando.
Muito parecido com o que aconteceu com Kennedy e Nixon, onde a questão da aparência foi fundamental, mas nesse caso a edição favoreceu um dos lados, pois o debate não foi apresentado ao vivo.
A aparência é sem dúvidas um fator fundamental, principalmente no campo televisivo, onde as pessoas julgam muito como o candidato está se apresentando.
Quem ele era antes de se candidatar era um funcionário de uma empresa de aluguel de cadeira balancim ou um empresário bem sucedido.
Afinal, dependendo das suas habilidades ele será apto para governar, ninguém quer uma pessoa despreparada no comando do Brasil. Após esse acontecimento a rede Globo nunca mais editou seus debates.
A importância dos debates para o eleitor
É nos debates em que os cidadãos têm a oportunidade de ver os seus candidatos frente a frente, expondo suas opiniões, propostas, sendo confrontados pelos seus adversários, acima de tudo ele não está tentando agradar o eleitor como acontece em comícios.
Ele está sendo questionado e posto sob pressão para apresentar tudo que pensa e acredita para o Brasil, fazendo com que a sociedade tenha um panorama desse candidato e vendo se realmente ele está preparado para governar o país.
Analisar se o candidato está sendo fiel aos seus ideais, defendendo suas ideias e não está fugindo das perguntas ou inventando mentiras sobre os fatos e seus adversários são fundamentais para a decisão do seu voto.
Em uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2000 na cidade de São Paulo, quando questionados qual a importância dos debates entre os candidatos na TV e rádio, 51% dos entrevistados responderam que era “muito importante”.
E não pense que política não é para você ou que de nada adianta pois não vai mudar a sua vida. Todas as decisões tomadas, sejam por governadores, deputados ou presidente, te afetam sim.
No seu salário, na sua saúde e em toda a estrutura da sociedade, seja você alguém que trabalha com aquecedores Cumulus assistência técnica ou um gerente de banco.
Por isso acompanhe seus candidatos, veja como eles se apresentam nesses debates e faça uma escolha consciente pois ela impacta o país todo.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.
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