O 5º Rede
Capoeira será em Salvador e vai promover o encontro entre várias
gerações junto ao poder público, pesquisadores e ativistas
Os 14 mestres octogenários mais antigos em exercício da função, estarão em em Salvador entre os dias 24 e 27 de janeiro, para a quinta edição do Rede Capoeira, que tem como objetivo fortalecer
os saberes tradicionais, promover o direito à cultura e debater acerca
das necessidades dos capoeiristas no Brasil e no mundo. É o maior evento
do país sobre o tema e, uma das ações que será discutida, será a Lei
dos Mestres, que reivindica políticas públicas de salvaguarda e
sustentabilidade para os guardiões do saber da capoeira brasileira.
Além
dos mestres, que são a história viva da capoeira, o evento reúne
representantes do poder público, pesquisadores, ativistas e toda a
população. Entre as presenças confirmadas estão: a ministra da Cultura,
Margareth Menezes, o neurocientista Sidarta Ribeiro, o professor de
História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Antonio
Liberac, Mônica Beltrão, pedagoga e pesquisadora, o escritor Jorge
Columá e representantes do IPHAN /IPAC.
Mestre
Sabiá, idealizador e coordenador do Rede Capoeira, que há 40 anos atua
em projetos sociais, destaca que “É necessário um novo olhar para a
capoeira, suas representatividades e necessidades”. Diante disso, Sabiá
explica um pouco sobre a reivindicação dos capoeiristas ao poder
público:
“A
ideia é que o Estado garanta um auxílio financeiro a pessoas que
reconhecidamente representem a cultura brasileira tradicional, de acordo
com critérios do Conselho Nacional de Política Cultural. Já em prática
no Ceará e em Pernambuco, essa legislação, que chamamos de Lei dos
Mestres, é uma necessidade para a salvaguarda dos guardiões e das
tradições da capoeira. Orienta políticas e programas estatais de
proteção e estímulo aos conhecimentos e manifestações culturais de
transmissão oral no Brasil”.
A
capoeira abrange as três dimensões da cultura: simbólica, econômica e
cidadã, mantendo viva suas tradições por meio de seus mestres, que
estarão, junto às outras autoridades, debatendo as necessidades e
projetos para o digno reconhecimento do setor. Segundo
Sabiá, mesmo sendo a história viva, os mestre octogenários ainda
enfrentam desafios no Brasil: “O mestre João Grande, por exemplo, mora
há mais de 30 anos em Nova York, já foi homenageado pelo governo Norte
Americano e tem diploma de Doutor na Universidade de Boston. No Brasil,
ainda temos dificuldade para reconhecer os nossos mestres. A capoeira é
um patrimônio imaterial, então ela tem que ser fomentada, trabalhada e
valorizada. É preciso acabar com esse olhar desatento com as culturas
afrodescendentes”.
Serão
quatro dias de programação com fóruns, palestras, atividades culturais,
oficinas e a realização da etapa final dos jogos internacionais de
capoeira - o Estação Paranauê -, o evento destinará também uma premiação
para os 14 mestres com mais de 80 anos, que continuam exercendo a
profissão. Eles serão homenageados em cerimônia de reconhecimento pelos
serviços prestados à cultura brasileira. Serão homenageados: Mestre João
Grande, Mestre Acordeon, Mestre Boca Rica, Mestre Brandão, Mestre
Felipe de Santo Amaro, Mestre Olavo, Mestre Pelé da Bomba, Mestre
Brasília, Mestre Virgílio, Mestre Cafuné, Mestre Carcará, Mestre Curió, o
carioca Mestre Celso e Mestre Sombra.
“Criamos
uma edição especial para homenagear em vida esses mestres, que são
embaixadores da nossa cultura, pelo legado deixado e caminhos abertos
para a valorização e internacionalização da capoeira no mundo. Vamos
honrá-los como heróis populares e o mais importante: ouvi-los. Eles são
donos de saberes e vivências únicos e, apesar disso, ocupam uma posição
frágil e desfavorecida na memória e cultura do país”.
A programação completa pode ser conferida no site: redecapoeira.com
Foto: Bruna Laja
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