Conselho Monetário Nacional define, todo ano, as metas de inflação para três anos.
Tribuna da Bahia, Salvador
23/06/2023 06:00 | Atualizado há 2 dias, 4 horas e 55 minutos
Por Cicero Cotrim
O comunicado mais duro do que o esperado do Comitê de Política Monetária (Copom) em junho não retirou da mesa a possibilidade de redução da taxa Selic em agosto, segundo economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. A percepção dos analistas é de que a resposta das expectativas de inflação após a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre as metas de inflação, na reunião que será realizada no dia 29, devem determinar quando será iniciado o ciclo de cortes.
Essa senha foi apresentada pelo próprio Banco Central, que manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano na decisão desta quarta-feira, 21, e evitou sinalizar explicitamente uma redução dos juros já na próxima reunião, em 2 de agosto. A autoridade monetária preferiu indicar que os seus próximos passos dependerão da evolução das expectativas de inflação, da inflação corrente e da atividade econômica.
“Os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirmaram os membros do Copom no penúltimo parágrafo do comunicado.
Para analistas, a decisão do CMN sobre as metas será o principal determinante do comportamento das expectativas. O Conselho (que reúne os ministros da Fazenda e do Planejamento, mais o presidente do Banco Central) define, todo ano, as metas de inflação para três anos. Atualmente, as metas são de 3,25% este ano e 3% para 2024 e 2025, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto, para mais ou para menos.
No início do ano, por conta dos juros altos, muitos membros do governo discutiram a possibilidade de mudar a meta, para um patamar mais alto, para facilitar a queda da Selic. Mas especialistas sempre defenderam que essa saída poderia ter um efeito contrário: metas de inflação mais altas poderiam trazer a percepção de um BC mais ‘frouxo’, piorando as expectativas em relação aos preços futuros e até dificultando a queda das taxas de juros.
Essa discussão sobre a mudança das metas acabou perdendo força, e a mudança que pode acontecer na reunião do CMN da próxima semana é a mudança de como a meta é perseguida. Hoje, o BC precisa cumprir a meta dentro do ano-calendário - ou seja, precisa chegar a dezembro com a inflação dentro da meta, mesmo que durante todo o ano tenha ficado fora dos parâmetros. A ideia em discussão é adotar uma meta continua, válida durante todo o tempo. Ou seja, o BC precisaria se preocupar com o alvo da meta no acumulado em 12 meses, o tempo todo.
Expectativas de longo prazo
O mercado já considerava que a manutenção do centro da meta em 3% teria o potencial de derrubar as medianas dentro do Boletim Focus para o IPCA de longo prazo a até 3,5% - e mesmo as recentes quedas de 0,2 ponto porcentual nessas expectativas foram vistas como uma antecipação desse movimento à véspera do Copom.
“Parece que o Focus ainda tem uma probabilidade minoritária de que a meta seja elevada, de forma que, se ficar em 3%, vejo espaço para uma melhora das projeções, de talvez algo como 0,2 a 0,3 ponto porcentual”, afirma o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso. “Com as expectativas no Focus reduzindo de 0,2 a 0,3 ponto, o modelo do BC dá uma boa melhora, e todo o resto deveria levá-lo a ter uma inflação menor.”
Fonte: Agência estado
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