É opinião, mas é da boa.
Coluna de Carlos Brickmann, a ser publicada nesta quarta-feira, 11 de maio:
Não
sabemos os nomes, os cargos, as condições da conversa; mas temos um bom
ponto de partida, uma repórter normalmente bem relacionada e bem
informada. Eliane Cantanhêde, de O Estado de S. Paulo e da Globonews, dá
uma boa notícia: depois de conversar com boas fontes militares, não
acredita que as Forças Armadas se lancem numa aventura golpista. Eliane
não tem a menor simpatia por Bolsonaro, mas tem reputação (justa) de ser
fiel à notícia. Eis o que diz: “A escalada de Bolsonaro, filhos,
séquito e robôs é clara, mas se a gente olha os comandantes de Exército,
Marinha e Aeronáutica e se fixa no Alto Comando do Exército, é difícil
encontrar ao menos um disposto a jogar seu nome na lama da História
contra a democracia. Em vez de golpe com militares, o que não se pode
descartar é que Bolsonaro esteja criando um clima de tumulto e
instabilidade com sua turba civil, que armou com revólveres e fuzis e
pode entrar em ação em caso de derrota”.
Este
colunista já trabalhou com Eliane Cantanhêde e sabe que ela, por melhor
que seja, nem sempre acerta. Mas sabe também que vale a pena ouvi-la, e
que costuma acertar com grande frequência. E se Bolsonaro perder as
eleições (ver nota abaixo) e os fanáticos entrarem em ação? Ela
conversou com um oficial sobre a mais provável reação dos militares,
nesse caso: “Cerca os caras, julga, condena e prende todo mundo.
Acabou-se a história”.
João Goulart, em 1964, confiava em seu dispositivo militar. Errou feio.
Pesquisa de agora
Pesquisa
é como corrida de Fórmula 1: os carros têm sua posição no grid de
largada. Iniciada a corrida, só no fim se sabe o resultado. A pesquisa
que indica hoje a posição dos candidatos na largada foi encomendada pela
C NT, Confederação Nacional da Indústria, à MDA.
Seus
resultados: Lula ganha com quase nove pontos percentuais de vantagem
sobre Bolsonaro na pesquisa estimulada, quando a lista dos candidatos é
apresentada ao público. São 40,6 a 32%. Sérgio Moro e Rodrigo Pacheco
não estiveram na lista. Com ambos, na última pesquisa, Lula vencia por
42,2 a 28%. Seguem-se Ciro Gomes, com 7,1%, e João Doria, com 3,1%. Deve
haver segundo turno.
A luta final
No
segundo turno, diz a pesquisa, Lula venceria todos os adversários. Já
Bolsonaro só perderia para Lula e Ciro e venceria Doria e Simone Tebet. O
principal resultado: Lula 50,8%, Bolsonaro 36,8%.
Por baixo dos números
O
que puxa Bolsonaro para baixo é a opinião sobre seu desempenho no
governo. Desaprovam o trabalho de Bolsonaro 58,8%, contra 37,9% que o
aprovam. São 44% que acham sua Presidência ruim ou péssima, enquanto 30%
a consideram ótima ou boa. O item “emprego e renda” tem a pior das
avaliações: 68,1%. Em seguida, entre os mais mal avaliados, vêm “saúde”,
com 59,6%, “meio-ambiente” com 59,5%, “segurança pública” (56,9%), e
“educação”, 55,5%. As avaliações são negativas em todos os setores: dos
“benefícios aos mais pobres” (53%) ao “combate à corrupção” (50,6%). No
“combate à pandemia”, 48,5% acham que o governo foi mal e 22% acham que
foi bem.
É só resolver esses problemas que a avaliação melhora.
Olha o bolso!
Publicado
segunda-feira no Diário Oficial da União: em despacho datado de 5 de
maio, o gabinete do ministro da Cidadania autoriza o servidor Marcelo
Reis Magalhães, secretário especial do Esporte do Ministério, a se
afastar do Brasil para participar da 19ª Edição do ISF Gymnasiade
Escolar, a se realizar na Normandia, França, no período de 17 a 22 de
maio. E também acompanhar o torneio de tênis de Roland Garros, em Paris,
de 25 a 28 de maio. O servidor se afasta de 17 a 30 de maio, “com ônus”
para o Ministério.
País rico tem dessas coisas. Quase duas semanas em Paris. A gente paga.
Na hora certa
Há
pessoas, pode acreditar, que não acreditam em coincidências. Pois cá
está um caso interessantíssimo de coincidência, que vale a pena narrar.
No próximo dia 17, o Conselho Nacional de Justiça, CNJ, deve iniciar
inspeção no Judiciário baiano, para ter certeza de que está tudo
correto.
Pois
há servidores do Judiciário que querem paralisar o TJ, Tribunal de
Justiça, no mesmo dia 17! Coincidência, claro. E, após a paralisação,
haveria manifestação. Há um áudio atribuído ao ex-presidente do
Sindicato dos Serventuários, Edno Lima, pedindo para que técnicos e
analistas desliguem os computadores e iniciem um apitaço no dia 17.
Uma
das sugestões do tal áudio é que os sindicatos que congregam os
servidores do Judiciário comprem de seis a sete mil apitos para que a
manifestação seja o mais ruidosa possível, de maneira a que ninguém
deixe de notá-la. Por que a paralisação? Porque os funcionários estão há
sete anos sem reajuste de salários, e também porque o TJ não deu
qualquer indicação de que pagará passivos trabalhistas.
Já faz tempo que isso acontece e agora há a paralisação. Coincidências!
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