Ao menos duas empresas, uma da Rússia e outra dos EUA, teriam despachado
times completos de seus guerreiros de aluguel para Caracas, escreve
Roberto Godoy no Estadão:
Mercenários, soldados profissionais, aqueles sem bandeira que vendem
caro sua capacidade de combate, estão bem perto de se tornarem
protagonistas no conflito da Venezuela. Ao menos duas empresas, uma da Rússia outra dos EUA, teriam despachado times completos de seus guerreiros de aluguel para Caracas.
A rigor e comprovadamente, só os russos do Grupo Wagner já estariam em ação,
garantindo a segurança do primeiro escalão do governo do presidente
Nicolás Maduro e a da sua família. Os grandalhões “wag” chegaram em
março de 2018, antes das eleições de maio.
Na ocasião, a missão era garantir a integridade de Maduro, sob ameaça
de vir a ser detido, ou mesmo sequestrado, por oposicionistas
infiltrados nos serviços de segurança. Não eram muitos. Mas a maioria
tem o treinamento da Spetsnaz, a elite das forças de Moscou – atiradores
de precisão, peritos em luta marcial, no uso de facas, capazes de matar
com a tampa de uma caneta esferográfica; mergulhadores, paraquedistas.
O salário é de até US$ 10 mil mensais, mais um bônus ao final do
contrato. Uma análise da inteligência da Colômbia indica que o efetivo
da Wagner deslocado para a Venezuela seria de 80 homens, talvez 2 ou 3
mulheres. Não usam uniformes, nem insígnias. Utilizam o fuzil AkmS, a
versão mais leve do Kalashnikov AK-45, calibre 7.62mm, e a pistola
especial Gyurza, 9mm.
O engenheiro Juan Guaidó, presidente autodeclarado, não tem nada parecido. Ainda não. Erik Prince, fundador da Blackwater, com vasta e truculenta atuação no Iraque e no Afeganistão, estaria negociando uma consultoria de segurança e a modelagem de uma nova estrutura de Defesa. A informação vazou, todos os envolvidos trataram de providenciar desmentidos.
Reforço
Formalmente, a Rússia mantém em território venezuelano, além das
adidos diplomáticos, cerca de 100 técnicos das Forças Armadas. Chegaram
em um Ilyushin-62 seguido de um cargueiro An-124, com a missão de
recuperar o farto equipamento vendido à Venezuela desde 2005 – 24 caças
supersônicos Su-30, tanques T-72 com canhões de 125mm, blindados sobre
rodas BTR, e sobretudo treinar operadores das três baterias do temível
sistema S-300, de mísseis antiaéreos, considerado o mais avançado do
mundo, no mesmo nível de precisão do Patriot-4, dos EUA – mas com
alcance maior, 400 km.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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