Nelson de Sá
Folha
No dizer do New York Times, a comissária da ONU para direitos humanos, Michelle Bachelet, é o centro de uma “batalha narrativa” em sua viagem à China, envolvendo as agências de notícias chinesa Xinhua e britânica BBC —ambas citadas pelo jornal, favorável à segunda.
Sua chamada foi para o “medo de que Bachelet se torne parte do spin”, do esforço chinês para derrubar a acusação americana de “genocídio” russo. Anotou que “os poucos comentários públicos de Bachelet não foram de confronto” com Pequim.
FIM DA GUERRA – Vai ficando para trás a batalha narrativa anterior, voltada a Moscou. Ao longo da última semana, começando por editorial do próprio NYT, cresceu a cobrança de um fim para a guerra, que a Ucrânia precisaria aceitar com “realismo”.
Dias após o jornal, falaram na mesma direção o ex-secretário de Estado Henry Kissinger e outros nomes do establishment americano de política externa, além dos três principais governos europeus —sempre de acordo com o NYT, já quase em campanha.
Nesta sexta (27), reportagem de capa questionou “Como termina?”, acrescentando que “fissuras emergem sobre o que constitui vitória”, entre Biden e líderes de Alemanha, França e Itália, que querem acordo.
RÚSSIA É “VIZINHA” – Em suma, “existe divisão sobre com que uma vitória se pareceria, se ‘vitória’ tem a mesma definição” para EUA e União Europeia, cujos “maiores e mais ricos países veem a Rússia como vizinho inescapável, que não pode ser isolado para sempre”.
Enquanto Biden não cede e força a Ucrânia ao acordo, NYT e outros americanos, como Wall Street Journal, passaram a noticiar que Putin vai “ganhando terreno” e está “prestes a tomar o controle de Sievierodonetsk”. Está “perto de cercar os soldados” em Donbas, objetivo declarado da “operação”.
Ao fundo, a Associated Press noticia que “economia é prioridade maior” que sancionar a Rússia, segundo pesquisa da própria agência: 51% dos americanos afirmam que a prioridade em relação ao conflito deve ser “limitar os danos à economia dos EUA”, contra 45% que apoiam mais as sanções econômicas à Rússia. “Um sinal preocupante para Biden”, que pode perder a maioria no Congresso daqui a cinco meses, nas eleições de meio de mandato.
POR SHIREEN – A estudante palestino-americana Nooran Alhamdan, em sua formatura na Universidade Georgetown, em Washington, recusou o cumprimento do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ecoando por mídia social e veículos do Oriente Médio como Al Jazeera.
Cobrou dele, na festividade de formatura, uma investigação da morte da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, em Israel.
Na quinta-feira, a CNN noticiou que “novas evidências sugerem que Shireen Abu Akleh foi morta por forças israelenses”, em reportagem que envolveu nove de seus jornalistas.
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