MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 27 de maio de 2023

Marina Silva provoca Lula, dizendo que jamais praticou “ética de conveniência”



Marina Silva em comissão na Câmara dos Deputados

Marina, a neopatricinha, assume o monopólio da ética

Camila Turtelli
O Globo

Diante do que considera “esvaziamento” do seu ministério, Marina Silva disse que a nova estrutura proposta pelo Congresso vai “fechar portas” para o governo Lula. A ministra fez também críticas sobre a retirada da responsabilidade da demarcação de terras indígenas do Ministério dos Povos Indígenas para o da Justiça.

O relatório com as mudanças foi aprovado na Comissão Mista na madrugada desta quinta-feira. Convidada a falar na comissão do Meio Ambiente da Câmara, Marina também fez acenos ao presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Rodrigo Agostinho, atualmente alvo de críticas do Congresso e de autoridades do Norte do país, após o instituto vetar a exploração de petróleo no Foz do Amazonas.

IMAGEM NO EXTERIOR – Para a ministra, a credibilidade do presidente Lula (PT) não será o suficiente para garantir a boa imagem ambiental do país no exterior: —Vão questionar, “mas a sua lei não permite, as estruturas foram mudadas. A estrutura do seu governo não é essa que você ganhou as eleições, é a estrutura do governo que perdeu” e isso vai fechar todas as nossas portas — disse Marina.

Relator da medida provisória sobre a reestrutura dos ministérios, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) fez uma série de mudanças na estrutura das pastas, mudando órgãos e funções. O Ministério do Meio Ambiente foi um dos que foi esvaziado. O Cadastro Ambiental Rural (CAR), por exemplo, foi transferido para o Ministério da Gestão, enquanto a Agência Nacional das Águas (ANA) passa a ser vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.

— É um erro estratégico tirar do Meio Ambiente, do Serviço Florestal, e levar o Cadastro Ambiental Rural para o Ministério da Agricultura, em prejuízo a tudo o que estamos conseguindo nesses quatro meses de governo — disse Marina.

MARINA NA CONTRAMÃO – Em entrevista à GloboNews, o deputado Isnaldo Bulhões rebateu a ministra e disse que ela está na contramão de outros integrantes do governo.

— A ministra Marina está se posicionando fora do contexto. Indo de encontro ao posicionamento do governo. Quando ela diz que a política ambiental está sendo esvaziada, isso não é verdade. As funções estão sendo preservadas — rebateu o relator da MP.

Marina foi à comissão acompanhada do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. O órgão é atualmente alvo de forte críticas vindas, principalmente, do Congresso, após o instituto vetar a exploração de petróleo do Foz do Amazonas.

PERDA DA CÂMARA — “Só vim entender por que Agostinho não se reelegeu depois. Foi uma perda muito grande para essa Casa (Câmara) ele não ter ser reeleito. Mas compreendi que ele seria fundamental como presidente do Ibama, no governo Lula, nesse momento tão desafiador para história do país” — disse Marina, logo no início da sua fala, ao se referir ao presidente do Ibama.

Agostinho foi candidato a deputado federal em 2022, mas não se reelegeu. Ele foi nomeado presidente do Ibama por Marina em janeiro deste ano. A negativa do instituto provocou uma forte reação que levou ao pedido de desfiliação do senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, do partido de Marina, a Rede.

Enquanto isso, a Petrobras divulga comunicado ao mercado em que informa que vai protocolar, ainda nesta semana, pedido ao Ibama para reconsiderar a negativa de licença ambiental para perfurar um poço na Bacia da Foz do Amazonas, em águas profundas do Amapá.

ÉTICA DE CONVENIÊNCIA – Ao falar na comissão da Câmara, a ministra afirmou que é preciso ter coerência ao defender questões relacionadas ao meio ambiente.

— A gente tem que ser coerente. É muito fácil defender meio ambiente no ambiente dos outros. Difícil é defender meio ambiente no ambiente da gente. E foi isso que eu sempre fiz. Aprendendo com Chico Mendes, que era um cearense seringueiro, aprendendo com a academia, com meu tio mateiro, com minha avó parteira, com meio tio seringueiro. Aprendendo que a gente tem que ter a ética, não a de conveniência, mas a ética dos valores. Não é ética de circunstância: “aqui eu defendo a sustentabilidade, lá no meu estado eu não vou defender” — alegou a ministra, concluindo:

— Essa mancha eu não tenho no meu currículo de ter tido ética de conveniência.

 

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