Parto prolongado aumenta risco de hemorragia pós-parto Especialista da Organon explica os sinais de alerta e os avanços no tratamento que salvam vidas maternas A
hemorragia pós-parto ainda é uma das principais causas de morte
materna, sendo responsável por cerca de 27% dos óbitos maternos
registrados no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Estima-se que essa complicação afete entre 1% e 10% dos partos, em
diferentes graus de gravidade. Perdas sanguíneas acima de 500 ml são
consideradas como sangramentos anormais e indicam maior risco de
hemorragia pós-parto. No Brasil, assim como em outros países, esse
quadro permanece entre as principais causas evitáveis de mortalidade
materna. Para
esclarecer os riscos e desmistificar algumas crenças, o diretor médico
da Organon, Luiz Lucio, explica o que é mito e o que é verdade sobre
essas situações, especialmente no caso de partos prolongados, que
aumentam a probabilidade de complicações. Segundo
o especialista, considera-se prolongado um parto normal que dura mais
de 20 horas em casos de primeira gestação ou mais de 14 horas em
mulheres que já tiveram filhos. “O trabalho de parto prolongado é um
sinal de alerta de que algo pode estar errado. Ele pode indicar
problemas como bebê muito grande para passar pelo canal de parto,
contrações uterinas ineficientes e/ou dilatação insuficiente do colo do
útero”, afirma. O
parto prolongado está associado a um maior risco de atonia uterina,
quando o útero não se contrai adequadamente após a saída do bebê,
impedindo que os vasos sanguíneos parem de sangrar e podendo evoluir
para hemorragia pós-parto. “A principal causa de hemorragia pós-parto é a
atonia uterina, e o trabalho de parto prolongado aumenta esse risco.
Por isso, é fundamental que a equipe esteja preparada para agir
rapidamente se houver um sangramento anormal”, ressalta o médico. Um
dos mitos mais comuns é acreditar que a hemorragia só acontece em
partos com complicações graves. De acordo com Lucio, a realidade é
outra: “a grande maioria dos casos ocorre em mulheres sem fatores de
risco prévios. Por isso é tão importante ter uma equipe capacitada e
vigilante durante e após o parto para detectar qualquer anormalidade no
sangramento, mesmo quando o trabalho de parto parece ter transcorrido
normalmente”, explica. Além
do trabalho de parto prolongado, outros fatores também aumentam o risco
de hemorragia pós-parto, como gestação múltipla (dois ou mais bebês),
infecção do líquido amniótico, distúrbios de coagulação, lacerações
graves no canal de parto e histórico de hemorragia em partos anteriores.
“Mesmo sem esses fatores, qualquer mulher pode apresentar sangramento
excessivo. Por isso, o acompanhamento pré-natal e a assistência adequada
no parto e no pós-parto são indispensáveis”, acrescenta. Embora
mais comum no parto normal, a hemorragia também pode ocorrer em
cesarianas. Por isso, independentemente do tipo de parto, a equipe
médica deve estar atenta aos primeiros sinais de sangramento anormal e
agir rapidamente. O
especialista também destaca os avanços recentes no tratamento da
hemorragia. Além dos medicamentos que estimulam a contração do útero,
novas tecnologias ajudam a conter o sangramento, como balões
intrauterinos, técnicas cirúrgicas específicas e dispositivos inovadores
de vácuo intrauterino. “O mais recente é um dispositivo chamado Jada,
que cria um vácuo dentro do útero para ajudá-lo a se contrair, cessando o
sangramento de forma mais fisiológica. Esses recursos são essenciais
para salvar vidas quando a hemorragia acontece”, afirma. Para
muitas mulheres que sonham com o parto normal, saber que existem
recursos eficazes para tratar a hemorragia pode trazer mais confiança.
“É claro que estar em um hospital com estrutura e com profissionais
experientes faz toda a diferença. Mas o mais importante é realizar um
bom pré-natal, identificar riscos antecipadamente e contar com uma
equipe preparada para agir caso surjam complicações”, conclui o
especialista. |
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