BLOG ORLANDO TAMBOSI
A coluna de Merval Pereira para o jornal O Globo:
A
cassação do deputado Dalton Dallagnol não surpreendeu. Está claro que
ele e Sergio Moro são os alvos preferenciais do esquema político que
venceu. Depois do combate à corrupção, estamos vendo todos sendo
absolvidos, ou tendo seus processos anulados e arquivados. Ninguém foi
julgado, e quem foi teve a pena anulada.
Há
uma clara perseguição aos dois, que representam a operação Lava-Jato,
que está sendo ou já foi desmontada. A sentença do ministro Gonçalves
diz que Dallagnol pediu demissão do MP para evitar uma punição. O caso é
que não havia nada contra ele quando saiu, mas o juiz argumentou que
existiam 15 processos que poderiam causar alguma condenação. Mas
condenar alguém sobre algo que poderá acontecer é uma coisa de doido. O
fato concreto é que não tinha nenhuma punição a Dallagnol quando ele
saiu do MP.
É
um absurdo o que aconteceu, não tem como imaginar outra coisa. Em um
julgamento que levou um minuto, fica muito claro que a decisão estava
tomada antes. Faz parte de um processo. O MP do Paraná e o ex- juiz Moro
são símbolos de um período em que a corrupção foi combatida.
Pode-se
dizer que houve excessos, mas os fatos não foram alterados; existiram, o
dinheiro foi roubado, muito foi devolvido. Hoje, todos dizem que foram
obrigados a delatar. Até Emilio Odebrecht escreveu um livro onde afirma
que não houve roubo na Odebrecht.
Renan
Calheiros e Eduardo Cunha estão comemorando nas redes a condenação do
Dallagnol. Isso é exemplar, dá para entender por que estão comemorando e
por que houve a condenação. É a tal frase famosa do Romero Jucá: acabar
com isso e fazer um grande acordo com o STF e tudo. Foi feito.
O
mesmo aconteceu na Itália. O sistema se reorganiza e consegue dar a
volta. Agora todos os partidos e políticos estão sendo anistiados. Essa
sequência de fatos não é à toa, nem coincidência. É o resultado de uma
reviravolta da política brasileira, uma volta aos seus primórdios, onde
vale tudo.
Postado há 1 week ago por Orlando Tambosi
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