A
Carta de Conjuntura nº 66 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA), divulgada em abril de 2025, revelou um retrato econômico que
impõe desafios estratégicos para quem busca consolidar ou evoluir na
carreira: taxa Selic alta, crescimento econômico quase nulo e setores da
economia se comportando de forma muito desigual.
O
Brasil cresceu apenas 0,2% no último trimestre de 2024, e a previsão
para 2025, segundo o IPEA, é de expansão tímida. A taxa básica de juros,
atualmente em 14,25% ao ano, ajuda a conter a inflação, mas também
freia investimentos e consumo. Mesmo assim, o desemprego caiu para 6,8%,
indicando que o mercado de trabalho ainda tem fôlego, embora de forma
desigual entre os setores.
"A
economia está em um freio controlado, e não em crise. A questão é que
as oportunidades estão migrando de lugar. Profissionais atentos a esses
movimentos conseguem se antecipar e se reposicionar melhor", analisa Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, gestor de carreiras e PhD pela Unicamp.
A
indústria extrativa, por exemplo, sofreu retração de 2,4% em janeiro de
2025, afetada por paralisações no petróleo e queda na mineração. Já a
indústria de transformação, ligada a bens duráveis e alimentos
processados, cresceu 1%, mostrando resiliência para áreas técnicas,
especialmente as que dominam automação e produtividade.
No
setor de serviços, que representa mais de 70% da economia brasileira,
houve retração de 0,2%, puxada pela queda em transportes, alojamento e
alimentação — setores sensíveis ao consumo de massa. "Quem atua
nesses setores precisa desenvolver competências em gestão de custos,
atendimento digital e experiência do cliente. Não basta esperar o
mercado melhorar: é preciso evoluir junto com as novas demandas", recomenda Santos.
Por
outro lado, atividades ligadas à tecnologia continuam crescendo, mesmo
com a economia desacelerada. Informação, comunicação, desenvolvimento de
software, cibersegurança e análise de dados seguem contratando. "Tecnologia
e dados se consolidam como setores anticíclicos. Em um cenário de freio
econômico, as empresas buscam eficiência e automação. Quem domina essas
áreas terá protagonismo em 2025", explica o especialista.
O
comércio varejista ampliado também surpreendeu positivamente, com alta
de 2,3% em janeiro, impulsionado por promoções agressivas e liquidações
de estoque, especialmente nos segmentos de veículos e materiais de
construção.
Para
Santos, o cenário impõe uma mudança de postura para profissionais em
início ou meio de carreira: "O mercado não vai expandir como antes, mas
também não vai encolher bruscamente. O que muda é o nível de exigência. O
profissional que entrega mais valor, que é mais ágil e versátil, sairá
na frente."
Apesar da
desaceleração, ele reforça que o momento não é de pessimismo, e sim de
estratégia consciente. "Os dados mostram onde estão os riscos e as
oportunidades. Quem se atualiza, investe em capacitação e ajusta sua rota com base nessas informações consegue se posicionar melhor,
mesmo em um ambiente econômico desafiador. É preciso proatividade; agir
com método e atenção às novas dinâmicas do mercado", conclui.
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Virgilio Marques dos Santos é
um dos fundadores da FM2S, gestor de carreiras, PhD, doutor, mestre e
graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela
mesma Universidade. Autor do livro "Partiu Carreira",
TEDx Speaker, foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e
especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como
de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente
de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores
do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.
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