Escolhida pela executiva do partido para liderar projeto de terceira via afirma que durante a campanha vai falar ‘menos de Lula e Bolsonaro’ e ‘mais do Brasil real’. Reportagem do Estadão:
Na
primeira manifestação pública após seu partido, o MDB, e o Cidadania
anunciarem seu nome para disputar a Presidência da República, a senadora
Simone Tebet prometeu atuar pela “pacificação do País”, afirmando que a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o petista Luiz Inácio Lula da Silva
está fazendo mal ao Brasil. Simone Tebet aproveitou para antecipar
propostas de governo e disse que, se eleita, vai recriar o Ministério da
Segurança Pública e terá um primeiro escalão composto paritariamente
por homens e mulheres. Ela também se declarou liberal na economia, mas
contra a privatização da Petrobras.
“A
nossa missão é pacificar o Brasil com os brasileiros, dialogar com os
brasileiros para resolver os problemas dos brasileiros”, afirmou durante
entrevista em Brasília.
A
senadora disse ainda que vai procurar todos os partidos do centro
democrático e afirmou que o Brasil só perde com a polarização. “Vamos
falar mais do Brasil e menos de Lula e Bolsonaro”, declarou. Ao lado
dela, os presidentes do MDB, Baleia Rossi, e do Cidadania, Roberto
Freire, acompanharam o pronunciamento.
A emedebista criticou Bolsonaro por comemorar as mortes durante operação policial na Vila Cruzeiro,
no Rio. “É preciso que entendamos e utilizemos essa palavra, o que
houve foi um massacre. Ninguém, nenhum dirigente, seja quem for, o
presidente da República ou um cidadão mais comum, tem o direito de
festejar a morte de quem quer que seja”, afirmou. “Está no nosso
programa de governo a criação do Ministério Nacional de Segurança
Pública, quem coordena a gestão de segurança pública do Brasil tem que
ser o governo federal.”
:quality(80)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/estadao/IAI5TJ36PVAMLOTXPGVD45GW3M.jpg)
A
pré-candidata também deu outro recado a Bolsonaro e reclamou do
discurso de violência do atual presidente. “Política não é lugar de
grosseria, não é lugar de palavras chulas, é lugar de moderação,
diálogo, equilíbrio e exemplo”, disse.
Simone
Tebet prometeu, se eleita, ter o comando de ministérios “paritário
entre homens e mulheres”. “Bastam que eles e elas tenham dois
pré-requisitos: competência e vontade de servir ao Brasil”, afirmou.
Privatizações
A
parlamentar disse que é liberal na economia, mas é contra a
privatização da Petrobras. “Sou contra a privatização da Petrobras, já
disse isso várias vezes, mas sou liberal na economia e sou a favor de
privatizações. Comigo não é 8 ou 80, é o caminho do meio, que vai me
permitir dialogar com ambas as frentes.”
De
acordo com ela, o Estado deve gerir aquilo que é de “soberania nacional
e segurança nacional”, mas o resto pode ser tocado pela iniciativa
privada.
“Não
é Estado mínimo ou Estado máximo, é o Estado necessário para servir as
pessoas. É tratar bem os investidores, é entender que o mercado e a
iniciativa privada são parceiros no desenvolvimento do Brasil e tudo
aquilo que não é essencial tem que ser colocado para a iniciativa
privada”, disse.
Elogios ao PSDB
O
PSDB, que também conversa com MDB e Cidadania para apresentar uma
candidatura única, não esteve presente no evento com a pré-candidata. Em
meio a divisões internas, os tucanos adiaram de ontem para o dia 2 de
junho reunião para definir o apoio à senadora.
O
presidente do PSDB, Bruno Araújo, deseja apoiar Simone, mas uma ala da
Executiva, liderada pelo deputado Aécio Neves (MG), quer que os tucanos
apresentem o nome do ex-governador Eduardo Leite (RS) ou do senador
Tasso Jereissati (CE) como pré-candidato.
A
senadora não economizou nos elogios ao PSDB e demonstrou confiança em
ter o apoio dos tucanos na semana que vem. A emedebista fez um aceno ao
senador Tasso, de quem ela é próxima no Senado.
“Tenho
em um dos grandes líderes do PSDB hoje e faço agora uma homenagem em
nome do meu amigo pessoal, meu querido e particular amigo, alguém com
quem eu me aconselho, senador Tasso Jereissati, e de um grande amigo que
também conquistei ao longo do tempo, que é o presidente Bruno Araújo”,
disse.
“Faço
uma homenagem à história do PSDB, pela estabilidade da moeda, que lutou
conosco pela democracia e que está conosco dentro desse processo do
centro-democrático”, completou.
São
cotados para vice de Simone, além de Tasso e Leite, a senadora Eliziane
Gama (Cidadania-MA). A parlamentar, no entanto, evitou falar sobre o
assunto e disse que o candidato a vice ainda vai ser definido pelo
diálogo entre os partidos.
Confirmação
Nesta terça-feira, 24, a Executiva Nacional do MDB e diretórios estaduais confirmaram a pré-candidatura presidencial da senadora.
O encontro não contou com a presença dos diretórios do Ceará, de
Alagoas e da Paraíba, que são publicamente contra a legenda ter uma
candidatura própria e defendem o apoio da sigla à pré-candidatura de
Lula.
O Cidadania também reuniu sua Executiva nesta terça e decidiu pelo apoio
à pré-candidatura. “Com Simone Tebet, MDB, PSDB e Cidadania dão um
passo concreto na direção da manutenção da democracia com um programa
comum: projetar o Brasil do Século 21”, disse o presidente do partido, Roberto Freire, por meio de nota.
Apesar da decisão, o Cidadania está atrelado ao que o PSDB
vai deliberar. Os dois partidos vão formar uma federação e precisam ter
decisões conjuntas nas eleições nacionais, estaduais e municipais por
no mínimo quatro anos.
Confira o caminho de Simone até a pré-candidatura
O nome de Simone foi anunciado pelo MDB em abril de 2022 quando a sigla, ao lado do PSDB, Cidadania e União Brasil, selou um acordo para lançar um candidato único à Presidência da República, capaz de romper a polarização da disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com
a baixa do União Brasil do grupo da chamada terceira via, os nomes de
Simone Tebet e João Doria (PSDB) passaram a ser os únicos na disputa.
Após a realização de pesquisas encomendadas pelas próprias legendas, os
presidentes de PSDB, MDB e Cidadania decidiram indicar a senadora como candidata única da terceira via à Presidência.
O
levantamento mostrou que a rejeição a Doria é muito alta e Simone Tebet
teria maior potencial de crescimento, mas precisa ainda se tornar mais
conhecida. A decisão dos dirigentes não era a palavra final, pois teria
ainda que ser ratificada pelas diretorias executivas de cada partido até
o dia 24 de maio.
No meio desse caminho, no entanto, Doria cedeu à pressão de caciques do PSDB e desistiu da corrida presidencial
no dia 23 de maio. “Com o coração ferido e a alma leve”, ele admitiu
que a decisão não é “a escolha da cúpula do PSDB”. No dia da
desistência, a parlamentar afirmou que o tucano “sempre foi aliado” e disse ter “pressa” para unir o País. “Só tenho a agradecer pela grandeza e a generosidade de Doria.”
BLOG ORLANDO TAMBOSI

Nenhum comentário:
Postar um comentário