*por Marcelo Senise
A Janela de Overton: Como Normalizar o Inaceitável (E Nem Perceber)
Recentemente,
em um grupo restrito de estrategistas e marqueteiros políticos — gente
que molda eleições e reescreve narrativas com um café na mão —, assisti a
um vídeo sobre a Janela de Overton. Foi a primeira vez que vi esse
conceito sendo levado a sério naquele tipo de ambiente. E não como
teoria de livro didático, mas como ferramenta prática que vemos ser
usadas. como Instrumento de trabalho. Confesso: aquilo me chamou a
atenção. E foi exatamente por isso que resolvi escrever sobre o tema.
A
Janela de Overton descreve o processo pelo qual uma ideia inaceitável
se torna aceitável — e, com o tempo, inevitável. Começa como absurdo,
depois vira “discussão legítima”, logo aparece em um talk show, vira
tendência nas redes e... pronto, está na lei. Não é magia, é método. A
sociedade não muda por acaso. Ela é conduzida.
E
se antes isso levava anos, hoje, com as redes sociais, leva semanas. Os
algoritmos cuidam para que você veja apenas o que confirma suas crenças
e bloqueie o que as ameaça. Você acha que está pensando livremente, mas
está apenas repetindo — com mais confiança — aquilo que lhe foi
cuidadosamente servido em formato de vídeo curto, meme ou frase de
efeito. A manipulação vem disfarçada de entretenimento. E a maioria
chama isso de “formar opinião”.
As
redes sociais não são mais praças de debate; são campos de adestramento
emocional. Quem discorda é cancelado, quem questiona é rotulado, quem
pensa — de verdade — cansa. Tudo é rápido e “engajador”. Afinal, quem
precisa de lógica quando se tem likes?
Foi esse ambiente, sedutor e tóxico, que me levou a escrever A Delicada (ou não) Arte da Desconstrução Política.
O livro é um mergulho nas engrenagens invisíveis que moldam o que você
apoia, odeia ou nem sabe por que acredita. Falo sobre linguagem,
simbolismo, cultura e as narrativas que destroem estruturas em nome de
causas que, muitas vezes, não entendemos — mas repetimos.
Não
escrevi para agradar. Escrevi porque, se não entendermos as ferramentas
que nos moldam, seremos moldados por elas — sorrindo, compartilhando e
jurando que somos livres.
O lançamento é em breve. Mas o convite já está feito: reconquiste o pensamento. Antes que ele vire só mais um produto da sua bolha.
Marcelo Senise
– Presidente do IRIA - Instituto Brasileiro para a Regulamentação da
Inteligência Artificial, Sócio Fundador da Social Play e CEO da CONECT
I.A, Sociólogo e Marqueteiro, atua há 36 anos na área política e
eleitoral, especialista em comportamento humano, e em informação e
contrainformação, precursor do sistema de análise em sistemas emergentes
e Inteligência Artificial. Twitter: @SeniseBSB / Instagram:
@marcelosenise
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