Por Tiago Bignoto*
"Devo
me preocupar?". Na rotina que vivo dentro da cardiologia, esta é uma
das perguntas que mais escuto dos pacientes quando chegamos a um
diagnóstico de sopro. Porque existe um entendimento geral de que o sopro
cardíaco não é exatamente um problema, mas algo a ser monitorado de vez
em quando e olhe lá. Porém, trata-se de uma condição que pode, sim, ser
perigosa e que deve ser acompanhada por um cardiologista com
frequência.
Basicamente,
o sopro cardíaco é um som anormal gerado pelo fluxo de sangue dentro do
coração. Em geral, essa anormalidade pode ser detectada por um
estetoscópio durante um exame físico do coração, e pode ser um sinal de
que há algum problema com o funcionamento do órgão. Por outro lado, há
duas variações de sopro cardíaco, e é a isso que devemos atentar.
Um
sopro cardíaco "inocente", também conhecido como sopro funcional ou
fisiológico, é um som cardíaco anormal se comparado ao de um coração sem
sopro, mas que não é causado por uma doença cardíaca subjacente. Esse
tipo de sopro é comum em crianças – cerca de 90% dos casos – e jovens
adultos saudáveis e, geralmente, não é perigoso. De qualquer forma, a
avaliação de um cardiologista é fundamental para afastar de vez a
preocupação. Só esse profissional é capaz de avaliar corretamente o
quadro completo, que considera idade e características específicas do
som.
Mas
existe também o sopro cardíaco causado por uma doença das válvulas
cardíacas ou por uma doença congênita. Nestes casos, o sopro é, sim, um
problema mais complicado, que pode se tornar grave e que requer
avaliação médica e tratamento adequado para não evoluir.
A
principal diferença entre um sopro cardíaco "inocente" e um sopro
cardíaco causado por uma doença é que o primeiro não está associado a
outros sintomas ou anormalidades no coração, enquanto o segundo pode
apresentar sintomas como falta de ar, fadiga, palpitações, inchaço nas
pernas ou tornozelos, além de outros sinais de insuficiência cardíaca.
Se
o seu médico detectar um sopro cardíaco durante um exame físico, ele
pode encaminhá-lo para a realização de exames adicionais para avaliar a
causa do sopro e determinar se é necessário tratamento.
Os
exames mais comumente utilizados nesses casos são o ecocardiograma, o
eletrocardiograma (ECG) e a radiografia de tórax. O ecocardiograma é o
melhor exame para avaliar a anatomia e função cardíacas, bem como para
verificar o funcionamento das válvulas e o fluxo sanguíneo no coração. O
ECG pode ajudar a identificar anormalidades no ritmo cardíaco ou outras
alterações na atividade elétrica do coração. Já a radiografia de tórax
pode ser usada para avaliar o tamanho do coração e a presença de outras
condições que possam afetar o coração ou os pulmões.
Em
casos mais complexos, outros exames também podem ser necessários, como a
ressonância magnética cardíaca, o cateterismo cardíaco ou outros testes
de imagem. O médico avaliará a necessidade desses exames com base na
suspeita clínica e nos resultados dos exames iniciais.
Por
fim, o sopro pode não ser preocupante, e não é, pelo menos na maioria
dos casos, mas somente um médico cardiologista apoiado pelos exames
adequados pode chegar a essa conclusão. Assim, estabelecer uma rotina de
consultas é o melhor caminho para manter em dia a saúde do coração.
* Tiago Bignoto é cardiologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.
Daniela Figueiredo
Unisa
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