A
São Paulo Escola de Dança, vinculada à Secretaria da Cultura, Economia e
Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, sob a gestão da
Associação Pró-Dança e direção artística e educacional de Inês Bogéa,
estreia “Rostos de Janus”, nos dias 30 e 31 de maio, às 19h, na Estação
CCR das Artes, equipamento que faz parte do Complexo Cultural Júlio
Prestes. O espetáculo, com coreografia de Vinícius Anselmo, é
protagonizado pelos estudantes do Projeto Especial da SPED. A noite se
completa com “E Assim Foi…”, de Anselmo Zolla, e a entrada é gratuita.
Os ingressos serão distribuídos neste link a partir de 23 de maio, ao meio-dia.
A
obra mergulha na complexidade da identidade e do pertencimento,
inspirando-se na figura mitológica de Janus e em teorias filosóficas e
psicológicas sobre a dualidade entre o eu interior e o exterior. A
coreografia alia mitologia e psicologia para investigar como a
multiplicidade de papéis e personas molda a experiência humana. Janus é
uma figura central na mitologia, representando o deus das mudanças,
transições, começos e fins, e é frequentemente descrito com duas faces,
uma que olha para o futuro e outra para o passado, simbolizando o
dualismo inerente à existência. Já na psicanálise, pode ser interpretado
como um arquétipo que representa a dualidade da mente humana, a
capacidade de olhar tanto para o passado, quanto para o futuro, e de
lidar com a tensão entre eles. Utilizando a técnica da dança
contemporânea em diálogo com elementos clássicos e modernos, a obra
incorpora conceitos de pensadores como Jacques Lacan (1901-1981) e Carl
Jung (1875-1961) para traduzir ideias profundas por meio do movimento.
“Rostos
de Janus” convida o público a refletir sobre a multiplicidade interna
de cada indivíduo e as formas como diferentes facetas do eu se
manifestam e se conectam no convívio coletivo. Vinícius Anselmo pontua
que coreografar “Rostos de Janus” foi uma experiência intensa e
prazerosa. “Fiquei impressionado com o envolvimento e a paixão dos
jovens estudantes da SPED, que mergulharam na criação. Foi um processo
coletivo, em que cada um contribuiu com sua potência e história. A obra
fala sobre dualidades — sentimentos opostos, tempos que se cruzam, o
passado e o futuro convivendo num mesmo corpo. É sobre reconhecer que
somos feitos de contrastes, e que isso nos fortalece como grupo e como
indivíduos. Abraçamos o processo com entrega coletiva e construímos a
obra com dedicação e presença”, afirma Vinicius.
A
trilha sonora foi especialmente composta pelo instrumentista André
Mehmari. “O tema central da música é a busca por um equilíbrio entre o
piano acústico e a eletrônica. Toda a base da composição é sustentada
pelo piano — único instrumento utilizado, tocado por mim —, mas esse som
é transformado por meio de pedais, processamentos e intervenções no
computador. O desafio foi justamente o de encontrar um ponto de
equilíbrio entre essas duas forças, que muitas vezes parecem
contrastantes. Também busquei criar momentos de forte contraste: trechos
mais contemplativos e outros mais rítmicos, oferecendo ao coreógrafo
uma paleta rica de possibilidades para a criação do movimento,” explica
Mehmari.
No
início do espetáculo, todos os bailarinos usam paletós pretos,
indicando uma massificação dos indivíduos, e máscaras na nuca, para
simbolizar a dualidade dos opostos. Durante a coreografia, eles vão
tirando os paletós, como que se libertando de uma massificação em busca
de uma individualidade. O conceito do figurino foi pensado pelo
conceituado Fábio Namatame a partir da individualidade de cada
bailarino. “Tentamos trazer uma personalidade e ao mesmo tempo uma
neutralidade, para desenvolver estes personagens em busca de
transformação e pertencimentos. As linhas são simples, com cores claras
em tons de craft. Usamos materiais diversos para trazer o universo mais
cotidiano e plural para esta coreografia”, indica o figurinista.
O
projeto de iluminação de Marcel Rodrigues enfatiza a dualidade do tempo
— passado e futuro coexistindo num mesmo corpo, em dois rostos, duas
visões, ou seja, a luz como um portal de transição, revelando camadas de
tempo, identidade e movimento. “Usamos contrastes entre cores quentes e
frias, luz e sombra, diferentes texturas, criando uma atmosfera em que
as diferenças coexistem no mesmo espaço. É uma luz que potencializa o
ambiente e amplia a dramaturgia, ajudando a contar a história e a
fortalecer a mensagem do movimento”, observa o iluminador.
A
obra ainda poderá ser vista em diferentes locais, como o Masp, durante a
Semana Paulista de Dança, na Fábrica de Cultura de Brasilândia, na
Capital, e também no interior do Estado, em cidades como Bauru e
Diadema.
E ASSIM FOI…. | A
noite se completa com “E Assim Foi…", de Anselmo Zolla, também criada
especialmente para o Projeto Especial da SPED. Com dramaturgia assinada
por Andrea Cavinato, a coreografia é uma fábula contemporânea que
apresenta dois grupos de seres humanos que habitam a grande floresta e, a
partir do encontro de jovens, um de cada grupo, rompem-se tabus,
interditos e tradições de seus respectivos círculos sociais, aproximando
as duas comunidades. As descobertas de suas diferenças e semelhanças
ocorrem em etapas, na alternância dos ciclos de suas rotinas, festas e
rituais. A aproximação dos grupos os faz esquecer dos medos impostos e,
ao se tocarem, acontece a grande transformação.
A
trilha sonora de Joaquim Tomé com locução de Tuna Duwek serve como fio
condutor da coreografia em formato de prosa poética musicada, oferecendo
uma perspectiva que tem o intuito de pontuar os personagens no
desenvolvimento da história, criando o reconhecimento sobre os dois
grupos que se encontram e se descobrem. A obra traduz em movimento a
essência de diferentes vivências e tradições que coexistem e se
transformam no encontro com o outro.
“Apresentar
esses dois trabalhos na Estação CCR das Artes é uma oportunidade
valiosa de ampliar os horizontes formativos dos nossos estudantes e, ao
mesmo tempo, de aproximar o público da potência criativa destes
movimentos. ‘Rostos de Janus’ e ‘E Assim Foi…’ são obras que refletem,
cada uma à sua maneira, questões fundamentais sobre identidade,
convivência e transformação — temas que dialogam diretamente com o
espírito do nosso tempo", fala Inês Bogéa, diretora artística e
educacional da São Paulo Escola de Dança.
ENSAIOS ABERTOS |
Antes da estreia, “Rostos de Janus” será apresentado em dois ensaios
abertos, seguidos por rodas de conversa com o coreógrafo Vinícius
Anselmo e a diretora artística e educacional da SPED, Inês Bogéa. Os
eventos acontecem no sábado, 24, das 9h30 às 10h30 e das 11h às 12h,
ambos na sede da São Paulo Escola de Dança. “Sentido de Pertencimento” é
o tema que permeia os encontros. A participação é gratuita mediante
inscrição neste formulário.
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“Rostos
de Janus” é um projeto contemplado via edital Fomento CultSP PROAC
Nº23/2024 — Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da
Cultura, Economia e Indústria Criativas.
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PROJETO ESPECIAL | Dentre
as ações desenvolvidas pela São Paulo Escola de Dança, destaca-se o
Projeto Especial, formado por estudantes dos Cursos Regulares,
selecionados por meio de edital próprio, que vivenciam a formação do
grupo a cada semestre como bolsistas. Essa iniciativa objetiva a
inserção dos estudantes no mundo do trabalho por meio de coreografias
próprias do repertório da escola para a participação em eventos
extraordinários às atividades curriculares. A rotina do grupo consiste
em uma série de ensaios e encontros contínuos, acompanhados por um
docente — ou profissional da dança convidado, em processos de montagens
específicas para apresentações.
Além
de “Rostos de Janus” e “E Assim Foi…", o grupo já protagonizou o
espetáculo “Cartas de Amor", composto por cinco coreografias, de cinco
diferentes artistas — Claudia Palma, Vinícius Anselmo, Kátia Barros,
Sérgio Rocha e Leilane Telles —, uma obra que aborda o reconhecimento de
si diante da partida de uma pessoa amada. O programa é composto por:
“Mergulho”, de Sérgio Rocha; “Lamento de Orfeu”, de Kátia Barros; “O
Último Beijo”, de Vinícius Anselmo; “Aqua”, de Cláudia Palma; e “O Samba
de Orfeu”, de Leilane Teles.
Entre
os espaços de apresentações, destacam-se aberturas de espetáculos da
São Paulo Cia. de Dança em Fábricas de Cultura e apresentações no MASP.
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Serviço:
Ensaios Abertos:
Dia 24 de maio. Sessão 1: das 9h30 às 10h30, ou Sessão 2: das 11h às
12h, na São Paulo Escola de Dança, Complexo Júlio Prestes - Rua Mauá,
51, 3º andar, Luz. Inscrições pelo formulário.
Estreia: Dias 30
e 31 de maio, às 19h, na Estação CCR das Artes, Complexo Júlio Prestes -
Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos. Ingressos pelo site da Sala São Paulo.
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SÃO PAULO ESCOLA DE DANÇA
Criada
por meio do Decreto Estadual nº 66.412/2021, a São Paulo Escola de
Dança é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do
Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança e
dirigida por Inês Bogéa, doutora em artes, bailarina, documentarista,
escritora e professora. A SPED é uma instituição comprometida em dar voz
e espaço consistente para a reflexão, o aprendizado e a troca de
saberes a partir da especificidade da dança interligada com todas as
linguagens artísticas com foco na valorização da pluralidade. Seu
objetivo é o de proporcionar a construção do conhecimento no campo da
dança, entendendo a diversidade de corpos e estéticas como premissas da
formação e profissionalização dos estudantes a fim de ampliar a
possibilidade de sua inserção no mercado de trabalho. A estrutura
pedagógica tem 4 eixos de atuação: Cursos Regulares, que têm como
objetivo oferecer formação em caráter técnico; Cursos Livres, que
promovem o acesso à linguagem da dança para a população em geral; Cursos
de Extensão Cultural, que contribuem para a criação, produção e
discussão da dança; Oportunidades e Projetos Especiais, que possibilitam
ações afirmativas e de permanência a estudantes de baixa renda e/ou em
vulnerabilidade social.
DIREÇÃO ARTÍSTICA E EDUCACIONAL | INÊS BOGÉA
Inês
Bogéa é uma líder multifacetada na dança e na educação, com vasta
experiência na gestão, criação e implementação de projetos culturais,
sociais e educacionais de grande impacto. Desde 2008, atua como diretora
artística da São Paulo Companhia de Dança, criada pelo Governo do
Estado de São Paulo, onde já dirigiu mais de 1.300 espetáculos em 20
países e recebeu 8 prêmios, certificações e indicações nacionais e
internacionais. É diretora artística e educacional da São Paulo Escola
de Dança, criada pelo Governo do Estado de São Paulo, que se destaca
pela inclusão social e formação de mais de 1.300 estudantes, sendo 50%
oriundos de vulnerabilidade social. Colaboradora regular em veículos
como a Revista Concerto, é cocriadora da coluna 'Dança em Diálogo'. Na
área acadêmica, leciona na USP e na FURB. Foi responsável por
iniciativas inovadoras, como o curso Dança para Educadores do Sesc-SP e a
Mostra Internacional de Dança de SP, em parceria com o Itaú Cultural.
Reconhecida com a Medalha Tarsila do Amaral, foi também nomeada pela
Critic's Choice of Dance Europe e condecorada com o título de Chavalière
de L'Ordre des Arts et des Lettres pelo Ministério da Cultura Francês.
ESTAÇÃO CCR DAS ARTES
A
Estação CCR das Artes — equipamento que faz parte do Complexo Cultural
Júlio Prestes — é gerida pela Fundação Osesp, organização social de
cultura que mantém contrato de gestão com o Governo do Estado de São
Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas
do Estado de São Paulo. O novo espaço cultural, inaugurado em 25 de
janeiro de 2025, foi pensado para receber diferentes expressões
artísticas, entre músicas clássica e popular, dança, teatro, literatura e
cinema, além de atividades educacionais e socioculturais. A Estação CCR
das Artes tem o objetivo de reforçar o compromisso da Fundação Osesp em
atuar como um reflexo da sociedade plural e dinâmica em que vivemos, e
fortalecer toda a cadeia de pessoas que experienciam ou vivenciam o que
oferecemos. A transformação deste patrimônio histórico em sala de
espetáculos foi feita graças à parceria da Fundação Osesp com o Governo
do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e
Indústria Criativas, e com o Ministério da Cultura, por meio da Lei
Federal de Incentivo à Cultura. A manutenção pelos próximos três anos
acontece graças ao patrocínio institucional do Grupo CCR, também pela
Lei Federal de Incentivo à Cultura.
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Para entrevistas ou mais informações:
São Paulo Escola de Dança
Assessoria de Imprensa
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